sábado, 29 de janeiro de 2011

Homenagem aos "erudítos" de super-mercados


Ofereça para todos asmigos(as) sabujos que te rodeiam. Como tem...

Música pra GreNal em Rivera



Em que pese que seja a coisa mais absurda e cara que já vi, este Grenal em Rivera é interessante por
outros aspectos. A música do Rada fala em "tortas fritas". Pois, na Ripan e na Maxi, panaderias de Rivera, sempre que chover você pode correr pra lá que haverá tortas fritas quentinhas. Lugar pra se jogar truco de "amostra", bilhar, remontar cometas. Comer panchos do Júlio na plaza Flores, pode estender o caminho por calle Brasil até a Cuaró, desembarcar na Provision Margaret e pedir ao Fernando una Pizza Rellena. Comer o único asado de tira que presta na fronteira com el viejo René. Vá pra fronteira, mas, não apenas para freeshops, muito menos por grenais.
Saudoso de minha infância na Calle Figueroa.

O Filho-da-Putismo em alta

Como é de conhecimento até do mundo vegetal o elemento Luciano Huck aproveitou a tragédia nas serras do Rio para encher o rabo de dinheiro. O semanário dos Homens Bons, sempre atento, chamou esse gesto  de BOM-MOCISMO. Imaginem o que seria preciso para chamar alguém de filho da puta se esse sujeito é um bom-moço...


Leia mais em: O Esquerdopata
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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Economia mundial vai bombar. Manda bala, presidenta !


                                  O tsunami engoliu a urubóloga; e Jim surfou

Informações esparsas extraídas da recente cobertura do New York Times para a visita do líder chinês Hu Jintao, aos Estados Unidos.

A economia chinesa cresceu 10,2% em 2010.

A economia chinesa deve acrescentar US$ 1 trilhão ao PIB em 2011.

E’ como produzir uma Inglaterra, por ano.

Na última década, a China produziu TRÊS Inglaterras.

“A noção de que a China cresce ás custas do resto do mundo está três anos atrasada. O crescimento da China da’ aos Estados Unidos a chance de se recuperar muito mais rápido. “

Clique aqui para ler “Caças – Dilma pode mudar o jogo”.

“Ainda por um bom tempo, a maré de crescimento da China vai continuar em alta e os investidores deveriam anotar isso: alguns vão ficar mais ricos, antes.

“Os investidores podem se beneficiar da maré chinesa e investir em empresas que estejam na China.”

Essas observações são de Jim O’Neill, o economista do banco Goldman Sachs, citado pelo NY Times e que, dez anos atrás, criou o acrônimo BRICs para popularizar a ideia de que Brasil, Rússia, Índia e China formarão, breve, um bloco econômico mais forte que o G-7.

Quando veio o tsunami de 2008 e a urubóloga Miriam Leitão anunciou o desaparecimento do Brasil e de Lula da face da Terra, Jim  previu o fenômeno do “descasamento”.

Os países ricos iam cair em “U” – bruscamente e ficar muito tempo lá embaixo.

E os BRICs iam cair em “V “- cair e subir rápido.

Foi a marolinha do Lula.

Tragada pelo tsunami foi a ideologia derrotista da urubóloga.

Hoje saiu a notícia de que o FMI prevê um crescimento robusto para a economia mundial.

Presidenta, manda bala !

E paga um salário mínimo que deixe o Paulinho da Força feliz !

FMI prevê que economia global crescerá 4,4% em 2011

DA EFE

O FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou a previsão de que a economia global crescerá 4,4% este ano, dois décimos acima do projetado há três meses, graças a uma atividade melhor do que a esperada na reta final de 2010.

As novas projeções apontam um crescimento global de 4,5% em 2012.

Em linha com o mencionado em outras ocasiões, o FMI lembrou nesta terça-feira que a recuperação em andamento tem duas velocidades, com os países emergentes à frente do pelotão e os avançados em um distante segundo lugar.

O Fundo, que publicou nesta terça-feira a versão atualizada do seu relatório semestral “Perspectivas Econômicas Mundiais”, destacou que nas economias avançadas a atividade desacelerou menos que o esperado.

Paulo Henrique Amorim no Conversa Afiada

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Neoliberalismo - a cara do capitalismo contemporâneo - e pós neoliberalismo

Antes de ler este artigo, sugiro que leiam a primeira parte que trata do tema . Clique em Capitalismo: o que é isso? Pra ler e entender esta análise.

O capitalismo passou por várias fases na sua história. Como reação à crise de 1929, fechou-se o período de hegemonia liberal, sucedido por aquele do predomínio do modelo keynesiano ou regulador. A crise deste levou ao renascimento do liberalismo, sob nova roupagem que, por isso, se auto denominou de neoliberalismo.

Este impôs uma desregulamentação geral na economia, com o argumento de que a economia havia deixado de crescer pelo excesso de normas, que frearia a capacidade do capital de investir. Desregulamentar é privatizar, é abrir os mercados nacionais à economia mundial, é promover o Estado mínimo, diminuindo os investimentos em politicas sociais, em favor do mercado, é impor a precariedade nas relações de trabalho.

A desregulamentação levou a uma gigantesca transferência de capitais do setor produtivo ao especulativo porque, livre de travas, o capital se dirigiu para o setor onde tem mais lucros, com maios liquidez e menos tributação: o setor financeiro. Porque o capital não está feito para produzir, mas para acumular. Se pode acumular mais na especulação, se dirige para esse setor, que foi o que aconteceu em escala mundial.

O modelo neoliberal se tornou hegemônico em escala mundial, impondo as politicas de livre comércio, de Estados mínimos, de globalização do mercado de trabalho para os investimentos, entre outros aspectos. É uma nova fase do capitalismo, como foram as fases de hegemonia liberal e keynesiana. Não se pode dizer que seja a última, porque um sistema sempre encontra formas – mesmo que aprofundem suas contradições - se outro sistema não surge como alternativa, com a força correspondente para superá-lo.

Mas é uma fase difícil de ser superada, porque a desregulação tem muitas dificuldades para ser superada. Mesmo com a crise atual afetando diretamente os países do centro do capitalismo, provocada pela fata de regulação do sistema financeiro, ainda assim pouco ou quase nada foi feito para o controle do capital financeiro, justamente a origem da crise. Como já se disse: Obama salvou os bancos, achando que os bancos salvariam a economia dos EUA. Mas os bancos se salvaram às custas da economia norteamericana, que segue em crise.

