sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Os Neo-governistas: Kassab, Kátia Abreu e o Partido Da Boquinha

Não é possível saber até que ponto esta notícia da Folha é confiável, mas em linhas gerais ela apenas reproduz aquilo que vem se desenhando há algum tempo.

De efetivo, temos a certeza de que Kassab está indo fundar seu partido, se aproveitando de uma brecha na lei, o PDB, ou Partido Da Boquinha Partido da Democracia Brasileira e vai levar muita gente, acredita-se que até 20 deputados federais e, então, ou formará frente com o PSB (o saudoso Miguel Arraes se revira na cova) e se fundirá ao partido.

Aqueles que quiserem apenas usar o PDB de ponte, mas não são caras-de-pau o suficiente para entrar no PSB e adotarem o Socialismo Empresarial (invenção do Skaf), poderão escolher depois, livremente, seus partidos de preferência... da base aliada, claro, afinal, todos querem cargos e precisam ter um trabalho "honesto" para justificar a renda originária de fraudes, roubos e etc...

Das duas uma, o novo partido é apenas uma ponte, vazio de ideologia e criado apenas por interesses políticos desonestos (sim, é redundância). A oposição mingua e o governo incha, mas não por adesões ideológicas, mas por interesse em boquinhas e cargos.

Temos dois problemas nisso. Primeiro, o Brasil precisa de oposição. Claro, não esta oposição estúpida e extremista do PSDB/DEM/PPS. Precisamos de uma oposição séria e consciente, que possa servir como contra-peso ao governo. Já não temos isto e cada dia mais se torna mais difícil vislumbrar algo do tipo.

Segundo, até que ponto ainda podemos falar em um governo de esquerda? Hoje o PT não faz nada sem o PMDB, e cada vez mais agrega novos elementos à sua base e, em troca, faz concessões. Entregamos nossa política externa vibrante, desistimos de punir criminosos da Ditadura e agora até perseguimos as vítimas, a política econômica atual lembra a de FHC e, em geral, muito daquilo que Lula construíu pode ser desmontado - e ele também é grande responsável pela situação atual.

Mas, se alguém achava que não podia piorar, uma novidade interessante: Kátia Abreu, miss moto-serra, líder dos ruralistas, figura de extremíssima-direita e senhora de escravos também virará governista! Ela prepara sua ida para o PDB junto com Kassab, além de outros elementos do DEM e PPS.

Será que ela mudou de ideologia, abriu os olhos, virou uma pessoa decente... ou simplesmente acha que poderá influenciar o governo - que já abandonou a reforma agrária - a abandonar e criminalizar o MST?


Eu não duvidaria. Muitos petistas mais radicais defendem, ou ao menos justificam Sarney, Collor, acharam ótimo o Kassab chegar junto... Kátia Abreu é só mais um estágio da cooptação.

Também não duvido da defesa fanática que alguns petistas farão de tudo e virarão fãs de carteirinha da Kátia Abreu se for preciso. Afinal, a Dilma está por trás destas negociações e, segundo Jamil Murad, do PCdoB, pelo governo TUDO!

De higienista criminoso Kassab virará curinga do governo e de quebra levará a Kátia Abreu. Fazendo o papel de advogado do diabo, será que o Serra seria tão ruim, visto que sua base de apoio inteira está migrando pra de Dilma?

Eis a notícia da Folha de hoje:
Oposição deserta para partido de Kassab

Atalho para a adesão ao governo Dilma Rousseff, PDB atrai senadora Kátia Abreu e deputados de DEM e PPS

Se adesão de pelo menos 20 parlamentares for confirmada, bloco será quarta maior força da Câmara dos Deputados

