quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Oposição fica com Dra. Lina e Lula com os aposentados

Vovô na fila se prepara para votar no candidato que o Lula escolher (a Dilma)

Saiu na capa do Agora (único jornal que vale a pena ler em São Paulo porque trata de assuntos relevantes)
- “Mudança na aposentadoria.
- Teto do INSS em 2010 será de R$ 3418.
- Novo cálculo vai aumentar o beneficio.
- Em 2010 (ano que Zé Pedágio seria derrotado, se candidato fosse, clique aqui para ler “Por causa de Alckmin, Serra não será candidato” – PHA ), o aumento deverá ser de 6,2%.
- Agora, o aumento acima do mínimo (que atinge 10 milhões de famílias de aposentados – PHA) será determinado pela soma da inflação do ano anterior com metade do crescimento do PIB registrado dois anos antes.
- Trabalhador deve adiar a aposentadoria … (porque) a principal alteração é a adoção do fator 85/95, que garantirá aposentadoria integral ao segurado cuja soma de idade com tempo de contribuição atingir 85 (mulheres) e 95 (homens).
- Na prática, o índice dará aumento de 29% a esses trabalhadores.

- Essa é uma reforma importante do sistema de seguridade social do Brasil.
- Os aposentados que ganham um salário mínimo (16 milhões de famílias) já tem o reajuste da inflação.
- Agora, também os que ganham acima do salário mínimo terão reajuste acima da inflação, ou seja, aumento real.
- Enquanto o PiG (*) ignora a matéria, vamos ver se a oposição derruba isso no Congresso.
- Vamos ver se o Arthur Virgílio Cardoso, que já tirou o leite das crianças (com o fim da CPMF) tira agora o mingau dos velhinhos.O Sérgio Guerra, o Tasso “tenho jatinho porque posso” Jereissati, o Heráclito Fortes, líder da Bancada Dantas no Senado, o Eduardo Azeredo, o do mensalão tucano, Agripino Maia, Espírito Santo de orelha da Dra Lina – essa turma feroz, que vai se candidatar à reeleição ano que vem, vamos ver se eles votam contra os aposentados.
- As crianças que tomaram menos remédio por causa do fim da CPMF não votam.
- Os velhinhos votam.

Via Coversa Afiada

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Hilário: UOL relança pesquisa que favorecia o PT

É hilariante. No mínimo.
Na primeira pesquisa, não científica, o UOL perguntava qual era o partido mais sério do Brasil.
Ganhou o PT. Está aqui.
No dia seguinte, o UOL relançou a pesquisa, invertendo a pergunta: qual é o partido menos sério do Brasil?
Está aqui.
Das duas, uma. Ou eles desmoralizam as enquetes, provando que os próprios leitores do UOL são idiotas -- um dia votam em uma coisa, no dia seguinte em outra. Ou vão continuar tentando, até esculachar o PT.
direto do Viomundo

Sobre meus amigos "Dudas"


Em Sant’Ana do Livramento, também conhecida por ser o Rincão do Atraso, tenho dois amigos de alcunha “Duda”.
- Um é Amaral e o outro Pinto.
- Os dois são jornalistas.
- O Duda Amaral se retirou dos jornais e virou blogueiro e radialista.
- O Duda Pinto escreve uma coluna de amenidades no Panfleto da Tamandaré e participa de um programa de rádio – Conversas para o fim do mundo-
- Embora tenha me recolhido a outras tarefas e praticamente ter deixado de falar no Rincão do Atraso, hoje perambulando pela internet me deparei com duas perolas escritas pelos meus amigos “Dudas”
Leiam este primeiro post de autoria do “Duda Pinto” e percebam por aonde vem o mandaletes.
VISIONÁRIO

O general Olympio Mourão Filho, que foi chefe da 4ª Região Militar, em Minas Gerais. Ele tinha uma visão profética. No final dos anos 70, o general escreveu um livro de memórias, publicado pela editora L&PM, com o título "A verdade de um revolucionário". Há uma passagem, na página 16, que diz: "Ponha-se na presidência qualquer medíocre, louco ou semi-analfabeto e vinte e quatro horas depois a horda de aduladores estará à sua volta, brandindo o elogio como arma, convencendo-o de que é um gênio político e um grande homem, e de que tudo o que faz está certo. Em pouco tempo transforma-se um ignorante em um sábio, um louco em um gênio equilibrado, um primário em um estadista. E um homem nessa posição, empunhando as rédeas de um poder praticamente sem limites, embriagado pela bajulação, transforma-se num monstro perigoso ".
- O letrado colunista, intelectualizado com a obra de “coturno” do general Mourão, traz a luz da reflexão para o debate da sociedade tartufa e fronteiriça a “visão profética” de um baluarte da ditadura militar, em seu auge dos anos 70

Depois desta, observem o que escreve o “Duda Amaral”

Violência no campo
Os campos de São Gabriel já acumularam algumas cenas para a história da estupidez humana e para a batalha entre policiais militares e integrantes do MST. Nesta sexta-feira, os gaúchos receberam mais uma triste notícia da rotina que virou os embates entre esse movimento criminoso e policiais da BM que parecem não terem o menor treinamento para agir nessas situações ou obedecem ordens de pessoas que buscam exatamente o conflito armado com os sem-terra.