É difícil para o capitalismo desembaraçar-se do neoliberalismo, etapa que marca o final de um ciclo desse sistema. A discussão que se coloca é de se o modelo chinês representa vida útil e inteligência mais além do neoliberalismo ou do capitalismo. Se sua via de mercado se vale do mercado para superar o capitalismo ou se o mercado o vincula de obrigatória e estreita ao capitalismo.

O certo é que ser de esquerda hoje é de lutar contra o neoliberalismo, não apenas resistindo a ele, mas sobretudo construindo alternativas a este modelo, allternativas que projetem para além do capitalismo. O neoliberalismo promove um brutal processo de mercantilização das coisas e das relações sociais. Tudo passa a ter preço, tudo pode ser compra e vendido, tudo é reduzido a mercadoria, em um processo que tem no shopping center sua utopia.

Nesse caso, lutar pela superação do neoliberalismo é desmercantilizar, restabelecer e generalizar os direitos como acesso a bens e serviços, ao invés da luta selvagem no mercado, de todos contra todos, para obtê-los às expensas dos outros. Generalizar a condição do cidadão às expensas da generalização do consumidor. Do sujeito de direitos e não do dono de poder aquisitivo.

Quanto mais se desmercantilizar, quanto mais se afirmar os direitos de todos, mais se estará criando esfera pública, às expensas da esfera mercantil (que eles chamam de privada). Essa pode ser a via de passagem do neoliberalismo como estágio do capitalismo à sua superação, a uma era pós-capitalista. Mas hoje o que nos une a todos é a luta por distintas formas de pós neoliberalismo - pela universailização dos direitos, pela extensão da cidadania em todas suas formas – politica, econômica, social, cultural -, pelo triunfo do Estado social contra o Estado mínimo, da esfera pública contra a esfera mercantil.

Originalmente no Blog do Emir no site Carta Maior

domingo, 23 de janeiro de 2011

Desmentindo a revista "Veja"

 

sábado, 22 de janeiro de 2011

NOTA CONJUNTA DE REPÚDIO

O PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, A DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, A OAB/RJ, POR SUA 9ª SUBSEÇÃO, O MUNICÍPIO DE NOVA FRIBURGO, O DIRETOR DO IML-AP/RJ E O DELEGADO DE POLÍCIA TITULAR DE NOVA FRIBURGO, vem apresentar nota conjunta repudiando a matéria publicada na Revista Veja, edição 2200, ano 44, nº 03, de 19 de janeiro de 2011, em especial, o conteúdo do último parágrafo de fls. 54 até o primeiro parágrafo de fls. 56, em razão de seu conteúdo totalmente inverídico, conforme será esclarecido a seguir:

1) Inicialmente, cumpre esclarecer que em momento algum os corpos da vítimas fatais ficaram sobrepostos uns sobre os outros no Instituto de Educação de Nova Friburgo, local em que foi montado um posto provisório do IML, em razão da catástrofe que assolou toda esta região, mas sim acomodados separadamente lado a lado no ginásio do Instituto;

2) O acesso ao referido Instituto foi limitado às autoridades públicas e aos integrantes das Instituições inicialmente referidas, sendo certo que o ingresso dos familiares no local para a realização de reconhecimento somente foi permitido após autorização de um dos integrantes das mencionadas instituições e na companhia permanente do mesmo;

3) A liberação dos corpos para sepultamento somente foi autorizada após o devido reconhecimento efetuado por um familiar, sendo totalmente falsa a afirmação de que “ao identificar um conhecido, bastava levá-lo embora, sem a necessidade de comprovar o parentesco”. Frise-se, que mesmo com o reconhecimento, foi realizado posteriormente procedimento de identificação pelos peritos da Policia Civil do Estado do Rio de Janeiro, bem como de outros cedidos pela Polícia Civil de São Paulo, pela Polícia Federal e pelo Exercito Brasileiro, estes por intermédio da Secretaria Nacional de Segurança Pública, com a análise da impressão digital, do exame de arcada dentária e exame de DNA;

4) Ademais, cada um dos falecidos foi colocado em uma urna e sepultado individualmente, não existindo qualquer tipo de sepultamento coletivo, mas sim vários sepultamentos individuas e simultâneos no mesmo cemitério;

5) Em meio a infeliz perda de 371 vidas, somente neste Município de Nova Friburgo (até presente momento) é importante registrar que houve apenas 03 (três) casos de divergência dos reconhecimentos feitos pelos parentes, os quais estão sendo devidamente esclarecidos pelos peritos do IML/Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, através do exame das impressões digitais, das arcadas dentárias e do exame de DNA.

Assim, ao contrário do que a narrativa contida na matéria publicada leva o leitor a concluir, não houve uma feira livre na busca e no sepultamento de corpos, mas ao contrário, um trabalho sério realizado por profissionais exemplares, dedicados e comprometidos em minimizar, naquilo em que era possível, o sofrimento da população local, e ainda preservar, dentro das possibilidades existentes, a ordem e a saúde pública.

Aliás, o respeito pelas famílias e pelos corpos dos cidadãos falecidos não permitiria que os mesmos fossem tratados pelas autoridades da maneira descrita pelas jornalistas.

Assim, é com extremo pesar, que em meio a um evento trágico e que entristeceu a todos, tenhamos que vir a público repudiar as inverdades publicadas, de cunho meramente sensacionalista, a fim de evitar que o desserviço gerado pela matéria venha a causar mais prejuízo, sofrimento e comoção aos familiares das vítimas e a toda nossa comunidade.

Nova Friburgo, 21 de janeiro de 2011.

Paulo Vagner Guimarães Pena
Juiz de Direito
Dirigente do Fórum e do 9º NUR-N. Friburgo
Matrícula 21.121

Fernando Luis G. de Moraes
Juiz de Direito
Matrícula 29.813

Gustavo Henrique Nascimento Silva
Juiz de Direito
Matrícula 27.318

Hédel Nara Ramos Jr.
Promotor de Justiça
Coordenador Regional do Ministério Público
Matrícula 1.287/MPRJ

Dermeval Barboza Moreira Neto
Prefeito do Município de Nova Friburgo

Marcelo Barucke
Defensor Público
Coordenador Regional da Defensoria Pública
Matrícula nº 817.882-4

Carlos André Rodrigues Pedrazzi
Advogado – OAB/RJ nº 59820
Presidente da 9ª Subseção da OAB/RJ

Rômulo Luiz de Aquino Colly
Advogado – OAB/RJ nº 110.995
Vice-Presidente da 9ª Subseção da OAB/RJ

Sérgio Simonsen
Perito Legista
Diretor do IML-AP/RJ
Matrícula 872.246-4

José Pedro Costa da Silva
Delegado de Polícia de Nova Friburgo
Matrícula 823.230-8

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Música de sexta feira



Música especial para os babacas que pretendem conter a delinquência
juvenil, construindo presidios.