DE SÃO PAULO
DE BRASÍLIA

A exemplo do vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, a senadora Kátia Abreu (TO) deverá deixar o DEM junto com o prefeito Gilberto Kassab.
Idealizado por Kassab como atalho para adesão ao governo Dilma, o PDB (Partido da Democracia Brasileira), partido que planeja criar, não provocará desfalque apenas no DEM. Será o destino de parlamentares insatisfeitos, especialmente da oposição interessados em migrar para a base governista.
Confirmada a promessa de Kassab de levar ao menos 20 deputados para uma frente parlamentar em sociedade com o PSB, o bloco será quarta maior força da Câmara.
Segundo articuladores do movimento, o PPS, por exemplo, corre risco de perda de quatro dos 12 deputados, sendo dois deles da bancada paulista. A criação da nova sigla poderá sangrar partidos da base de Dilma, como PR, PTB e PP.
Em São Paulo, pelo menos dois vereadores do PSDB deverão se filiar ao PDB.
A adesão de Afif à debandada provocou reunião ontem entre aliados do governador Geraldo Alckmin. No Bandeirantes, o PDB recebeu apelido depreciativo: "partido da boquinha".
Articulação impôs ainda mudanças no xadrez político do Estado. Hoje no PSB, o deputado Gabriel Chalita abriu negociação com o PTB. Outro integrante do PSB interessado em concorrer à prefeitura, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), Paulo Skaf, flerta com o PMDB.
Alckmin se recusou a comentar. Kassab, por sua vez, enalteceu o gesto de Afif:
"Não vislumbro um projeto político estando em um partido e o Afif em outro".

SAÍDA ANUNCIADA
A saída da senadora Kátia Abreu já era esperada pela cúpula do DEM. A desconfiança foi reforçada após o alinhamento com o governo na votação do mínimo.
Anteontem, ela se absteve, enquanto seu partido defendeu um valor maior do que os R$ 545 aprovados. O filho da senadora, o deputado federal Irajá Abreu (DEM-TO), deverá acompanhá-la.
Como antecipou ontem a Folha, o novo partido será fundido futuramente ao PSB. Mas nem todos os filiados ao PDB serão obrigados a integrar o movimento. No momento da fusão, eles poderão procurar outra legenda.
Segundo aliados do prefeito, a maioria dos oito deputados federais por São Paulo deve seguir Kassab, à exceção de Jorge Tadeu Mudalen (2º secretário da Câmara) e Alexandre Leite.
Em resposta às movimentações, o DEM já está com dois pareceres jurídicos contrários à operação.0 (CATIA SEABRA, MARIA CLARA CABRAL, E RANIER BRAGON)

Via Blog do Tsavakko
Read more: http://tsavkko.blogspot.com/2011/02/os-neo-governistas-kassab-katia-abreu-e.html#ixzz1EygxiyFm

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Legenda de Kassab é o "partido da janela"


Perde tempo quem discute a abertura da janela para troca de partido dentro de uma suposta reforma política. A janela, na prática, será o partido fantasma que está sendo criado pelo prefeito Gilberto Kassab para permitir sua saída do DEM.
A nova sigla, na opinião de um PhD em política, vai receber muito mais do que os 20 deputados especulados. “Talvez receba uns 60 e ninguém vai entender nada.”
Explica-se: quando a nova sigla se fundir com o PSB, a janela legal se abre. “Todo mundo poderá ir para onde quiser”. Ou seja, nem todos estão indo pelos olhos claros de Kassab.
E aí? E aí ganha o PMDB em sua disputa com o PT (que, claro, é contra a janela). Hoje o PT tem 85 deputados e o PMDB, 77.
É este o interesse do vice-presidente Michel Temer no futuro de Kassab. Mais do que levá-lo para o PMDB – aliás, Temer fez pouco esforço para tal -, o principal era empurrar Kassab para a criação da sigla trampolim

Postagem do Jorge Félix

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Nova geopolítica: A encruzilhada norte-americana

