segunda-feira, 17 de maio de 2010

Mais uma vitória de Lula e da diplomacia brasileira


Os dez pontos do acordo nuclear com o Irã


Pelo acordo firmado entre Brasil, Irã e Turquia, o governo de Teerã vai enviar à Turquia 1.200 quilos de urânio enriquecido a 3,5%, em troca de 1,2 mil quilos de urânio enriquecido a 20%. No documento, o governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, compromete-se também a informar sobre o processo à Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) e a buscar negociar com o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Governo do Irã agradece "os esforços construtivos dos países amigos, Turquia e Brasil".

Renata Giraldi - Agência Brasil

Brasília – Um documento com dez itens foi a base do acordo de transferência de urânio firmado hoje (17) em Teerã entre os governos do Brasil, do Irã e da Turquia. Pelo acordo, o Irã vai enviar à Turquia 1.200 quilos de urânio enriquecido a 3,5%, em troca de 1,2 mil quilos de urânio enriquecido a 20%. No documento, o governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, compromete-se a informar sobre o processo à Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) e a buscar negociar com o Conselho de Segurança das Nações Unidas.

A disposição de Ahmadinejad ocorre no momento em que os Estados Unidos – que integram o Conselho de Segurança como membro permanente – pressionam pela adoção de sanções contra o Irã por suspeitar que seu programa nuclear esconda a produção de armas atômicas.

Segundo informações da agência iraniana de notícias, a Irna, o acordo reitera o compromisso de não proliferação de armas logo no primeiro item. Esse compromisso inclui o direito de desenvolver pesquisa, a produção e utilização da energia nuclear, com o chamado ciclo do combustível nuclear e atividades de enriquecimento - para fins pacíficos.

No segundo item, o governo do Irã informa estar convencido de que o acordo é o início de uma nova “proposta positiva e construtiva, em uma atmosfera de não confronto que conduz a uma era de interação e cooperação”. No parágrafo seguinte, os iranianos afirmam que a troca de urânio levemente enriquecido pelo produto enriquecido a 20% “é fundamental para o lançamento da cooperação em diferentes áreas”, como a construção de reatores nucleares.

Em seguida, no quarto parágrafo, o governo iraniano diz que o acordo é o ponto de partida para a “cooperação e uma mudança positiva e construtiva” na comunidade internacional. No item seguinte, os iranianos afirmam que o urânio enriquecido na Turquia será de propriedade do Irã, mas submetido a inspetores internacionais.

No sexto parágrafo, o Irã se compromete a informar a Aiea, por escrito e pelos canais oficiais, sobre o acordo em um prazo de sete dias. No item seguinte, há detalhes sobre o envio de 1,2 mil quilos de urânio levemente enriquecido em território turco. No oitavo parágrafo, o Irã exige que sejam adotadas garantias e respeitados os termos do acordo.

Depois, no nono parágrafo, os governos da Turquia e do Brasil manifestam confiança nas negociações entre o Irã e o chamado grupo dos países 5 +1 – que reúne os cinco integrantes do Conselho de Segurança das Nações Unidas: Estados Unidos, Rússia, China, França e Inglaterra, além da Alemanha.

Por fim, no décimo e último item, os governos da Turquia e do Brasil elogiam os compromissos firmados no acordo e os esforços realizados para alcançá-lo. Em contrapartida, o governo do Irã informa que “também avalia os esforços construtivos de países amigos, Turquia e Brasil, criando o ambiente propício para a realização dos direitos nucleares do Irã”.

Fotos: Ricardo Stuckert/PR
via Carta Maior

Um comentário:

  1. Os EUA sabotam a paz

    O acordo com o Irã é uma vitória histórica da diplomacia brasileira, quaisquer que sejam seus desdobramentos. A mídia oposicionista sempre repetirá os jargões colonizados de sua antiga revolta contra o destaque internacional de Lula.
    O governo de Barack Obama atua nos bastidores para destruir essa conquista. É uma questão de prestígio pessoal para Obama e Hillary Clinton, que foram desafiados pela teimosia de Lula. Mas trata-se também de uma necessidade estratégica: num planeta multipolarizado e estável, com vários focos de influência, Washington perde poder. E a arrogante independência do brasileiro não pode se transformar num exemplo para que outros líderes regionais dispensem a tutela da Casa Branca.
    Em outras palavras, a paz não interessa aos EUA. E, convenhamos, ninguém leva a sério os discursos pacifistas do maior agressor militar do planeta. Será fácil para os EUA bloquear a iniciativa brasileira, utilizando a submissão das potências aliadas na ONU ou atiçando os muitos radicais de variadas bandeiras, ávidos por um punhado de dólares. Mas alguma coisa rachou na hegemonia estadunidense, que já não era lá essas coisas.

    ResponderExcluir