Fatos e recuerdos


Governo Dilma já liberou R$ 1,18 bilhão em ajuda emergencial à Região Serrana do RJ. PAC 2 tem R$ 11 bi para investimento em áreas de risco. Cerca de uma centena de municípios mais vulneráveis terão prioridade em obras de contenção de encostas. Até o governo do PT reativar a política habitacional com o Minha Casa ,Minha Vida, Brasil ficara 25 anos sem oferecer outra opção aos pobres senão favelas, beiras de córregos e pirambeiras. Mercados atendiam a 30% da população com acesso a financiamento. O restante se virava no espaço informal, muitas vezes espremendo-se em verdadeiros batustões periféricos.  A mesma mídia que torce para que dê tudo errado no governo Dilma, tratou com menosprezo e ceticismo o 'Minha Casa, Minha Vida' lançado no auge da crise mundial, no início de 2009. Ninguém apostava um centavo na execução da meta de um milhão de moradias. No final de dezembro de 2010, o total de contratos fechados era de um milhão e 14 mil habitações --fora de áreas de risco. Em SP, a coalizão demotucana dirigida pela dupla Serra/Kassab boicotou o programa até o último minuto, de olho nas eleições. Perdeu a eleição e perdeu a aposta no fracasso das metas. Agora, a coalizão e seu dispositivo midiático lamentam a tragédia produzida pela  'ocupação irregular' nas cidades brasileiras.

Leia mais no portal do Carta Maior

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Tapado de nojo


Tchê, me tapei de nojo! Esta expressão é comumente usada na fronteira com o Uruguai, quando nos decepcionamos com atitudes alheias. Quando não gostamos de algo ou de alguém. Hoje vou usá-la contra determinados políticos, principalmente os que ao meu ver, usam e, ou, usaram equivocadamente as redes sociais. É indiscutível a importância das redes sociais no último pleito eleitoral. Muitos candidatos usaram todas as redes politicamente, propondo, interagindo e respondendo na maioria das vezes os questionamentos de seus possíveis eleitores. Isso é extremamente positivo. O Lamentável hoje, é que a maioria sumiu das redes, de todas elas. Blogues, Orkut, Facebook e Twitter, esta interatividade simplesmente acabou para os políticos, eleitos ou não. Com honrosas e raríssimas exceções e mesmo assim, a dificuldade pra falar com eles é impressionante. Normalmente quem alimenta o perfil destes políticos, são os assessores, vários deles. Chefe de gabinete,assessor de imprensa, assessor do assessor. Como disse, raríssimos são os políticos que alimentam pessoalmente seus perfis. O maior exemplo disso, percebe-se no twitter, no período eleitoral, eles pipocavam o dia inteiro, seguiam, eram seguidos, mandavam DM, enchiam tua caixa de e-mail, passado o pleito, desapareceram. Particularmente acho um equivoco, provavelmente no próximo pleito estarão de volta as redes com seus exércitos de assessores. Estes, sinceramente não enxergam as mídias alternativas e redes sociais como contraponto aos monopólios corporativos e golpistas, aliás se comportam como tal. São apenas exploradores de quem vem desbravando e contestando os grandes grupos de comunicações. Eles hoje preferem desfilar suas vaidades nos mesmos meios tradicionais que combatemos. É com estes picaretas que estou “tapado de nojo”.

sábado, 15 de janeiro de 2011

A mídia na lama



As redes de Tv no Brasil, transformam tragédia em novelas. É cacoete, virou fórmula de cobertura.
O (a) jornalistinha sabujo chega a fazer caras e bocas.
Imagino que tenham aulas de dramaturgia intensiva.
Esta semana, aqui em casa passamos por momentos de muita angustia, meus filhos passando férias em Nova Friburgo e em Teresópolis vive minha sogra, cunhadas e parentes de minha companheira. Assim, como todos ficamos sem comunicação. Ainda hoje a comunicação e eletricidade é precária.
Como é do conhecimento de todos, ano sim e outro também ocorre desmoronamentos no Rio de Janeiro. Seja na capital, baixada ou região serrana. Muda apenas o numero de mortos e atingidos.
No Rio de Janeiro, existe um morro para cada um.
Ricos e pobres moram morro acima, na região serrana a situação ainda é pior, lá você mora no morro,ou mora na valeta que cruza entre eles.
Mas, voltando ao tema dos repórteres e suas entrevistas é revoltante vê-los atuando da forma como fazem.
Hoje a gota d'água foi ouvir o relato de um rapazinho da Globo de camisa branca e limpa, dizer textualmente:
“Tive que fazer o caminho assim como todos ELES, ou seja, subi o morro caminhando”
Não é bonitinho?
Eles andam. E falam.
Falam com o mais pobrezinho que encontram pela frente e aí, o torturam com perguntas cretinas.
A intenção destes babacas é sempre sensibilizar o telespectador.
Guiar suas emoções.
Comigo eles conseguiram.
Despertaram meu mais nobre sentimento de revolta e desprezo.
Será que existe uma cartilha pronta pra estes imbecis perguntar?
O senhor já tinha imaginado passar por isso?
Ou a pergunta estúpida pra uma mãe esperando na frente do IML para identificar a filha:
Como a senhora está se sentindo nesta hora?
E agora que o senhor(a) perdeu a família, casa e cachorro, vai fazer o quê?
Ah meu filho, vou dar uma festa.
Ainda tem os “especialistas” de estúdio com suas receitas, seus culpados e soluções fantásticas e extremamente fáceis.
Tipo, vamos concretar todas as montanhas.
A culpa é do governo por não retirar as pessoas a tempo.
Por que deixam as pessoas construir ali?
Como já falei, e quem conhece o Rio de Janeiro sabe que estes locais, são os únicos pra se morar.
Mora-se na montanha ou na valeta da montanha.
As montanhas cariocas vão continuar deslizando, com ou sem casas por lá.
O Rio é um dos menores Estados em extensão, entretanto, é um dos mais populoso do Brasil, onde existem mais pessoas por metro².
Por derradeiro, agora é esperar novamente a queima de fogos em Copacabana e torcer pra que as chuvas do ano que vem sejam mais leves.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Impeachment de Cesar Peluso?

O jurista Carlos Lungarzo, da Anistia Internacional, propõe uma reviravolta e uma inversão da situação criada pelo ministro Cezar Peluso do STF, no caso Cesare Battisti. Em reação à tentativa de golpe institucional, o governo poderá impugnar, decretar impeachment e demitir Cezar Peluso por crime de alteração de decisão tomada pelo próprio STF. 
A inesperada proposta poderá mudar  totalmente o quadro: em lugar do STF ridicularizar o Executivo, negando-se a cumprir uma decisão do ex-presidente Lula, será o presidente do STF quem terá de justificar, sob pena de processo e demissão, sua manipulação e alteração de uma decisão do próprio STF.