O MST é um grupo organizado, político e com interesses sinuosos e distantes da reforma agrária, que é lembrada apenas nos discursos e nos gritos de seus integrantes. A Brigada Militar é uma instituição que traz orgulho aos gaúchos e faz parte da história deste estado, ela deveria ser a certeza de segurança para o nosso povo. Porém, o que aconteceu em São Gabriel? A BM agiu diferente de tudo aquilo que preza a sua história e seus objetivos. Trouxe a violência para um palco onde, por mais que se critique a forma de atuação e as intenções do MST, não havia motivo para uma batalha. O MST tem seus crimes, mas ontem foi a BM que manchou de sangue o chão deste Rio Grande.
- Para o Amaral o MST é um movimento criminoso.
- A BM faz parte da nossa historia.
- O MST tem seus crimes.
- O MST tem interesses sinuosos.
- A BM enche os gaúchos (?) de orgulho.
Em outras palavras, o que aconteceu “na visão do Amaral”, é uma peninha.
- Que coisa chata.
- Um “tirinho” de 12 nas costas de um criminoso, disparado por uma BM que traz orgulho aos gaúchos e faz parte de nossa historia.
- São alcunhas que convergem – diria algum gaiato.
- Coisas de “Dudas” – razão para estudo astrológico.
- Foram “absorvidos” pelo meio. A sociologia explica.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Um tiro, muitos gatilhos