por Izaías Almada

Não consigo entender a razão que me impede de ser um grande admirador dos Estados Unidos da América do Norte. E olhe que já tentei: comprei um chapeuzinho do Mickey na Disneylândia, fantasiei-me de Homem Aranha no Carnaval, compadeci-me com os assassinatos de John Kennedy e Martin Luther King, tenho uma nota de um dólar guardada como talismã, mas não tem jeito, não consigo engolir o tal ‘american way of life’.
Devo confessar, inclusive, que tenho grande admiração pela produção cultural norte americana, sua literatura, seu teatro dramático e musical, o blues e o soul na música, muitos de seus filmes, poetas como Whitman e Auden, dramaturgos como Albee, Miller e Tennessee Williams, escritores do talento de Faulkner e Baldwin… E a lista aqui seria extensa.
Mas quanto à sua decantada democracia e o seu papel de polícia do mundo, não. Aí, não… Aí o assunto se reveste de inquestionável transcendência.  O mundo já está cansado da intromissão direta de siglas como CIA, DEA, FBI, MARINES ou indireta como FMI, ONU, OEA, OTAN (onde prevalece a ‘visão norte americana’ e corporativa do mundo capitalista) e outras menos conhecidas pelo grande público, mas não menos importantes ou perniciosas.
Desde que a Segunda Grande Guerra desmontou o poder hegemônico da Europa sobre o mundo, inclusive expondo as vísceras de um colonialismo perverso e ultrajante de países como a Alemanha, a Holanda, a Inglaterra, a Itália, Espanha, França, esse lugar foi ocupado pelos Estados Unidos da América do Norte, que soube, mais do que ninguém se aproveitar da oportunidade oferecida pelas circunstâncias da luta contra o nazi/fascismo, entre outros fatores, e assumir o papel de gendarme da humanidade.
Ao ajudar combater o eixo Roma/Berlim/Tóquio e eliminar o fantasma de um mundo governado por um psicopata como Adolpho Hitler, os EUA envolveram-se num manto de simpatia mundial que muito bem souberam canalizar para a defesa de seus interesses econômicos e estratégicos, aos poucos disseminado e sustentado por uma poderosa máquina de manipular ideias e consciências através do rádio, da imprensa, do cinema e da televisão.
Pode-se mesmo dizer que os últimos sessenta anos vividos pela humanidade, se caracterizaram por uma monumental propaganda em favor de um sistema econômico que transforma a água em vinho, multiplica os pães, mas deixa na miséria, ou quase, 90% da população mundial. E, o que é mais grave, crucifica a todos aqueles que não rezam pela sua cartilha. E não são poucos os Pilatos que lavam as mãos diante de tal situação.
Coréia, Vietnam, Indonésia, ditaduras pela América Central e do Sul nos anos que se seguiram à Segunda Grande Guerra, apoio a genocidas africanos, apoio a golpes de estado em países como Chile, Brasil, Argentina, Bolívia, Uruguai, nos anos 60/70, Kosovo (Bálcãs), Haiti, Honduras em anos mais recentes dão, apesar do volume de ações, uma pálida idéia da intromissão de um país autoritário e arrogante na vida política de outros povos.
A livre concorrência e a defesa de interesses econômicos dão aos EUA, no limite dos direitos adquiridos e na prática de uma diplomacia minimamente civilizada, consoante as próprias leis que regem o sistema capitalista, a possibilidade de se fazerem ouvir em qualquer ponto do globo terrestre. Contudo, direito igual têm todos os outros países da comunidade internacional.
No entanto, não é esse o filme a que se assiste. Apoiado por uma poderosa máquina de guerra, onde se destacam as armas nucleares (negadas ou permitidas a outros países conforme as alianças que se fazem), a hipocrisia (para dizer o menos) da política norte americana é de transformar o Iago da tragédia shakespeariana numa verdadeira Madre Tereza de Calcutá.
Mistificando suas ações de combate ao terrorismo e ao narcotráfico, o Departamento de Estado e sua diplomacia feita de chantagens e espionagem, conforme revelações mais recentes do site Wikileaks, parecem ter chegado a um impasse nessa primeira década do século XXI. Sua economia vai mal, seu poder de barganha diminui, sua influência na América Latina e agora no Oriente Médio declina.
Conseguirá o presidente Barack Obama mostrar que foi merecedor de um prêmio Nobel de Paz ou esse galardão se desmoraliza em definitivo?

Izaías Almada é escritor, dramaturgo, autor – entre outros – do livro “Teatro de Arena: uma estética de resistência” (Boitempo) e “Venezuela povo e Forças Armadas” (Caros Amigos).

Surrupiado do Escrevinhador

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Retrato do Rincão do Atraso

PIB de Livramento

Aqui vão mais algumas informações que o site do IBGE (www.ibge.gov.br) tem do município de Sant'Ana do Livramento. Quem estiver interessado em ter os mesmos dados de outras cidades brasileiras, só precisa acessar a página do órgão e buscar no menu localizado à esquerda da tela a opção Cidades@. Abaixo estou colocando os números referente ao Produto Interno Bruto (PIB) de Livramento e a sua relação com as informações do Rio Grande do Sul. São dados referentes ao ano de 2008.

