Nesta semana, tive a oportunidade de participar de alguns
debates, avaliações sinceras sobre resultados de eleições e também sobre
mudanças de pautas superadas. E resgate de outras olvidadas.
O importante nestas
"avaliações" foi observar que não foi/é apenas um debate interno ou
"petralha", mas pra além do PT.
Discutimos pautas nacionais, desde as reformas que caducam
nos corredores do Congresso até a reformulação e aposentadoria de pautas já
vencidas, alcançadas, implementadas.
Quando do término deste último pleito, externei que nunca
mais faria campanha política "nestes termos". É uma ofensa a qualquer
inteligência se manter na atual estrutura eleitoral brasileira do jeito que
está. Do fingimento total e absoluto em todos os graus do processo político e
eleitoral.
Por impotência, desdém ou ignorância, continuamos fazendo
algo que não mais acreditamos.
Fingimos praticar cidadania plena ao nos dispor a apertar
números quaisquer em Urnas eletrônicas.
Fingimos que votamos em ideologia, partidos e candidatos com
crença venal.
Fingimos que sabemos o que isso representa.
Fingimos que prestações de "contas" e
financiamento de candidaturas são reais, fiscalizadas e que a chama Justiça
Eleitoral existe.
Aliás, fingimos que vivemos uma democracia.
Numa destas avaliações e ouvindo alguns sindicalistas e
militantes sociais dos mais variados matizes, comentávamos sobre uma passeata
recente em POA do MTD (Movimento dos Trabalhadores Desempregados).
Não seria um contrassenso, tal atividade numa região que aponta desemprego de
3,46%?
Seria esta uma pauta vencida?
Assim como este
exemplo existem outros vários. Quem ainda grita "Fora FMI"? Não a
"ALCA"?
Esta discussão surgiu na verdade, a partir de uma reflexão
sobre como retomar nossa base social. Não existem políticas e demandas sem
base. O que dizer pra além das políticas implementadas com sucesso?
Muitos dirão que estou pecando na arrogância de dizer que já
cumprimos pautas. Direi que as demandas de outrora estão implementadas.
Lhes dou mais um exemplo:
Quem de vocês encamparia o discurso de 10 anos atrás do
Senador Paim? Quem admitira hoje um salário mínimo de 100 dólares?
Poderia elencar um
conjunto de medidas e programas implementados ao longo destes 10 anos, tipo;
Luz para Todos, Prouni, pronatec, Bolsa Família, Bolsa Formação, dezenas de universidades
públicas, Minha Casa Minha Vida, enfim. São tantos os programas que não
conseguiria enumerar. Mas pra além destes se tornarem apenas "discursos políticos" pra
ambos os lados, situação e oposição/mídia(redundância). Eis que os números do IBGE, neste apanhados
dos últimos 10 anos comprovam o acerto destas políticas, não apenas dos 40
milhões que ascenderam a classe média, mas pelo conjunto de avanços sociais e econômicos.
E estes números não carregam nenhuma contaminação
política/ideológica. São indicadores reais, incontestáveis.
Portanto, voltamos a vaca fria.
Como se resgata ou se muda a pauta?
Mais uma vez vou "pecar pela arrogância". A pauta
é a inversão da lógica, o que pretendíamos e militamos tanto por isso, está se
realizando.
Não somos mais pedintes e reivindicadores, jogamos fora o
pires. Somos protagonistas destas demandas. Evidente que necessariamente devemos
ser "vigilantes" . O discurso deve ser outro diante da nova realidade
que vivemos, nossas pautas de outrora não sustentam mais nossa prática. E por
incrível que pareça somos incompetentes ao nos dirigir aos "incluídos",
aos beneficiários.
Aliás, muitos destes nos apedrejam. Por má fé, desinformação
ou ignorância. Mas também por falha nossa.
A velha e a nova classe média que aí está no mercado de
consumo é a típica emulsão de azeite e vinagre, se parar de mexer se divide. É
uma emulsão eternamente "instável".
Faz-se imperativo que revoguemos pautas, mas que também
implementemos novas matrizes, novos paradigmas de reformas profundas nas
estruturas do "Estado brasileiro", sob pena de sucumbirmos no abismo
que uma minoria, mancomunada com a mídia comercial tenta nos levar a discutir
casos de infidelidades dos anjos.
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