O tiro que partiu da boca da espingarda 12 rumo ao corpo do sem terra Élton Brum da Silva foi disparado muito antes da manhã triste de inverno no coração da Campanha gaúcha. A bala começou a voar em tempos pretéritos, antes até do também triste governo de Yeda Crusius ser inaugurado com a governadora desfraldando invertida a bandeira do Rio Grande do Sul na sacada do Palácio Piratini. E o lema estampado no brasão “Liberdade, Igualdade, Humanidade”, que vai beber na fonte da Revolução Francesa e dos direitos fundamentais do homem, ficou de cabeça para baixo. Era um mau presságio.
O tiro com sua bala vem viajando, na verdade, desde décadas mas apressou-se nos últimos anos. Seu apetite tornou-se mais urgente. A nomeação de um militar com o perfil psicológico do coronel Paulo Roberto Mendes para o comando da Brigada Militar garantiu-lhe um impulso extra. Esta figura extemporânea aportou no governo - curiosamente de um partido que se diz social e democrata - um duplo ódio às manifestações da sociedade na democracia. Tudo bem, as palavras são, com freqüência, um biombo atrás do qual se perpetram os crimes mais hediondos contra o seu sentido original e a social-democracia em questão é somente uma alegoria no nosso carnaval político, a comissão de frente da direita no Brasil. Mas, convenhamos, seria uma demonstração de elegância protocolar que, ao menos, as aparências fossem mantidas. Nada disso. Sob a égide do PSDB, a bala passou a voar mais celeremente em busca do seu alimento.
O tiro aligeirou-se mas ainda zanzava a procura de seu alvo. Durante seu reinado, Mendes, o Bravo, destruiu acampamentos e seus soldados não menos bravamente despejaram terra nas panelas de comida que alimentariam homens, mulheres e crianças. Fez sangrar manifestantes, do campo e da cidade, até ser despachado para uma sinecura no Tribunal Militar do Estado, uma instituição fora de tempo e lugar, altamente merecedora do oficial de notável saber jurídico que passou a integrá-la.
O tiro que tanto espaço percorrera para saciar sua fome achou, enfim, seu repasto na dia 21 de agosto, ao se encontrar com Élton. Mendes partira mas outro coronel, Lauro Binsfield, ficou na linha de frente da repressão. Denunciado à Organização dos Estados Americanos (OEA) por violação dos direitos humanos, foi mantido, mesmo assim, à testa das operações de guerra da BM no campo.
O tiro, peculiarmente, não foi deflagrado por apenas uma arma. Ele cumpriu seu fado sinistro porque muitos dedos apertaram muitos gatilhos. É ilusório pensar que o disparo só pertence a quem apontou a espingarda para desferí-lo.
O tiro não surgiu necessariamente como tiro. Nasceu, por exemplo, do entendimento de que a questão social é um caso de polícia e assim tem que ser tratada. Nasceu de uma caneta correndo sua tinta sobre o decreto de uma nomeação.
O tiro também partiu dos microfones, dos teclados, dos teleprompters. Da voz do dono e dos aquários. Brotou de uma ação ou mesmo de uma omissão. Na mídia, são muitos os dedos e os gatilhos que foram apertados. Uma imprensa para a qual a democracia não fosse somente uma palavra-biombo questionaria, por exemplo, a entrega do bastão do aparelho repressor a alguém desprovido das mínimas condições para empunhá-lo. Em vez disso, o que se viu foi um constrangedor capachismo dedicado à criação de mitologias reacionárias para afagar os sentimentos mais mesquinhos da classe média. Mas há torpezas piores. O fuzilamento sumário do MST nas manchetes, matérias, fotos, editoriais, artigos construiu um rancor belicoso no imaginário social contra famílias que reivindicam um pedaço de terra. E ocultou que os países importantes do mundo realizaram sua reforma agrária ainda no século 19 ou nos meados do século passado, medida que as elites brasileiras, até recorrendo ao golpe como aconteceu em 1964, impediram desde sempre.
O tiro viajou como outros viajaram no passado. Um dos filmes mais odiosos jamais feitos, O Eterno Judeu, de Franz Hippler, estreou em 1940, em Berlim, perante uma platéia sofisticada: artistas, cientistas, damas da sociedade e a fina flor do partido nazista. Na montagem alternam-se as cenas dos judeus, mostrados como preguiçosos, sujos e indignos, com moscas numa parede. É preciso convencer as pessoas de que aquilo é uma praga e precisa ser exterminada – mais tarde, um pesticida, o Ziklon B, será empregado na solução final. A arte de Hippler prepara o holocausto. Alguém dirá: mas esta é uma comparação extremada, vivemos em uma democracia! Sim, é verdade, apesar do coronel Binsfield. Mas não se pretende aqui, supor equivalentes a época, as partes, o tamanho da violência. O interesse está no processo. Quando a intenção é destruir o adversário – e isto se faz de diversas formas, como ao superexpor seus erros e/ou sonegar suas virtudes, usando do poder devastador dos conglomerados de mídia — o modus operandi é similar., Se o objetivo final, conscientemente ou não, é negar a humanidade do outro, tudo é possível. Porque o outro, então, está fora da proteção do arcabouço jurídico. Não é gente. E o passo seguinte pode ser sua eliminação, física inclusive.
Outros tiros continuam viajando para encontrar suas presas. E muitos outros irão se juntar a eles. Aquele que se refestelou na carne e no sangue de Élton, 44 anos, dois filhos, deixou de viajar. Nas redações, muitas mãos têm resíduos de pólvora.