Notem a importância da Administração Pública para Livramento. Ela representa um quinto do PIB do município e tem mais valor em sua constituição que a Indústria e até mesmo que a Agropecuária. No estado, este setor representa menos de 12%, enquanto no município supera a casa dos 20%. Ainda em relação com o Rio Grande do Sul, o setor primário tem o dobro de sua importância para o PIB santanense, ao tempo que notamos a deficiência industrial da cidade fronteiriça ao compararmos com os números gaúchos que são quase quatro vezes superior. Também é importante destacar que temos um dos piores PIB per capita (391º lugar entre 496 municípios), mas pagamos mais impostos que a maioria das cidades gaúchas (88º posição).

SANT'ANA DO LIVRAMENTO

PIB (R$ mil)
888.849        100,00%          40º col. no RS
Agropecuária
164.136          18,47%          10º col. no RS
Indústria
56.693            06,38%        103º col. no RS
Comércio e Serviços
542.746          61,06%          35º col. no RS
Administração Pública
184.195          20,72%          20º col. no RS
Impostos sobre Produtos
125.273          14,09%          88º col. no RS
Per capita (R$)
10.484                               391º col. no RS
 
RIO GRANDE DO SUL

PIB (R$ milhão)
199.499           100,0%    
Agropecuária
18.122            09,08%
Indústria
45.708             22,91%
Comércio e Serviços
108.427           54,35%
Administração Pública
23.270            11,66%
Impostos sobre Produtos
27.242            13,66%
Per capita (R$)
18.378

Pescado no Blog Roendo as Unhas

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

“Programa de renda negligencia mulheres”

Por Redação PNUD Brasil

Políticas de proteção social raramente consideram a desigualdade de gênero, apesar de a pobreza feminina ser mais grave.
Apesar das evidências de que a pobreza afeta mais as mulheres, os programas de proteção social — como os de transferência de renda ou de frentes de emprego — negligenciam as desigualdades entre os sexos, avaliam as cientistas sociais Rebecca Holmes e Nicola Jones, do Instituto de Desenvolvimento Ultramarino, com sede em Londres.
“Poucos programas sociais têm como objetivo primordial aumentar a autonomia de meninas e mulheres ou transformar as relações de gênero”, escrevem as pesquisadoras na edição mais recente da Poverty in Focus, revista do CIP-CI (Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo), um órgão do PNUD em parceria com o governo brasileiro.
Em alguns casos, o problema simplesmente não é abordado. Em outros, a única medida adotada é incluir as beneficiadas como pessoa responsável por receber o dinheiro. Essa abordagem, argumentam as autoras, “resulta num conceitualização estreita das vulnerabilidades de gênero e num foco que apoia as responsabilidades domésticas tradicionais das mulheres”.
Raramente as políticas priorizam a transformação das relações domiciliares de modo a assegurar que o ganho de renda no lar seja alocado igualmente. Também são poucos os exemplos de programas que enfrentam as desigualdades de poder de decisão e de distribuição do trabalho dentro de casa.
Ao adotar essas estratégias, avaliam as pesquisadoras, os programas sociais abordam os riscos e vulnerabilidades econômicos, mas dão pouca atenção às dimensões sociais, como desigualdade de gênero, discriminação social e relações desiguais de poder. E, “para muitas populações pobres e marginalizadas, as fontes sociais de vulnerabilidade são frequentemente tão ou mais importantes”.
Uma pesquisa feita pelo Instituto de Desenvolvimento Ultramarino detectou alguns programas que tentam conciliar as duas abordagens – em Bangladesh, Gana, Peru, Etiópia, Índia e México. Há projetos que tentam facilitar o acesso de mulheres e meninas à escola e ao sistema de saúde, sobretudo durante a gravidez e a amamentação. Em outros, os benefícios em forma de dinheiro ou víveres são acompanhados de cursos de conscientização sobre violência de gênero. O mapeamento também encontrou iniciativas em que se estimulam a participação e a liderança feminina na comunidade, inclusive em debates que decidam o rumo dos programas.
Algumas ações de frente de emprego (em que se paga para o beneficiado exercer um serviço público) construíram creches e permitiram que as trabalhadoras tivessem horários mais flexíveis, contam as autoras. Outras incluíram a construção de estruturas que fazem com que as mulheres percam menos tempo em trabalhos domésticos (por exemplo: fonte de água potável próxima à comunidade, para que elas não tenham que se deslocar até outro local).
Mesmo esses programas, porém, ainda enfrentam desafios para promover a autonomia das mulheres (ou “empoderamento”), como destaca o texto. Algumas frentes de emprego, por exemplo, de fato aumentaram a renda feminina e ofereceram formas não abusivas de trabalho, mas preconceitos arraigados dificultaram a redução da desigualdade.
O artigo aponta que, como às vezes se assume que há alguns trabalhos que não são apropriados para mulheres, os homens em média ganham mais e elas trabalham menos dias. No Peru, as mulheres de fato participaram das discussões, mas isso tornou ainda mais difícil para elas conciliar as outras tarefas.
O ideal, avaliam as cientistas sociais, é estabelecer vínculos mais estreitos entre esses programas as políticas econômica e social. “Quando os instrumentos de proteção social são parte de um pacote maior da política econômica e social, eles têm mais probabilidade de ajudar a transformar as relações entre homens, mulheres, meninos e meninas.”
(Envolverde/PNUD Brasil)