Seguem os argumentos do jurista Carlos Lungarzo que modificam totalmente a análise da questão. Em lugar da extradição de Cesare Battisti, trata-se agora de uma possível impugnação do presidente do STF.

Decisões Judiciais e Crime de Alteração      (Por Carlos Lungarzo)

No processo de extradição passiva 1085, onde o requerido era o escritor Cesare Battisti, o Supremo Tribunal Federal julgou dois aspectos. Um foi a admissibilidade de extradição, o outro foi a faculdade do Chefe de Estado para decidir sobre a execução efetiva do ato extradicional. Ambas as questões foram decididas na sessão de 18/11/2009. Como é bem sabido, o tribunal autorizou a extradição por 5 votos contra 4. No final da sessão, foi colocado em votação o direito do presidente para executar ou indeferir a extradição.

Os cinco ministros Marco Aurélio, Joaquim Barbosa, Ayres Britto, Carmen Lúcia e Eros Grau votaram que o chefe de estado poderia decidir, de maneira discricionária. Já os ministros Peluso, Mendes, Lewandowski e Ellen Gracie votaram contra.

Todavia, no dia 16 de dezembro, por causa de uma moção de ordem colocada pela Itália, a questão foi reaberta, provocando indignação nos juízes Marco Aurélio e Britto. Durante o debate, Peluso tentou pressionar Eros Grau para que votasse contra o que fora decidido na sessão anterior. Grau reclamou de estar sendo mal interpretado, mas acabou aceitando que a discricionariedade do presidente ficaria limitada pelo Tratado de Extradição entre o Brasil e a Itália.

Finalmente, o documento que ficou aprovado e foi publicado no acórdão de abril de 2010, disse, com outras palavras, que: autorizada a extradição pelo STF, o presidente fica facultado a executar a extradição ou a recusar sua aplicação, desde que, para tanto, se baseie no Tratado.

De fato, esta “liberdade” que o STF deu ao presidente não era necessária: a Constituição Federal considera o chefe de estado como representante da nação na política internacional e, além disso, toda a jurisprudência anterior, sem exceção, afirma o direito do presidente de escolher entre acatar o parecer de extraditar ou rejeitá-lo. É significativo que, alguns dias antes, o STF tivesse autorizado uma extradição ao Estado de Israel, deixando ao presidente o direito de decidir. Aliás, o sistema “misto” de extradição (usado no Brasil e em quase todos os países) determina que o judiciário “proteja” o extraditando, proibindo ao executivo sua extradição, se houvesse motivo para isso, mas autorizando quando a situação fosse legalmente viável. Nesse caso, ficaria a critério do presidente aproveitar a autorização ou reter o estrangeiro.

Mesmo assim, foi muito bom que o STF chegasse a uma decisão explícita sobre isso. Se, mesmo assim, o ministro Peluso decidiu alterá-la, o que ele poderia ter feito sem uma decisão explícita?

Na sessão em que foi votada esta matéria, por causa das constantes pressões de Mendes e, sobretudo, de Peluso, Eros Grau parecia muito nervoso, mas ainda assim a decisão final da corte foi clara. Posteriormente, Grau tratou o problema com maior detalhe numa matéria que publicou no Consultor Jurídico, em 29/12/2009 (vide).

Após alguns argumentos muito precisos, Grau disse que o presidente pode recusar a extradição autorizada pelo tribunal nos termos do Tratado. Pode fazer isso em alguns casos que não são examináveis pelo tribunal, e menciona precisamente o artigo 3º, I, que foi o utilizado por Lula. A idéia do magistrado, coerente com toneladas de jurisprudência e doutrinas internacionais, é que o presidente pode negar a extradição por um fundado temor de perseguição do estrangeiro no país requerente, mas esse temor não pode ser avaliado pelo judiciário. Como responsável pela política externa, é o executivo e seus assessores os que melhor podem “sentir” se há perigo ou não.

O Tratado entre o Brasil e a Itália                   

Esse Tratado (veja aqui) foi assinado em Roma em outubro de 1989, aprovado por Decreto Legislativo no Brasil em novembro de 1992, e finalmente aprovado por Decreto em julho de 1993. Nos artigos 3º, 4º e 5º se enunciam condições que exigem a recusa da extradição. O artigo 4º não é relevante neste caso, pois proíbe a extradição a países onde há pena de morte, o que não acontece na Itália.

O artigo 3º e o 5º são ambos aplicáveis ao caso Battisti. No item I, inciso (f) do artigo 3º, proíbe-se a extradição quando existam motivos para pensar que o requerido possa ser perseguido por pertinência a algum grupo designado (racial, religioso, político, etc.), ou sua situação pudesse ser agravada por causa disso.

No artigo 5º, (a) também se veda a extradição quando a pessoa reclamada “tiver sido ou vier a ser” submetida a um processo sem direito de defesa. Battisti não teria novo julgamento, e ele já tinha sido submetido a um julgamento em ausência, sem provas, sem testemunhas, com advogados falsos e com base em alguns documentos falsificados. Este ponto aplica-se plenamente. O inciso (b) se refere ao perigo de que o extraditado possa sofrer a violação de seus direitos humanos básicos, o que é evidente, tendo em conta as práticas de tortura e tratos degradantes aplicados na Itália a presos políticos, e as ameaças de morte contra ele proferidas por sindicatos (carabineiros e policiais), por associações neofascistas, e até por alguns políticos.

Parecer da AGU e Decisão do Presidente

No dia 31 de Dezembro de 2010, o presidente Lula fez conhecer sua decisão sobre a extradição, recusando sua aplicação e retendo Cesare Battisti no país sob a figura jurídica de imigrante (residente permanente). A decisão foi publicada no Diário Oficial da União em sua edição adicional do próprio dia 31.

A decisão foi baseada no parecer emitido pela Advocacia Geral da União (AGU), assinado pelo advogado geral substituto, Albuquerque Faria, que o elaborou se fundamentando no parecer do consultor da União Arnaldo de Moraes Godoy.

O parecer e é longo, consistente, articulado e detalhadamente fundamentado. Ele é mais do que suficiente para justificar o “fundado temor de perseguição”, pois o consultor se baseia em fatos notórios que são de domínio público. Ele aplica o item 3.I.f, argumentando que a situação de Battisti poderia se agravar na Itália, tendo em conta as grandes manifestações em sua contra. É um fato que qualquer pessoa sem interesse em prejudicar Battisti, responderia de olhos fechados. Vejamos como seria a pergunta:

Uma pessoa estará segura, permanecendo presa num país onde centenas de pessoas vinculadas ao estado promovem manifestações de repúdio contra ele?