Por Ayrton Centeno

domingo, 23 de agosto de 2009

Crônica de uma morte anunciada


Pelo menos em duas ocasiões a Brigada Militar gaúcha (BM) já afirmou que orientou os policiais militares que participaram da Ação de Reintegração de Posse da Fazenda Southall, em São Gabriel, a não utilizarem munição letal em seus armamentos.
Conforme o encarregado da operação, coronel Lauro Binsfeld, afastado do cargo de subcomandante da BM ontem pela manhã, "a orientação era para que não fossem utilizadas balas de chumbo nas armas de fogo".
Acinte maior do que esse, só o modo como Binsfeld encerrou sua justificativa.
Embora os policiais tenham sido orientados a não utilizar balas de chumbo nas armas de fogo, "imprevistos acontecem", finalizou o cúmplice do assassinato de Elton Brum da Silva.
Qualquer pessoa que conheça o mínimo de hierarquia militar sabe que jamais esse tipo de "imprevisto" acontece. Nenhum policial militar carrega sua arma com munição letal se for orientado a assim não proceder, só tendo direito de municiá-lo de acordo com as orientações recebidas. E o termo "direito", nesse caso, deve ser lido como "ordem", e não como poder absoluto dos contrários - carregá-la com munição letal ou não lhe carregar com munição letal.
Ou seja, nenhum soldado que receba esse tipo de ordem a desobedece, simples assim.
O que o alto comando da Brigada Militar gaúcha está tentando fazer, em conluio com o governo do estado, seu cúmplice nesse assassinato covarde, é construir uma versão que ao menos moralmente os desresponsabilize.
O alto comando da BM está construindo sua versão apagando informações do passado. A generalista tese de que todos foram orientados a usar munição não-letal e de que "imprevistos acontecem" quer fazer crer, agora, que é possível que um soldado, no passado, tenha desobedecido ordens e municiado sua arma com munição letal.
Que soldado, La Vieja pergunta, oficial ou não, assumiria tal responsabilidade sozinho, e de encontro a ordens superiores? Que soldado, por livre e espontânea vontade, assumiria por sua conta e risco os riscos inerentes ao ato de portar uma arma municiada com chumbo, sabendo que descumpria ordens?
É mentira. Jamais um soldado, oficial ou não, desobedeceria as ordens do comandante da operação. Todos sabemos que, na prática, isso não ocorre em ambientes hierárquicos como a Brigada Militar.
O objetivo dessa estratégia é desresponsabilizar a cadeia de comando e atribuir a culpa a um ato irresponsável - a um imprevisto, nos dizeres de Binsfeld - de um agente isolado.
Mentira, mais uma vez. Toda a cadeia de comando da operação sabe que ao menos uma arma foi carregada com munição letal. Se não sabe, no mínimo foi negligente ao não acionar nenhum mecanismo capaz de evitar esse tipo de imprevisto, pois, como se sabe, foi admitido publicamente pelo próprio comandante da operação que fatos como esse acontecem. Não se admitiu sequer sua possibilidade, mas sim que acontecem. Logo, se acontecem, era obrigação moral ter tomado providências para o evitar. Do contrário, estamos nas mãos de policiais militares que deixam nossas vidas ao acaso.
E, se foi negligente, também é responsável.
Só assim, desresponsabilizando a cadeia de comando, simultaneamente se transmite a falsa ideia de que (i) o comando da operação não teve nada a ver com o homicídio e de que (ii) só há um responsável por ele, e isso porque "imprevistos acontecem".
Muitos dedos apertaram esse gatilho. Pelo menos ao lado daquele dedo covarde que assassinou Elton Brum da Silva pelas costas estão (i) o do comandante da operação, Lauro Binsfeld, (ii) o do juiz militar e ex-comandante geral da BM, Paulo Roberto Mendes, e (iii) o da governadora Yeda Crusius (PSDB).
Binsfeld não pode ser desresponsabilizado porque, mesmo que tenha orientado seus comandados a não utilizarem munição letal, é muito bem pago pela sociedade gaúcha para evitar que imprevistos aconteçam, ainda mais que sabe que de fato acontecem, como admitiu. Não é razoável supor que, após esse tipo de ordem, não haja nenhum mecanismo de controle e de verificação do modo como os armamentos foram carregados. Se se dá uma ordem para que munição não letal seja utilizada em determinada operação, então nenhum soldado, oficial ou não, sequer deveria ter acesso a munições letais após ouvi-la. Houve, no mínimo, negligência de sua parte. Como responsável imediato pela operação - e, por conseguinte, pelo seu sucesso ou fracasso -, não pode se furtar das consequências dos riscos que assumiu ao ter sido conivente com a indisciplina.
Paulo Roberto Mendes, enquanto comandante-geral da BM gaúcha, não aderiu ao Manual de Diretrizes Nacionais para Execução de Mandados Judiciais de Manutenção e Reintegração de Posse Coletiva, assinado em abril do ano passado entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário e forças policiais estaduais, sob o argumento de que a BM gaúcha já atendia "aos pré-requisitos da Organização das Nações Unidas (ONU) para retirada de manifestantes de áreas invadidas". O referido manual restringe o uso de armas de fogo em operações como a que vitimou Elton Brum da Silva.
Yeda Crusius também apertou esse gatilho porque, como comandante máximo da BM gaúcha, deveria ter determinado a adesão ao referido manual. A "societas delinquentium" que se associou a fim de deliberadamente perpetrar, "continuadamente, sob diversas formas e com a máxima lucratividade possível", condutas ímprobas, também puxou esse gatilho porque jamais poderia ter alçado a comandante maior da BM gaúcha um sujeito comprometido com os interesses da elite latifundiária guasca. O dedo do novo jeito de governar também apertou esse gatilho porque adotou a violência como método de diálogo com os movimentos sociais desde seu primeiro dia de governo.
O que se esperar, porém, de quem denota absoluto desprezo pela coisa pública e ausência de limites sobre o certo e o errado?.
Resta saber se o oficial que portava a espingarda de onde partiu o tiro que tirou a vida de Elton Brum da Silva será capacho o suficiente a ponto de assumir tal responsabilidade sozinho. O alto comando da BM gaúcha já deu início, desde o momento em que montou sua primeira versão, à sua imolação pública, de modo a desresponsabilizar a cadeia de comando sob a qual se abriga tão vil e covarde ato. Aliás, sequer se descarta a possibilidade de que "o governo e o comando da BM possam estar tentando ganhar tempo para encobrir as provas e proteger o oficial, encontrando algum soldado que assuma o crime".
Não devemos, no entanto, inebriarmo-nos a ponto de erguer brindes a esse holocausto. Toda a cadeia de comando, da Brigada Militar ao novo jeito de governar, anunciada e profissionalmente assassinaram Elton Brum da Silva pelas costas.