Envolverde

Envolverde é uma revista digital que aborda assuntos ligados ao Meio ambiente, Educação e Sustentabilidade. É vencedora do 6º. Prêmio Ethos de Jornalismo na Categoria Mídia Digital.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Notícias do Rincão do Atraso

Reproduzo texto de amigo jornalista, Duda Amaral, titular do Blog Roendo as unhas. Duda sempre foi um companheiro nos grandes debates do "Rincão", em que pese nossas posições ideológicas contrárias. O questionamento que o Amaral faz neste texto é muito pertinente, qualquer fronteiriço entende, principalmente se tratando da omissão de um gestor como Wainer Machado. O Prefeito Wainer, pra quem não sabe, foi o cara que conseguiu extrapolar a prostituição eleitoral e ideológica. Este prefeito do PSB, partido apoiador do governo Lula e companheiro de chapa no atual governo Tarso, na sua reeleição foi eleito numa dobradinha com o PSDB, pra agravar o pragmatismo do vulto, levou junto na composição os DEMOS(PFL). Esta turma é quem governa a fronteira do atraso. Aliás atraso comprovado nos dados do IBGE, do qual o Duda Amaral é hoje funcionário. Livramento perdeu 18 mil habitantes em 10 anos. Como diz o gaúcho, crescemos como cola de cavalo. Com relação ao texto do Duda, incluiria demandas cruciais pra fronteira. Universidade Bi-nacional, partindo do pressuposto que o governo federal deve inaugurar em bréve uma escola técnica bi-nacional, UERGS incluída na mesma pauta, agro-industrias a partir dos 36 assentamentos que temos lá, bacia leiteira, organização da cadeia do mel, etc. Fiquem com o texto e a queixa.
***************
Onde estava nosso Prefeito?

Não tenho a menor ideia por onde andava o prefeito de Sant'Ana do Livramento Wainer Machado (PSB) nesta segunda-feira, mas tenho a certeza que havia dois lugares onde a sua presença era essencial nesta data para o bem do nosso município. Não escutei ele falando em emissora de rádio (o que é bem comum), não havia informação no site da Prefeitura e não consegui falar com seus assessores... por isso não sei por onde ele poderia estar nesta segunda. Porém, sei de dois lugares onde o prefeito da Cidade Símbolo do Mercosul deveria estar. Infelizmente, eram dois grandes eventos para contar com sua presença no mesmo horário e em locais diferentes.

Enquanto o governador Tarso Genro tratava questões envolvendo Rio Grande do Sul e Uruguai na capital Montevidéu, o vice Beto Grill (do mesmo partido de Wainer) reunia-se com prefeitos e representantes de várias cidades gaúchas para tratar sobre repasse de recursos para os municípios atingidos pela estiagem e do aproveitamento da energia eólica no Rio Grande do Sul. Lembrem que Livramento decretou situação de emergência em função da seca. Já em Montevidéu, uma comitiva de políticos e empresários liderados pelo governador discutiu temas como transformar em binacional o aeroporto de Rivera, promover a comercialização conjunta de arroz e a reativação de linhas férreas entre o nosso estado e o país vizinho. Pautas discutidas com a Comissão dos Representantes Permanentes do Mercosul. Lembrem que Livramento é a Cidade Símbolo do Mercosul.

