Às avessas do sentimento de repúdio da chamada descomemoração do golpe cívico militar de 1964 no Brasil, temos, sim, bons motivos para festejos neste mês de abril, mais precisamente no dia 25, aniversário de 40 anos da Revolução dos Cravos, em solo português.
O acontecimento que enterrou a ditadura salazarista de 41 anos em 1974 e ficou conhecido pela consigna da vitória das flores sobre tanques e fuzis, marcou também e especialmente o início de um processo de redemocratização que se espalhou por outros países sufocados pelo arbítrio e as práticas da censura, da tortura e da morte dos oponentes. A exemplo do que foi a rebelião cubana nos anos 60, embalando movimentos revolucionários inspirados no ícone nascente do Che Guevara, a revolta dos oficiais lusos
de baixa patente instigou mobilizações pela redemocratização, no mundo, na década seguinte.
Aqui, no Brasil, naquele ano tivemos a pioneira eleição sob o governo militar que sofreu a primeira grande fissura na urnas com a vitória do partido oposicionista MDB sobre a situacionista sigla Arena, no bipartidarismo torto imposto à nação, antecipando a propugna pela anistia obtida em 1979 e o fim oficial do regime em 1985.
A resistência e o enfrentamento à ditadura em nosso país, tanto por democratas e progressistas quanto por setores da esquerda, serviram de combustível para também acalentar os sonhos de toda uma geração de jovens militantes estudantis na época, dentre os quais nos encontrávamos. A revolução de 25 de abril de 1974 reforça a ideia de que aquele movimento não só teve o sentido de libertar seu povo, mas representou e segue representando um marco fundamental na história de Portugal e na trajetória
no mundo contemporâneo. A derrubada da ditadura salazarista teve um símbolo que se destacou pelo pendor pacífico sem precedentes, no qual os militares preferiram dialogar ao invés de usar as armas.
O nome Revolução dos Cravos remete à luta em que não foi dado um único tiro e os canos dos fuzis carregavam cravos vermelhos, distribuí-dos aos rebeldes pela população que festejava alegremente o fim da ditadura pelas ruas de Lisboa e outras cidades do país. Este movimento quase épico de libertação do povo português, eivado de razão e racionalidade, não deixou de imprimir sequelas de emoção e lucidez no dorso fosforescente e conformista de nossa época.
de baixa patente instigou mobilizações pela redemocratização, no mundo, na década seguinte.
Aqui, no Brasil, naquele ano tivemos a pioneira eleição sob o governo militar que sofreu a primeira grande fissura na urnas com a vitória do partido oposicionista MDB sobre a situacionista sigla Arena, no bipartidarismo torto imposto à nação, antecipando a propugna pela anistia obtida em 1979 e o fim oficial do regime em 1985.
A resistência e o enfrentamento à ditadura em nosso país, tanto por democratas e progressistas quanto por setores da esquerda, serviram de combustível para também acalentar os sonhos de toda uma geração de jovens militantes estudantis na época, dentre os quais nos encontrávamos. A revolução de 25 de abril de 1974 reforça a ideia de que aquele movimento não só teve o sentido de libertar seu povo, mas representou e segue representando um marco fundamental na história de Portugal e na trajetória
no mundo contemporâneo. A derrubada da ditadura salazarista teve um símbolo que se destacou pelo pendor pacífico sem precedentes, no qual os militares preferiram dialogar ao invés de usar as armas.
O nome Revolução dos Cravos remete à luta em que não foi dado um único tiro e os canos dos fuzis carregavam cravos vermelhos, distribuí-dos aos rebeldes pela população que festejava alegremente o fim da ditadura pelas ruas de Lisboa e outras cidades do país. Este movimento quase épico de libertação do povo português, eivado de razão e racionalidade, não deixou de imprimir sequelas de emoção e lucidez no dorso fosforescente e conformista de nossa época.
Que as mesmas esperanças e expectativas descortinadas com aquele movimento que ajudaram a reforçar a luta contra o regime de arbítrio também em nosso país possam servir de reflexão e motivação para que jamais se esqueça do horror e para nunca mais aconteçam barbáries similares em qualquer lugar do mundo.
Artigo de Adão Villaverde, engenheiro, professor e deputado estadual do PT-RS
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