O texto é do Marcelo Duarte (filósofo) do Blog La Vieja Bruja
(A charge é de Carlos Latuff)

Clique nas palavras em vermelho, pois elas te levam a matérias relacionadas.

Abaixo publico uma carta de desagravo ao Coronel Lauro Binsfield, assinada pelas "pessoas de bem" da fronteira tartufa e guasca. Publicada hoje no panfleto da Tamandaré. Tapem o nariz e leiam...


DESAGRAVO A LAURO BINSFELD
No momento em que o Governo do Estado afasta, de maneira peremptória e talvez equivocada sob o ponto de vista estratégico, o sub-comandante geral da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, Coronel QOEM Lauro Binsfeld, a Associação Comercial e Industrial de Livramento-ACIL, Câmara de Dirigentes Lojistas-CDL, Sindilojas, vêm a público manifestar à comunidade deste Estado sua solidariedade ao Cel. Binsfeld no momento que ele recebe em seus ombros toda a carga da pressão política que permeia o conflito pela posse da terra no País.Entendendo, as entidades signatárias, que o incidente ocorrido no episódio do cumprimento de decisão judicial que determinou a desocupação da propriedade da Família Southal, em São Gabriel, deva ser efetivamente apurado com critério legal e método específico do trabalho policial, somam-se ao grande número de gaúchos que temem o risco do descontrole total na relação MST x Estado (sociedade) por conta da total desmoralização das Instituições, principalmente quando no evidente exercício do papel que a elas são determinados. Sem a mínima apuração que indique o envolvimento direto do Cel. Binsfeld no episódio, ainda que ele no comando da operação (mais uma, entre as tantas que comandou com êxito neste Estado e inclusive na própria Southal, tão visada pelo MST como instrumento de pressão política), entendem que deveria antes ser dado o rito natural de investigação, invés de simplesmente apontar-se o dedo para um profissional, correndo-se inclusive o risco de macular toda uma carreira até hoje merecedora de todos os méritos e reconhecimento público.As entidades signatárias reconhecem sim - como de resto sabidamente reconhecem todos os cidadãos conscientes deste Rio Grande do Sul - a competência e experiência profissional que sempre caracterizaram as relações do Cel. Binsfeld com o MST, e da mesma forma sua convivência cidadã com a sociedade da qual faz parte, atuando sempre de forma digna, respeitável e fraterna com a comunidade. Não aceitam, num outro ângulo, a pecha de irresponsabilidade profissional e sequer um relaxamento no comando por parte do Cel. Binsfeld. Ainda que erro tenha ocorrido - obviamente não impossível, uma vez que envolvendo seres humanos em momento de grave tensão emocional -, deveria ser adotada toda a metodologia investigatória, nos âmbitos policiais e jurídicos adequados, sem aceitar que a pressão político-ideológica se antepusesse à coerência e ao respeito ao papel da Instituição, certamente correndo o risco de dar a uma das partes envolvidas mais força do que julga ou merece ter na aplicação dessa pressão sobre a Sociedade como um todo.Por isso, e por conhecer a atuação profissional e a postura social do Cel. Lauro Binsfeld, as entidades signatárias manifestam sua solidariedade e sua confiança de que, no cumprimento do dever e na busca da garantia do direito, tem o Cel. Binsfeld o apoio da totalidade do povo gaúcho consciente e interessado na construção de um País mais digno, mais justo e principalmente caracterizado pela Paz e Fraternidade.Sant´Ana do Livramento, 22 de agosto de 2009.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O debate proposto pela RBS


O tal "declínio [moral] nacional"
Ontem o jornal Zero Hora, porta-voz da direita e do atraso meridional, propôs (sempre de forma oblíqua, como é do seu feitio) um debate acerca da questão moral do nosso tempo, mas em bases falsas. Fixou arbitrariamente dois fatos conhecidos do senso comum como marcas simbólicas do que chamou de "declínio [moral] nacional". Os fatos são: o factóide Lina-versus-Dilma e a novela escândalos-no-Senado-e-o senador-Sarney. Sobre a corrupção que devasta e anula o governo Yeda, nada, silêncio total.
À noite, na emissora TVCOM (igualmente do grupo RBS), programa do radialista Lasier Martins, a matéria de ZH foi repercutida sob a forma de um debate entre quatro "especialistas" de moralidade pública, todos padecendo de amnésia aguda sobre a conjuntura presente do Rio Grande do Sul. O inferno moral fica no Brasil, aqui no Rio Grande, graças ao bom Deus, fomos aquinhoados com almas puras, retas e dignas - é o que se depreendeu de tão esclarecedor debate televisivo, comandado por um sujeito que classificou, recentemente, o indizível lobista Lair Ferst, militante tucano e ex-amigo da governadora, como "um homem de inteligência superior".
Assim, lembramos de um pequeno artigo nosso publicado aqui no blog, em 19/12/2008, que transcrevemos abaixo. Querem discutir, para valer, a questão moral de nosso tempo? Então, vamos dar os primeiros pitacos:

O crime como força produtiva
Todos os ideais Iluministas estão mortos, subsiste somente o aspecto negocial ("geralmente colocado sob o signo da vigarice", no dizer de Ernst Bloch), o lado puramente econômico, produtor de mercadorias e alienação, que se reproduz de modo ampliado pelos aportes incessantes da ciência reificada através das tecnologias de dinheirização da vida.
O mestre dos gangsteres, Salvatore Lucky Luciano, dizia com conhecimento de causa, que ao entrar em qualquer negócio o importante é não ser o morto. Uma moral definitiva sobre o seu negócio e, de resto, sobre o negócio do capitalismo em geral. Um jogo com regra singular: não ser o morto. O resto vale tudo. Que o diga Bernard L. Madoff, o esperto que enganou meio mundo vendendo pirâmides de ganância, a um preço de 50 bilhões de dólares.
Qualquer estudante de economia, mesmo os não-estudantes, os transeuntes próximos a uma escola de economia, sabem que nos primórdios do capitalismo, na fase de acumulação primitiva, está o roubo, o saque, a escravidão e a pilhagem. Aí está a transnacional Siemens, há 70 anos cometendo crimes, sempre prosperando. Muitas dessas ações de apropriação nem sempre foram consideradas crime. O abigeato, por exemplo, nem sempre sofreu sanção. Bento Gonçalves da Silva, o grande herói guasca, foi um abigeatário confesso. Hoje, é crime passível de severa punição, e os fazendeirotes da Campanha guasca exigem veículos e força pública para inibir o crime de abigeato em suas propriedades.

O Direito anda a pé, o fato social anda a jato. E essa diferença de velocidade é fator econômico de grande relevância, quem dela tirar proveito tem inegáveis vantagens comparativas sobre o concorrente.
O vale-tudo da acumulação primitiva foi sendo abrandado pela lei e pelo Estado, mas não foi totalmente eliminado da vida social moderna. A concorrência entre os capitais reproduz incansavelmente novos vale-tudo, para os quais o Estado e a lei não estão e, muitas vezes, não querem estar preparados.
No Brasil, meses atrás, houve a constatação de maquiagem de mercadorias (pacote de alimento de 200 gramas, com apenas 190 gramas, de 1 kg, com 980 gramas, etc.): uma franca manifestação local do que é o negócio capitalista, na essência.

A fraude, aqui, é força produtiva.
O aumento de rentabilidade do capital pode vir tanto do incremento de produtividade quanto do esforço de desprezar a lei, para aquele, é preciso investimento, para esse, só é preciso empenho criativo e cara-dura.
As novas “forças produtivas” podem ser: “acordos e cartéis, abusos de posição de liderança, dumping e vendas casadas, delitos de iniciados e especulação, absorção e desmembramento de concorrentes, balanços falsos, manipulações contábeis e de preços de transferências, fraude e evasão fiscal por filiais off shore e sociedades virtuais, desvio de créditos públicos e mercados fraudados, corrupção e comissões ocultas, enriquecimento ilícito e abuso de bens sociais, vigilância e espionagem, chantagem e delação, violação do direito do trabalho e da liberdade sindical, da higiene e da segurança, das cotizações sociais e ambientais” (Brie), etc. Que grande grupo negocial está fora de um, dois ou todos esses poucos itens de “esforço criativo” para aumentar rentabilidade e vencer concorrentes?
A lavagem de fundos ilícitos pelos principais bancos dos Estados Unidos constitui uma fonte importante de fluxos externos para aquele país. Uma subcomissão do Senado americano calculou essa cifra em torno de 500 bilhões de dólares/ano. São recursos de múltipla origem: desde o narcotráfico, máfia russa e japonesa até o caixa dois de companhias multinacionais, depósitos em paraísos fiscais “legalmente” tolerados. Tráfico de tudo: novos narcóticos sintéticos, cocaína, armamento pesado, órgãos humanos, alta prostituição, falsificação de grifes (muitas vezes pelos próprios proprietários para aproveitar o crescente mercado informal subterrâneo mundial), pirataria na informática e na indústria fonográfica, o tráfico de animais (só este movimenta anualmente cerca de 20 bilhões de dólares), etc.
Toda a logística estatal norte-americana do serviço secreto que era empregado na Guerra Fria onde opera, hoje? Ganha um doce quem disser que é na nova guerra econômica pela americanização de fundos legais e ilegais, tanto faz; a moeda é uma mercadoria vil que procura proteção máxima; e os EUA podem dispor de meios para dar-lhe segurança e rentabilidade.
O comércio mundial anual situa-se, hoje, “ao redor de 5 trilhões de dólares, calcula-se que 20% por via do crime, ou 1 trilhão de dólares” (Brie). Essa “riqueza” é administrada lisa e serenamente pelos grandes bancos do planeta, por grandes escritórios de advocacia, mega-corretoras, intermediários diversos, gerentes e diretores de trustes e fiduciárias, constituindo um bolo internacional que é lavado todos os dias, em quantidades parcelares, pela chamada economia legal.
A guerra contra o grande crime é uma nova guerra fria (uma guerra de mentirinha), na qual os Estados nacionais pouco podem, porque dominados pelos interesses que sustentam e reproduzem tal situação. Aí reside a matriz primal da violência de nossos dias. Violência globalizada, que se alastra e se reproduz nos quatro cantos do mundo, em pequenas sucursais do inferno.
É da natureza mesma do negócio capitalista, essa prática heterodoxa. É da natureza mesma do escorpião picar o sapo que o ajudou a vencer a forte correnteza.
Mudar a natureza das coisas, quase sempre, implica mudar as próprias coisas.