Afinal, onde estava o prefeito Wainer Machado? Se não esteve em nenhum desses dois eventos, seria uma grande omissão de sua parte. O vereador João Batista Conceição (PSB) garante que o chefe do Executivo viajou para Porto Alegre para falar com o secretário Beto Albuquerque e para a reunião com o vice-governador. Confesso que vi algumas imagens do encontro e identifiquei o Robson Cabral, secretário de Planejamento, mas não o prefeito. Conceição também concordou com a importância para Livramento das pautas entre Tarso e Governo do Uruguai, mas questionou como participar da comitiva sem o convite do Piratini.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

BIG BROTHER BRASIL – BBB


Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço…A décima primeira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil,… encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.
Dizem que em Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros… todos, na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE…
Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.
Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.
Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.
Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?
São esses nossos exemplos de heróis?
Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros: profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..
Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.
Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.
Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada, meses atrás pela própria Rede Globo.
O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.
E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a “entender o comportamento humano”. Ah, tenha dó!!!
Veja o que está por de tra$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.
Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social: moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?
(Poderiam ser feitas mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)
Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.
Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa…, ir ao cinema…, estudar… , ouvir boa música…, cuidar das flores e jardins… , telefonar para um amigo… , visitar os avós… , pescar…, brincar com as crianças… , namorar… ou simplesmente dormir.
Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade.

Por Luiz Fernando Veríssimo no Blog da Dilma

Wikileaks revelam sabotagem contra Brasil tecnológico


Casa Branca toma ações concretas para impedir, dificultar e sabotar o desenvolvimento tecnológico brasileiro em duas áreas estratégicas: energia nuclear e tecnologia espacial. Em ambos os casos, observa-se o papel anti-nacional da grande mídia brasileira, bem como escancara-se, também sem surpresa, a função desempenhada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, colhido em uma exuberante sintonia com os interesses estratégicos fo Departamento de Estado dos EUA, ao tempo em que exibe problemática posição em relação à independência tecnológica brasileira. O artigo é de Beto Almeida.
O primeiro dos telegramas divulgados, datado de 2009, conta que o governo dos EUA pressionou autoridades ucranianas para emperrar o desenvolvimento do projeto conjunto Brasil-Ucrânia de implantação da plataforma de lançamento dos foguetes Cyclone-4 - de fabricação ucraniana - no Centro de Lançamentos de Alcântara , no Maranhão.

Veto imperial
O telegrama do diplomata americano no Brasil, Clifford Sobel, enviado aos EUA em fevereiro daquele ano, relata que os representantes ucranianos, através de sua embaixada no Brasil, fizeram gestões para que o governo americano revisse a posição de boicote ao uso de Alcântara para o lançamento de qualquer satélite fabricado nos EUA. A resposta americana foi clara. A missão em Brasília deveria comunicar ao embaixador ucraniano, Volodymyr Lakomov, que os EUA “não quer” nenhuma transferência de tecnologia espacial para o Brasil.

“Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil”, diz um trecho do telegrama.

Em outra parte do documento, o representante americano é ainda mais explícito com Lokomov: “Embora os EUA estejam preparados para apoiar o projeto conjunto ucraniano-brasileiro, uma vez que o TSA (acordo de salvaguardas Brasil-EUA) entre em vigor, não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil”.

Guinada na política externa
O Acordo de Salvaguardas Brasil-EUA (TSA) foi firmado em 2000 por Fernando Henrique Cardoso, mas foi rejeitado pelo Senado Brasileiro após a chegada de Lula ao Planalto e a guinada registrada na política externa brasileira, a mesma que muito contribuiu para enterrar a ALCA. Na sua rejeição o parlamento brasileiro considerou que seus termos constituíam uma “afronta à Soberania Nacional”. Pelo documento, o Brasil cederia áreas de Alcântara para uso exclusivo dos EUA sem permitir nenhum acesso de brasileiros. Além da ocupação da área e da proibição de qualquer engenheiro ou técnico brasileiro nas áreas de lançamento, o tratado previa inspeções americanas à base sem aviso prévio.