Se os inimigos o atacam com ódio, e até incluem Lula em seus ataques, a 10 mil Km, o que poderiam fazer se o tivessem em seu poder?.

Eventualmente, poderia acontecer que Battisti fosse preso e sobrevivesse na prisão, até porque o governo não gostaria, talvez, matar alguém que é tão conhecido. Mas, isso tem uma probabilidade baixa. Os carcereiros italianos pertencem a uma federação de sindicatos de alcance nacional que várias vezes declarou seu desejo de “acertar contas” com o escritor. Aliás, o ministro La Russa manifestou como era grande seu desejo de torturar Battisti. Não se conserva nenhum registro de Adolf Hitler onde ele manifestasse seu desejo de torturar ninguém (embora sim, de matar).

O parecer é mais do que suficiente, mas cabe salientar que os autores manifestam várias vezes, seu grande respeito pelas instituições italianas. Também, afirmam que não terão em conta a fraude das procurações, embora não afirmem nem neguem sua existência. Tudo indica que os autores não queriam irritar Itália, mas esse espírito pacífico não foi útil: de fato, o presidente do STF, Antonio Cezar Peluso, não procurava acordo, mas, pelo contrário, confronto, como veremos a seguir.

O Pedido de Soltura

No dia 3 de janeiro, a equipe de defesa de Battisti solicitou ao presidente do STF, Cezar Peluso a soltura do ex-extraditando, com base no fato de que, uma vez extinta a extradição, a manutenção do estrangeiro em prisão era ilegal.

O chefe da equipe, o jurista Luís Roberto Barroso, apresentou junto com o pedido um raciocínio singelo:
Se o STF passou a Lula a responsabilidade pela decisão, cabe ao executivo também concluir essa decisão, colocando em liberdade o ex-extraditando. Ele faz notar que, se Lula tivesse decidido em favor da extradição, ele poderia entregar o prisioneiro à Itália e, sem dúvida, ninguém lhe pediria uma permissão do STF para fazer isto. Portanto, não cabe ao tribunal reavaliar o processo. Barroso acrescenta:

O julgamento já foi concluído, a decisão já transitou em julgado, e o processo de extradição já foi, inclusive, arquivado. Já não é possível, juridicamente, reabrir a discussão acerca da competência do presidente da República [...] Trata-se de dar cumprimento ao que foi decidido, em cumprimento às instituições.

Consistente com o fato de que problema agora deixou de ser judicial, Barroso pede, também, que o Ministério da Justiça libere Battisti.

Peluso recebeu, na mesma época, uma ordem da Itália de manter Battisti preso, e como tinha feito pelo menos 7 vezes durante o julgamento, obedeceu. No dia 6 de janeiro disse que Battisti devia continuar preso, e que o assunto será encaminhado para o novo relator, Gilmar Mendes.

O deboche contra o executivo e o próprio judiciário fica evidente, mas o representante legal da Itália, com um raciocínio torpe e insultuoso, deixou isso ainda mais óbvio. O advogado da Itália disse, explicitamente, que Lula usurpou funções, porque deveria ter adotado como decisão o parecer do STF: extraditar. Embora o advogado não continuou seu “raciocínio”, o que ele disse significava isto: o STF teria dado a Lula apenas a faculdade para decidir entre estas alternativas:  (1) extraditar Battisti ou (2) extraditar Battisti. Quer dizer, que o STF teria dado a Lula a “liberdade” aparente de mostrar obediência. Este comentário é um grave insulto contra os juízes do STF que votaram em favor da decisão presidencial. No momento de negar a liberdade de Battisti pedida por Barroso, Peluso manifestou, de maneira oblíqua, o privilégio do STF para dar a última palavra. Ou seja, para a lógica do ex-relator, podem existir duas últimas palavras ou, então, a realidade é que a outorga da última palavra a Lula foi uma farsa.

Trata-se de uma amostra de desprezo capital não apenas contra o executivo, mas também contra o judiciário, pois significa que uma decisão tomada por um colegiado ou por um juiz, pode ser distorcida por alguém que se apresenta como dono absoluto da decisão.

Peluso ainda disse que não tinha certeza de que Battisti estaria em risco se voltasse a Itália. Cabe ao ministro Peluso apenas apreciar se Lula se pronunciou de acordo com o Tratado, mas não apreciar a subjetividade do presidente. Se a opinião de Lula estivesse sujeita à opinião do STF e este pudesse anulá-la, qual seria o valor do direito de decisão?.

Isto prova de maneira ainda mais contundente, que Peluso e Mendes assumiram aquela decisão do STF como uma formalidade que não pensavam cumprir, e que realmente sua intenção era extraditar o italiano passando por cima da decisão do presidente, e dos colegas que reconheceram o direito do executivo.

Reações Qualificadas

O ministro do STF, Carlos Ayres Britto, afirmou logo em seguida de conhecida a decisão de Lula, que o presidente do STF, Cezar Peluso pode decidir sozinho pela soltura imediata de Battisti. De acordo com Britto, sem a extradição cai o fundamento da prisão. Esta foi a opinião de muitos juristas e políticos, cuja lista não caberia neste artigo. Idêntica foi a manifestação de Marco Aurélio, que defendeu o direito de Battisti a ser liberado logo que a decisão de Lula tivesse sido publicada. O mesmo parecer foi o do jurista Dalmo de Abreu Dallari, que se estendeu detalhadamente sobre o tipo de arbitrariedade cometida por Peluso.

A Teoria do Golpe

Conhecida a negativa de Peluso a soltar Battisti, Luís Barroso, uma pessoa que surpreende por sua equanimidade e seu temperamento calmo, manifestou grande indignação. Afirmou que o ato de Peluso era uma espécie de golpe, e ainda acrescentou que essa “disfunção” parecia ter desaparecido da realidade brasileira. Ou seja, não duvidou em comparar o golpe de Peluso com outros golpes (disfunções). O ex-ministro Tarso Genro, agora governador de RS, qualificou estes fatos como ditadura.

Entre os mais famosos e violentos golpes acontecidos na América Latina, há diferenças de tipos de aliança, graus de cumplicidade e relevância dos papeis de diferentes agentes políticos. Na Argentina, onde os militares tiveram até 1982 um poder absoluto, em aliança com a Igreja e os latifundiários, as forças armadas controlaram a vida civil até nos breves períodos de aparente democracia. Por esse motivo, todos os golpes se originaram no ambiente militar e nos partidos políticos cúmplices, e geraram ditaduras onde o elemento castrense foi o principal.