Artigo de Cristóvão Feil, sociólogo.

Reproduzo na íntegra a postagem do diario gauche e dedico prioritáriamente ao leitores santanenses, as "lideranças" fronteiriças, aos bajuladores e a mídia sabuja e tartufa que nesta semana esteve em cólicas com a presença do "amestrado" Lazier Martins, em mais uma atividade comercial do PRBS que se espraia pelo estado guasca.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O (*) PUM guasca do (**) PIG


Aqui no Rio Grande gaudério o tratamento é o mesmo.

(*) Programa Unificado da mìdia (PUM)

(**) Partido da Imprensa Golpista (PIG)

Por que o PUM (*) do PiG (**) ignora Yeda?


Jornalões de São Paulo omitem a ruína de Yeda e do PSDB

Os leitores dos jornalões editados em São Paulo e Rio de Janeiro já conhecem com muitos detalhes cada falcatrua cometida no Senado Federal. Até os pecadilhos dos parlamentares, coisas consideraras (por eles próprios) “menores”, como ceder passagens aéreas para familiares, vão logo parar nas manchetes – o último desses casos envolve o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).
Por Luiz Antonio Magalhães, no Observatório da ImprensaSe alguém perguntar aos leitores o que está acontecendo no Rio Grande do Sul, porém, é provável que a resposta seja evasiva. De fato, a gestão Yeda Crusius (PSDB) à frente do governo gaúcho é uma tragédia de graves proporções e não está merecendo dos grandes jornais uma cobertura à altura do desastre – político e gerencial – em curso nos pampas.
É bem verdade que nos últimos dias, especialmente depois que o Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul (MPF-RS), protocolou, em 5 de agosto, uma ação de improbidade administrativa na Justiça Federal de Santa Maria contra a governadora e outros oito réus, os jornalões do Rio e São Paulo decidiram dar uma colher de chá e publicaram reportagens sobre o assunto. Tudo muito insuficiente.
Sim, insuficiente, porque o descalabro começou antes mesmo de Yeda Crusius botar os pés no Palácio Piratini, em janeiro de 2007. Durante a campanha, a então candidata se indispôs com seu vice, Paulo Afonso Feijó (DEM), porque ele defendia as privatizações como saída para resolver os problemas financeiros do estado. Desautorizado, Feijó permaneceu na chapa, foi eleito e depois rompeu politicamente com Yeda.
Ainda durante a campanha, o marqueteiro Chico Santa Rita abandou o comando da estratégia de marketing acusando a governadora de deixar de pagar os salários da sua equipe. Em seguida, já eleita, mas antes de tomar posse, Yeda pediu ao então governador Germano Rigotto (PMDB) que enviasse à Assembléia Legislativa um projeto para cortar despesas e aumentar o ICMS. Tal projeto foi derrubado em 29 de dezembro de 2006, em uma votação que teve como articulador político o vice-governador. Só que contra, e não a favor do projeto de Yeda…
Consequências eleitorais
A crise, permanente, se arrasta desde a campanha eleitoral de 2006. De lá para cá, Yeda jamais conseguiu momentos de tranquilidade política no Piratini. A grande imprensa do Sudeste vem noticiando tudo com muita discrição e sem contextualizar o problema. Aliás, um problemão. O ruinoso governo de Yeda de certa forma quebra a espinha dorsal do discurso tucano da “excelência da gestão”, que deveria ser o diferencial da candidatura presidencial do partido em 2010.
Pior ainda, no campo político, a governadora conseguiu se isolar de tal maneira que DEM e PMDB, tradicionais aliados do PSDB no estado, já pularam da canoa de Yeda. Se ela insistir em se candidatar à reeleição, qual será o palanque do presidenciável tucano em terras gaúchas? José Serra (ou Aécio Neves) estarão ao lado de Yeda, única governadora brasileira que tem taxa de rejeição superior à de aprovação? Difícil, a julgar pela defesa tímida que os próceres tucanos vêm fazendo do governo da correligionária gaúcha. E alguém leu análises sobre isto nos jornalões?