Os telegramas diplomáticos divulgados pelo Wikileaks falam do veto norte-americano ao desenvolvimento de tecnologia brasileira para foguetes, bem como indicam a cândida esperança mantida ainda pela Casa Branca, de que o TSA seja ,finalmente, implementado como pretendia o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas, não apenas a Casa Branca e o antigo mandatário esforçaram-se pela grave limitação do Programa Espacial Brasileiro, pois neste esforço algumas ONGs, normalmente financiadas por programas internacionais dirigidos por mentalidade colonizadora, atuaram para travar o indispensável salto tecnológico brasileiro para entrar no seleto e fechadíssimo clube dos países com capacidade para a exploração econômica do espaço sideral e para o lançamento de satélites. Junte-se a eles, a mídia nacional que não destacou a gravíssima confissão de sabotagem norte-americana contra o Brasil, provavelmente porque tal atitude contraria sua linha editorial historicamente refratária aos esforços nacionais para a conquista de independência tecnológica, em qualquer área que seja. Especialmente naquelas em que mais desagradam as metrópoles.

Bomba! Bomba!
O outro telegrama da diplomacia norte-americana divulgado pelo Wikileaks recentemente e que também revela intenções de veto e ações contra o desenvolvimento tecnológico brasileiro veio a tona de forma torta pela Revista Veja, e fala da preocupação gringa sobre o trabalho de um físico brasileiro, o cearense Dalton Girão Barroso, do Instituto Militar de Engenharia, do Exército. Giráo publicou um livro com simulações por ele mesmo desenvolvidas, que teriam decifrado os mecanismos da mais potente bomba nuclear dos EUA, a W87, cuja tecnologia é guardada a 7 chaves.

A primeira suspeita revelada nos telegramas diplomáticos era de espionagem. E também, face à precisão dos cálculos de Girão, de que haveria no Brasil um programa nuclear secreto, contrariando, segundo a ótica dos EUA, endossada pela revista, o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, firmado pelo Brasil em 1998, Tal como o Acordo de Salvaguardas Brasil-EUA, sobre o uso da Base de Alcântara, o TNP foi firmado por Fernando Henrique. Baseado apenas em uma imperial desconfiança de que as fórmulas usadas pelo cientista brasileiro poderiam ser utilizadas por terroristas , os EUA, pressionaram a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que exigiu explicações do governo Brasil , chegando mesmo a propor o recolhimento-censura do livro “A física dos explosivos nucleares”. Exigência considerada pelas autoridades militares brasileiras como “intromissão indevida da AIEA em atividades acadêmicas de uma instituição subordinada ao Exército Brasileiro”.

Como é conhecido, o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, vocalizando posição do setor militar contrária a ingerências indevidas, opõe-se a assinatura do protocolo adicional do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, que daria à AIEA, controlada pelas potências nucleares, o direito de acesso irrestrito às instalações nucleares brasileiras. Acesso que não permitem às suas próprias instalações, mesmo sendo claro o descumprimento, há anos, de uma meta central do TNP, que não determina apenas a não proliferação, mas também o desarmamento nuclear dos países que estão armados, o que não está ocorrendo.

Desarmamento unilateral
A revista publica providencial declaração do físico José Goldemberg, obviamente, em sustentação à sua linha editorial de desarmamento unilateral e de renúncia ao desenvolvimento tecnológico nuclear soberano, tal como vem sendo alcançado por outros países, entre eles Israel, jamais alvo de sanções por parte da AIEA ou da ONU, como se faz contra o Irã. Segundo Goldemberg, que já foi secretário de ciência e tecnologia, é quase impossível que o Brasil não tenha em andamento algum projeto que poderia ser facilmente direcionado para a produção de uma bomba atômica. Tudo o que os EUA querem ouvir para reforçar a linha de vetos e constrangimentos tecnológicos ao Brasil, como mostram os telegramas divulgados pelo Wikileaks. Por outro lado, tudo o que os EUA querem esconder do mundo é a proposta que Mahmud Ajmadinejad , presidente do Irà, apresentou à Assembléia Geral da ONU, para que fosse levada a debate e implementação: “Energia nuclear para todos, armas nucleares para ninguém”. Até agora, rigorosamente sonegada à opinião pública mundial.

Intervencionismo crescente
O semanário também publica franca e reveladora declaração do ex-presidente Cardoso : “Não havendo inimigos externos nuclearizados, nem o Brasil pretendendo assumir uma política regional belicosa, para que a bomba?” Com o tesouro energético que possui no fundo do mar, ou na biodiversidade, com os minerais estratégicos abundantes que possui no subsolo e diante do crescimento dos orçamentos bélicos das grandes potências, seguido do intervencionismo imperial em várias partes do mundo, desconhecendo leis ou fronteiras, a declaração do ex-presidente é, digamos, de um candura formidável.