No Chile e no Uruguai, países com tradição democrática e laica, com poucos golpes em sua história, os assaltos ao poder de 1973 deveram ser preparados por uma prévia campanha de provocação da imprensa, as empresas, a CIA e, no caso do Chile, o judiciário. Já Brasil foi um caso intermédio, onde os fatores de provocação foram deflagrados pelos grandes proprietários, os agentes americanos, e as organizações católicas que prepararam a Marcha que antecedeu o golpe.

Em Honduras, em 2009, o golpe corresponde a outra época, onde o papel militar está reduzido.  As forças armadas atuaram principalmente na repressão popular e no seqüestro e desterro do presidente Zelaya. A consagração da ditadura seguinte e a convocação das eleições fraudadas foram planejadas pela Suprema Corte.

Portanto, não é um argumento correto para negar que a ação do ministro Peluso seja um golpe, aduzir o caráter incruento e não militar da ação do juiz. Não sabemos qual foi o motivo desse ato provocativo contra o executivo e o próprio judiciário, mas ele pode ser visto como um golpe parcial. Ele não derrubou nenhum governo, e provavelmente não tenha interesse em fazê-lo, mas contribuiu a tornar mais frágil o executivo, e a subordinar o resto do judiciário.

É importante perceber que a decisão do presidente Lula foi imediatamente denegrida, a custa de quaisquer inverdades, pela maior parte da grande mídia, que tem um histórico muito preciso de desestabilização de governos populares. Também, foi deflagrada uma campanha de ódio contra o presidente pelas figuras mais tortuosas do poder legislativo.

Golpe contra Quem

O golpe “parcial” do presidente do STF afeta dois poderes:

1.      O EXECUTIVO. (a) Não há, neste momento, nenhuma dúvida de que o Presidente tinha atributos legais para decidir em favor ou contra o ato de extradição. (b) A prisão de um extraditando só pode ser mantida durante o tempo que dure o processo. Se este acabar com a decisão favorável ao país requerente, o extraditando permanecerá preso até ser embarcado; se o processo culminar na rejeição, como neste caso, deve ser liberado. (c) O ministro Peluso, ao se recusar a liberar o ex-extraditando, nega a validade da decisão do presidente, numa manifestação de desacato.

2.      O PRÓPRIO STF. No fundo, é o poder judicial o mais profundamente atacado. Vejamos. (a) O STF, por maioria, decidiu pela faculdade do presidente a decidir a favor ou contra a extradição, desde que respeitado o Tratado. (b) O parecer da AGU se baseia de maneira nítida no artigo 3.I.f desse Tratado, evidenciando que a situação de Battisti se agravaria na Itália. (c) Sendo que Lula agiu em estrito acatamento ao parecer da AGU, e este se baseia de maneira notória no tratado, as condições exigidas pelo STF estão cumpridas.

O presidente foi autorizado pelo STF a proferir a palavra final sobre a extradição. Se o STF pretende questionar sua decisão e rever o assunto, é claro que a palavra não será final. Chama-se final àquele estágio após o qual não nenhum outro!

Ao usurpar a tarefa do presidente, o ministro Peluso está (1) invadindo a área de incumbência do executivo, e (2) ALTERANDO a decisão do STF, da última sessão da EXT 1085

Na mesma forma que outras autoridades, os ministros do Supremo Tribunal Federal podem incorrer em crimes de responsabilidade. Os crimes de responsabilidade foram elencados na Lei 1079, de 10 de abril de 1950. Na Parte III, Título I, Capítulo I, se mencionam vários tipos de crimes aplicáveis a ministros do SPF. Em nosso caso, interessa apenas o primeiro. [Os grifos são meus]

Art. 39. São crimes de responsabilidade dos Ministros do Supremo Tribunal Federal:

1- alterar, por qualquer forma, exceto por via de recurso, a decisão ou voto já proferido em sessão do Tribunal;

Esta lei nunca foi derrogada, e embora alguns de seus artigos fossem absorvidos pela Lei 10.028, de 19 de outubro de 2000, o artigo 39 nunca perdeu sua validade. A pouca freqüência de sua aplicação se deve, em parte, a que raramente se cometem graves alterações nas decisões do tribunal. 

Impugnação

Como qualquer outro ato fora da lei, a alteração de uma decisão jurídica pode ter diversos graus de gravidade. Obviamente, cabe aos juristas e não aos ativistas de direitos humanos, avaliar essa gravidade. No entanto, desde minha perspectiva de leigo, acredito que neste caso a alteração é muito grave e que, aliás, independe de ser um caso de extradição ou de qualquer outra natureza. Observemos:

1.      Quando se discutiu no plenário do STF a faculdade do presidente da república para decidir, os ministros Peluso e Mendes aduziram que o assunto era confuso, e, especialmente Peluso, tentou forçar a decisão e confundir os que votavam em favor do chefe de estado.

2.      Quando se percebeu vencido, Peluso proferiu uma evidente ameaça. Ele disse que se Battisti fosse mantido no Brasil por decisão do governo, quem tiraria ele da prisão?.

3.      O mais importante é que a negativa de Peluso a aceitar a decisão do executivo, é uma alteração notória, que tira credibilidade ao judiciário, e gera na cidadania um sentimento de insegurança jurídica.

Em outros casos (muitos poucos, é verdade), houve reações da cidadania para impugnar alguns juízes. Embora esses casos pareciam justificados, eles deram lugar a longas polêmicas. Ora, quero enfatizar que desde minha visão não especializada do problema, entendo que a alteração da decisão da corte por parte de Peluso não é um ato polêmico. É uma manipulação pública, vista por milhões de pessoas, da decisão emitida pelo próprio Tribunal..

Desejo encerrar este artigo como uma pergunta dirigida aos que possuem formação jurídica. Não será que este ato justifica a impugnação (IMPEACHMENT) do presidente do STF??