Boa parte das matérias, aliás, conseguiram inverter a questão, atribuindo ao Psol uma importância que nem mesmo a deputada federal Luciana Genro (RS) poderia almejar. Sim, porque o desastre político do governo Yeda tem como protagonista a própria governadora, que em um raro espetáculo de inabilidade política conseguiu perder apoio de aliados tidos como muito fiéis, a exemplo do DEM e do PMDB.
Definitivamente, não foram as denúncias da filha do ministro Tarso Genro que colocaram Yeda nas cordas, foi a própria governadora que preferiu se postar no corner. E isto também ficou de fora da cobertura dos jornalões sobre o caso.
Cobertura descontextualizada
A falta de contextualização vai além dos aspectos político-partidários. O Rio Grande do Sul vive uma crise estrutural há muito tempo, com problemas especialmente nas finanças do estado e na sua economia. O PIB gaúcho, que representava em 2008 quase 7% do nacional, permanece neste patamar há pelo menos dez anos. Ao contrário da região Nordeste, altamente beneficiada pelo crescimento dos últimos anos, a economia do Rio Grande vive uma situação que já antes da crise econômica mundial beirava à estagnação.
A situação econômica do estado deveria necessariamente aparecer nas matérias e reportagem sobre a crise do governo Yeda porque é parte explicativa dos problemas enfrentados pela governadora. De fato, a tentativa, talvez um tanto açodada, de zerar o déficit do Rio Grande em quatro anos foi uma das causas de boa parte dos problemas da governadora. Em casa que falta pão, como se sabe, todos gritam e ninguém tem razão.
Com a cobertura fragmentada e direcionada para os momentos mais espetaculares — as denúncias, o anúncio do processo, os rompimentos com os aliados —, a imprensa do eixo Rio-São Paulo acaba prestando um desserviço aos seus leitores, que ficam com a impressão de que Yeda Crusius é apenas uma vítima do radicalismo do Psol ou da fúria do Ministério Público.
Há uma ótima história para ser contada por trás de um governo ruinoso, mas a mídia parece não querer contar. Por preguiça ou por motivos obscuros. Em ambos os casos, perde o leitor.
(*) Programa Unificado da Mídia (PUM)

(**) PIG - Partido da Imprensa Golpista
Saiu no Portal Vermelho

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O PMDB o pariu, que o embale


Raul Pont diz que PMDB é responsável por José Sarney


O deputado Raul Pont (foto) disse que o PMDB é responsável pelo senador José Sarney. “Ao invés de criar um bode expiatório, o PMDB deveria expulsar o senador ou pedir o seu afastamento do partido”. A manifestação do parlamentar, na tarde desta terça-feira (4), foi em repúdio à nota da bancada do PMDB na Assembleia Legislativa, que se diz “perplexa à blindagem política ofertada e afiançada a Sarney pelo governo petista”.

Raul Pont (PT/RS) estranha que o PMDB mantenha no seu quadro partidário figuras como a de José Sarney. “Não fomos nós que o elegemos. O nosso candidato à presidência do Senado foi o senador Tião Viana”, esclareceu o petista, para quem o papel dos partidos políticos também é o de fiscalizar os eleitos e de zelar pelo cumprimento do programa.

O deputado ressaltou ainda que a posição da bancada do PT no Senado já foi expressa pelo senador Aloísio Mercadante. Além disso, observou que a atitude do governo federal se deve ao fato de que o afastamento de Sarney abre espaço para partidos de extrema direita como o PSDB e o DEM. “Portanto, com essa nota, o PMDB tenta criar um bode expiatório para desviar o assunto do seu verdadeiro tema que é a responsabilidade do partido com seus eleitos”, arrematou. (Por Stella Máris Valenzuela, do sítio PT Sul)