São conhecidas as sintonias entre a política externa da década anterior e a linha editorial da grande mídia em sustentação às diretrizes emanadas pela Casa Branca. Por isso esses pólos midiáticos do unilateralismo em processo de desencanto e crise se encontram tão embaraçados diante da nova política externa brasileira que adquire, a cada dia, forte dose de justeza e razoabilidade quanto mais telegramas da diplomacia imperial como os acima mencionados são divulgados pelo Wikilieks.

(*) Beto Almeida é jornalista e originalmente publicou na Carta Maior

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A crise da hegemonia ocidental no Oriente Médio

A hegemonia do capitalismo no mundo se assentou na industrialização, que promoveu sua superioridade econômica, com todos os seus outros desdobramentos – tecnológicos, culturais, políticos. Esse processo se apoiou centralmente no petróleo como fonte energética, sem que a Europa ocidental – seu núcleo original – pudesse contar com petróleo.

A hegemonia norteamericana consolidou o estilo de consumo da civilização do automóvel – a mercadoria por excelente do capitalismo norteamericano -, que acentuou o papel do consumo de petróleo. Embora os EUA tivessem petróleo, seu gasto excessivo fez com que suas fontes se aproximassem cada vez mais do esgotamento, além de que o montante que sempre precisaram os fez se somarem aos países que dependem da importação do petróleo.

Estava assim inscrito no estilo de vida ocidental, a dominação dos países árabes, para dispor de petróleo a preços baratos. Esse esquema encontrou seu primeiro grande obstáculo com o surgimento de regimes nacionalistas, em países fundamentais na região, como o Egito e o Irã. Os problemas convergiram na crise de 1973, em que se uniram o aumento do preço do petróleo com a reivindicação do Estado palestino e a oposição ds governos árabes unidos a Israel.

Diante da crise, os EUA passaram a operar em duas direções: intensificar os conflitos que dividissem o mundo árabe – como a guerra Iraque-Irã – e buscar formas de conseguir a presença permanente de tropas norte-americanas na região – obtida a partir da primeira guerra do Iraque.

O enfraquecimento dos governos árabes e da sua unidade interna foi acompanhada da cooptação do governo do Egito – depois da morte de Nasser, primeiro com Sadat (o primeiro a normalizar relações com Israel) e depois com Mubarak, o que fez desse pais o aliado fundamental dos EUA no mundo árabe, recebendo a segunda maior ajuda militar de Washington no mundo, logo atrás de Israel.

A diversificação das fontes de energia – com a importação de gás da Rússia – alivia um pouco a demanda de petróleo, mas incorpora a dependência de um país que tampouco aparece como confiável para a Europa. Mais seguro é o controle politico e militar da região pelos EUA, como garantia para a Europa. Os países europeus não participaram das guerras do Iraque – com exceção da Inglaterra -, mas as financiaram, pelos serviços que os EUA lhes prestam.

A eventual perda do Egito como eixo do controle politico da região seria gravíssimos para os EUA – além da queda do ditadora aliado na Tunísia e outros desdobramentos em países com governos similares na região. Além de que poderia contribuir decisivamente para romper o isolamento de Gaza, liberando a entrada via Egito, até aqui tão bloqueada como aquela controlada por Israel.

A impotência norteamericana diante das formas tradicionais de intervenção militar confirma a decadência da hegemonia dos EUA, nesse caso em uma região e em um país chaves para seu sistema de dominação. Está claro que Obama já abandonou a possibilidade de sobrevivência de Mubarak, concentrando-se agora numa transição que permita a cooptação de quem vier a sucedê-lo. É um tema aberto, que pelo menos revela que a alternativa aos regimes ditatoriais da região não reside obrigatoriamente em forças islâmicas – argumento utilizado na logica do mal menor de apoio a esses ditadores.

Em condições culturais renovadas, o nacionalismo árabe pode renascer, agora articulando uma nova unidade de governos progressistas, anti-EUA e pro palestinos na região – a pior das possibilidades para Washington -, mas plenamente possível, pela intervenção espetacular dos povos desses países.

Postado por Emir Sader, no Blog do Emir