Finalmente: lembrem Honduras…
Originalmente publicado no Pragmatismo político

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Açudes e cacimbas



Yeda Rorato Crusius, antes de assumir o governo guasca já prometia uma revolução no campo com seu projeto de irrigação. Nos mesmos moldes de Germano Rigotto que prometera um posto de saúde por km, a senhora YRC se comprometeu em fazer milhares de barragens e açudes no estado, prioritariamente nas regiões mais castigadas pelas estiagens. Na verdade, institucionalizou a promessa e tão logo assumiu criou a “Secretaria de Irrigação”. Seu governo acabou e os milhares de açudes e barragens ficaram apenas no papel. Os números finais de seu governo e da mídia amiga, indicavam mais de 4 mil açudes construídos e duas barragens. Esta semana, os números de açudes foram reduzidos pelo próprio ex-secretário de irrigação de Yeda. Baixou de 4 mil para mil e poucos “micro açudes”. Com relação as barragens propagadas por Yeda e alardeadas pela mídia generosa, ou seja, as barragens de Tacuarembó (R$80 milhões) e Jaguari (R$85 milhões), ambas na bacia do rio Santa Maria, ainda não irrigaram nenhum hectare de terra, pior, a mídia golpista se olvida de citar que 70% destas obras são feitas com recursos do PAC. A bem da verdade, o Rio grande sofre à décadas com estiagens como esta de agora, especialmente a metade sul. O novo governo, ao que sei, extinguiu a secretaria de irrigação e transferiu a responsabilidade para a Secretaria de Agricultura. Se assim for, está em boas mãos, pois em que pese que o Secretário Mainardi pouco saiba de agricultura, de secas e estiagens ele entende. Afinal Mainardi foi prefeito de Bagé por oito anos e padeceu com a barragem de Sanga Rasa e a de Arvorezinha que ainda não saiu do Papel, e vê o sofrimento de seu povo com racionamento de agua de 12 em 12 horas.
Assim é a vida. Digo mais, precisamos de técnologia pra armazenamento de agua e não apenas ficar cavando cacimbas no Estado afora.

Musicas em inglês que parece português



Música de sexta feira, dia que exige "profundidade". Ou não.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Wikileaks: Tony Palocci queria a ALCA


Saiu na Folha (*), pág. A7:

“Críticos minaram diplomacia comercial do Brasil com os EUA.”

“Estratégia do Itamaraty foi atacada em contatos com americanos … ”

“Defensores da ALCA acenaram aos EUA com a chance de reativar as negociações em 2005, quando o então Ministro da Fazenda, Antonio Palocci, aproveitou um encontro de Lula com o Secretário do Tesouro dos EUA, John Snow, para debater a idéia.”

“Segundo os americanos, (Tony – PHA) Palocci ‘se ofereceu (sic) para liderar (sic) um esforço para dar novo impulso às negociações’ e levar (sic) o Itamaraty a ‘uma postura mais proativa (sic)’. Lula ‘desconversou’, indicando que não tinha interesse.”

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Quer dizer, então, que, depois do Nelson Johnbim, temos agora o ministro Tony Palocci.
Dois que espinafram a política externa brasileira para autoridades americanas.
Papelão, hein ?
Como o Celso Amorim deve ter sofrido, nas mãos do Tony e do Johnbim.
A ALCA, como se sabe, foi uma tentativa americana de unir as Américas, sob a liderança americana.
Era a criação de um Commonwealth do Império Americano.
A tentativa começou com Bush, o pai, tomou outro formato com Clinton, e Bush, o filho, tentou ressuscitá-la.
O principal objetivo sempre foi botar o Brasil – o maior país da América Latina – debaixo do guarda-chuva americano.
Outro grande da America Latina, o México, já estava devidamente abrigado sob o guarda-chuva do Nafta.
E deu no que deu.
O PiG (**) e a elite branca se excitaram com a idéia de aderir à ALCA e oficializar a volta à condição de colônia com que sempre sonharam.
Lula resistiu.
Celso Amorim comeu o pão que o diabo amassou nos editoriais coloniais do Estadão.
O que não se sabia é que Tony trabalhava nos bastidores.



Em tempo: como sempre, a Folha (*) errou na hora de fazer o título. Quando deu a notícia de que o Johnbim foi ao embaixador americano para solapar a política externa do Governo a que servia, o título da Folha (*) era outro. Escondia a infidelidade do ministro serrista. Agora, para proteger Tony Palocci – quindim de Iaiá do PiG (**) – fez o mesmo. Deu a proteção dos últimos parágrafos da matéria.


Paulo Henrique Amorim no Conversa Afiada

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Capitalismo: o que é isso?


As duas referências mais importantes para a compreensão do mundo contemporâneo são o capitalismo e o imperialismo.

A natureza das sociedades contemporâneas é capitalista. Estão assentadas na separação entre o capital e a força de trabalho, com aquela explorando a esta, para a acumulação de capital. Isto é, os trabalhadores dispõem apenas de sua capacidade de trabalho, produzir riqueza, sem os meios para poder materializa-la. Tem assim que se submeter a vender sua força de trabalho aos que possuem esses meios – os capitalistas -, que podem viver explorando o trabalho alheio e enriquecendo-se com essa exploração.

Para que fosse possível, o capitalismo precisou que os meios de produção –na sua origem, basicamente a terra – e a força de trabalho, pudessem sem compradas e vendidas. Daí a luta inicial pela transformação da terra em mercadoria, livrando-a do tipo de propriedade feudal. E o fim da escravidão, para que a força de trabalho pudesse ser comprada. Foram essas condições iniciais – junto com a exploração das colônias – que constituíram o chamado processo de acumulação originaria do capitalismo, que gerou as condições que tornaram possível sua existência e sua multiplicação a partir do processo de acumulação de capital.

O capitalismo busca a produção e a comercialização de riquezas orientada pelo lucro e não pela necessidade das pessoas. Isto é, o capitalista dirige seus investimentos não conforme o que as pessoas precisam, o que falta na sociedade, mas pela busca do que dá mais lucro.

O capitalista remunera o trabalhador pelo que ele precisa para sobreviver – o mínimo indispensável à sobrevivência -, mas retira da sua força de trabalho o que ele consegue, isto é, conforme sua produtividade, que não está relacionada com o salário pago, que atende àquele critério da reprodução simples da força de trabalho, para que o trabalhador continue em condições de produzir riqueza para o capitalista. Vai se acumulando assim um montante de riquezas não remuneradas pelo capitalista ao trabalhador – que Marx chama de mais valia ou mais valor – e que vai permitindo ao capitalista acumular riquezas – sob a forma de dinheiro ou de terras ou de fábricas ou sob outra forma que lhe permite acumular cada vez mais capital -, enquanto o trabalhador – que produz todas as riquezas que existem – apenas sobrevive.

O capitalista acumula riqueza pelo que o trabalhador produz e não é remunerado. Ela vem por tanto do gasto no pagamento de salários, que traz embutida a mais valia. Mas o capitalista, para produzir riquezas, tem que investir também em outros itens, como fábricas, máquinas, tecnologia entre outros. Este gasto tende a aumentar cada vez mais proporcionalmente ao que ele gasta em salários, pelo peso que as máquinas e tecnologias vão adquirindo cada vez mais, até para poder produzir em escala cada vez mais ampla e diminuir relativamente o custo de cada produto. Assim, o capitalista ganha na massa de produtos, porque em cada mercadoria produzida há sempre proporcionalmente menos peso da força de trabalho e, por tanto, da mais valia - que é o que lhe permite acumular capital.

