Mídia brasileira continua olhando para trás
A mídia brasileira procede como se a presente crise do sistemão fosse mesmo a marolinha lulista, como se tudo fosse voltar ao normal em poucas semanas. Não é e não vai. O que está acontecendo agora no mundo conhecido é definitivo – saibamos todos. Nada será como antes. Ninguém sabe bem como será, mas o presente está rompendo com o passado e forjando um futuro diferente, para o qual deveremos ter outros olhos e outros sentidos para perceber e experimentar.Ligo a televisão e vejo o ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, na qualidade de “especialista” dando pitacos furadíssimos sobre o futuro da economia brasileira. Na TV Globo, oito e meia da noite. Inacreditável.Maílson como “especialista” sobre o futuro. Inacreditável. Esse é o padrão da mídia brasuca.Você assiste e lê diariamente no rádio, na TV, nos jornais, os velhos cães comedores de ovelha da ditadura, do governo Sarney (caso de Maílson), do governo Collor e do Farol de Alexandria virem a público – com a face mais amadeirada da paróquia – darem sua palavra de “especialistas” sobre o futuro. Gente que ajudou a montar tijolo por tijolo a fortaleza hegemônica do capital financeiro no País. Hoje, quando os fundamentos do sistema começam a ruir no mundo todo, eles seguem sendo ouvidos e prestigiados pela mídia, como se tudo fosse um leve resfriado infantil.Esses “especialistas” – todos – , inclusive os comentaristas das emissoras, as velhas raposas já sem focinho, como a inefável Mirian Leitão, fazem parte do passado. Não têm a mais mínima responsabilidade e conhecimento para falar do presente e do futuro.Nos primórdios do que hoje é a decadente indústria automotiva, lá pelo final do século 19, proliferavam, tanto nos Estados Unidos, quanto na Inglaterra, as pequenas oficinas que montavam de forma improvisada os veículos movidos a motor de explosão. Os carros vinham, então, com dois assentos, um para o condutor, outro para o mecânico. O comprador casava com o mecânico. Cada carro era único, mesmo aquele “fabricado”pela mesma oficina-montadora. Henry Ford viu isso e não se conformou. Tratou de padronizar a produção, com engenho e método. Adotando os ensinamentos cartesianos do engenheiro Frederik Taylor, funda o paradigma da produção seriada de mercadorias, revolucionando o sistema e criando a sociedade de consumo tal como a conhecemos.A mídia brasileira não se deu conta que os paradigmas e conceitos com os quais opera estão obsoletos. Continua “fabricando automóveis” com os velhos mecânicos da manufatura artesanal.Enquanto o Financial Times dedica uma página inteira ao pensador Slavoj Zizek, o New York Times tem como colunistas semanais, Nouriel Roubini e Paul Krugman, a TV Globo está ouvindo e dando credibilidade a Maílson da Nóbrega, velho taifeiro de terceira classe dos banqueiros tupinambás.Coisas da vida.
via diario gauche
O blog voltou...
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