Por isso o capitalista está sempre buscando ampliar sua produção, para ganhar na competição, pela escala de produção e porque ganha na massa de mercadorias produzidas. Dai vem o caráter sempre expansivo do capitalismo, seu dinamismo, mobilizado pela busca incessante de lucros.

Mas essa tendência expansiva do capitalismo não é linear, porque o que é produzido precisa ser consumido para que o capitalista receba mais dinheiro e possa reinvestir uma parte, consumir outra, e dar sequencia ao processo de acumulação de capital. Porém, como remunera os trabalhadores pelo mínimo indispensável à sobrevivência, a produção tende a expandir-se mais do que a capacidade de consumo da sociedade – concentrada nas camadas mais ricas, insuficiente para dar conta do ritmo de expansão da produção.

Por isso o capitalismo tem nas crises – de superprodução ou de subconsumo, como se queira chamá-las – um mecanismo essencial. O desequilíbrio entre a oferta e a procura é a expressão, na superfície, das contradições profundas do capitalismo, da sua incapacidade de gerar demanda correspondente à expansão da oferta.

As crises revelam a essência da irracionalidade do capitalismo: porque há excesso de produção ou falta de consumo, se destroem mercadorias e empregos, se fecham empresas, agudizando os problemas. Até que o mercado “se depura”, derrotando os que competiam em piores condições – tanto empresas, como trabalhadores – e se retoma o ciclo expansivo, mesmo se de um patamar mais baixo, até que se reproduzam as contradições e se chegue a uma nova crise.

Esses mecanismos ajudam a entender o outro fenômeno central de referência no mundo contemporâneo – o imperialismo – que abordaremos em um próximo texto.

Por Emir Sader no portal Carta Maior

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A mídia golpista já mostra a cara


Como já era previsível, a mídia golpista não deu um dia de Sossêgo para os governos de Dilma e Tarso Genro. O jornal Estado de São Paulo, largou uma chamada com o título; “Governo Dilma é alvo de protestos”. Na verdade, como pode-se ler no quadro abaixo, se tratava de um militar que tentou entrar no palácio pra entregar uma carta a presidenta Dilma.

Aqui no Rio Grande guasca não foi diferente. A mídia bombachuda e golpista, capitaneada pelo PRBS (P de partido)também não deixou barato o primeiro dia de governo de Tarso Genro. Além de trazer a pauta problemas de segurança, saúde e educação, como se estes tivessem surgido ontem, no final da noite a TVCom, veículo da RBS, num apresentado por Lasier Martins, reuniu um grupo de especialistas e perguntou numa interativa(?): Qual sua expectativa do governo de Tarso Genro? Alguém aí tem duvidas de qual resultado? As respostas poderiam ser, ótimo,boa, regular e ruim. O resultado nas palavras o apresentador. “47% do povo gaúcho tem péssima expectativa do novo governo”. Este é o tratamento que a mídia golpista dispensará ao governo petista. Lá e cá. Hoje leio no Jornal Eletrônico Sul 21, que o PT lançou uma nova cartilha, ou seja, “Manual do deputado petista”, que recomenda aos 88 parlamentares, que assumirão o mandato em fevereiro, que tomem cuidado com a grande imprensa já que, segundo a cartilha, a mídia teria má vontade com o PT. O manual também explica que, na maioria das vezes, os jornalistas vêm com a pauta pronta, e que os parlamentares devem respeitar isso e, também, o dead line (horário limite) dos repórtertes. “Não participe ou tente derrubar (a pauta). É preciso ter paciência e resistência”, aconselha o Manual. O livreto ainda fala da manipulação da notícia e enfatiza que a internet diminuiu o poder da grande imprensa. Para o partido, os blogues alternativos são um caminho mais direto, “sem o filtro ideológico”. Já é alguma coisa, entretanto, é imperativo que estes deputados,secretários e afins estejam atentos e que não se deixem trair pela vaidade ou pela ânsia dos holofotes midiáticos e golpistas de sempre. A mídia guasca continua sendo o maior partido de oposição às forças politicas progressistas.

Até ontem a mídia e a Yeda achavam que estava tão bom.

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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Leitura para colonizados: Kennedy e a decadência americana


                                      Kennedy é leitura recomendável aos que tiram o sapato

Saiu no Estadão pág. A14, de ontem:

“Os EUA só estão no rumo da normalidade.”

“ Perda de influência dos americanos no cenário internacional pode ser entendida como um processo natural pelo qual passaram grandes potências nos últimos séculos.”

Trata-se de artigo do historiador Paul Kennedy, professor de História e diretor de Estudos de Segurança Internacional na Universidade de Yale, nos Estados Unidos.

É autor de um clássico, “Ascensão e queda das grandes potências”, http://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&langpair=en%7Cpt&u=http://vi.uh.edu/pages/buzzmat/bookreviews/coxkennedy.doc


Diz o artigo no Estadão:

“ (o fim da hegemonia americana) é preocupante … até mesmo para Estados como a Índia e o Brasil, que nos próximos anos desempenharão papéis mais importantes nas questões  mundiais.”

“Todos nós devemos ter cuidado ao desejar o fim da relativamente benigna hegemonia americana; podemos nos arrepender depois que ela acabar.”

“(mas) o poderio militar americano não pode se apoiar sobre pilares de areia; ele não pode depender, indefinidamente, de líderes estrangeiros ( financiarem seu déficit).”

“Os EUA deixarão de ser uma potência mundial desproporcional e tornarão um grande país, que terá de ser ouvido.”

“ (mas) terá de descer alguns degraus.”

“ Os EUA serão importantíssimos, apenas menos do que antes. Isso não é mau. Teremos uma situação mais normal.”

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Recomenda-se a leitura a colonistas (*) de vários matizes.

De muitos ou poucos chapéus.

Recomenda-se aos críticos da política externa do presidente Lula, os  que preferiam a “diplomacia da dependência” do FHC, a que tirava o sapato.

Recomenda-se ao Padim Pade Cerra  que, na campanha, só defendeu posições americanas: o apoio à Chevron, a critica ao Mercosul e ao Irã, o ataque para-militar à Bolívia.

Recomenda-se aos editorialistas do Estadão, que ainda não voltaram da Conferência de San Francisco que fundou a ONU, em 1945.

Paulo Henrique Amorim no Conversa Afiada