terça-feira, 10 de junho de 2014

O partido da mídia e o Millenium preparam-se para o tudo ou nada



Engana-se quem pensar que as greves selvagens, os protestos violentos e a baderna em geral vão parar depois da Copa. Toda a questão é política e o prin...cipal objetivo é impedir a reeleição da presidente Dilma Rousseff. De um ano para cá, desde as tais "jornadas de junho", interesses variados se uniram para mostrar que a situação fugiu do controle nas ruas e nos fundamentos econômicos, provocando o caos nas grandes cidades, criando um clima de medo e revolta na população.


Se você repete todo dia que tudo vai mal e, depois, vai fazer uma pesquisa perguntando como estão as coisas, claro que a maioria vai dizer que as coisas vão mal. Se você só mostra problemas no governo federal e omite ou minimiza os desmandos na administração estadual, a maioria vai dizer que a presidente vai mal e o governador está muito bem.

Desta vez, o Partido da Mídia está muito mais organizado do que nas eleições anteriores, preparou-se para o tudo ou nada, unido como nunca no Instituto Millenium, e já começa a colher os frutos, como mostram as últimas pesquisas que ela própria promove.

São as tais profecias que se auto realizam e não deveriam surpreender ninguém os últimos números divulgados pelo Datafolha, mostrando a queda de Dilma em direção ao piso de popularidade de junho do ano passado, no auge das manifestações, enquanto os índices do governador Geraldo Alckmin se mantém impávidos rumo à reeleição. A culpa de tudo, como se lê no noticiário e ouve nas ruas, é do governo federal.

Claro que nada disso teria o mesmo resultado negativo para a situação e positivo para a oposição se a economia estivesse indo bem. Aí juntou a fome com a vontade de comer: deixando todos os flancos abertos na economia, sem mostrar nenhuma capacidade de reação, o governo Dilma é como aqueles times que recuam para garantir o resultado e pedem para tomar um gol. Acabam tomando.

Não é que a mídia tenha recuperado seu velho poder, mas parece óbvio que agora as condições concretas lhe são muito mais favoráveis para acabar com a hegemonia petista. Os gastos desnecessários ou superfaturados com a organização da Copa serviram apenas de pretexto para as turmas do passe livre, dos sem-teto revolucionários ou dos chantagistas sindicais, que agora resolveram reivindicar tudo de uma vez, colocando o governo contra a parede.

Depende, é claro, de qual governo estamos falando. Se a greve é dos motoristas que abandonam os ônibus atravessados no meio das ruas, um problema municipal, a Polícia Militar fica só assistindo, sem importunar ninguém. Mas se a greve é dos metroviários, um problema estadual, a mesma polícia tem ordens para baixar o cacete e acabar com os piquetes nas estações.

Este é o jogo e só não vê quem não quer ou tem algum interesse no resultado.


Por Ricardo Kotscho, no Brasil 247

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Emoções lá, canastrões acá


Na publicidade e na animação, já perdemos a Copa de goleada para os vizinhos. Basta ver as peças publicitárias da Argentina e do Chile, por exemplo.

Dão shows de sensibilidade, criatividade e emoção.

Quase se esquece o peso do anunciante em algumas delas, tamanha é a delicadeza emocional e motivacional dos vídeos.

Até parece que a Copa vai ser encenada por lá, no solo argentino ou no território chileno.
Vibrantes, os comerciais recorrem, por exemplo, à tenacidade heróica dos mineiros soterrados nas minas chilenas de San Jose.

Ou resgatam um jovem sem os dois braços que na copa de 1978, após a partida final em Buenos Aires, tentava enlaçar, com suas mangas vazias, dois heróis ajoelhados no gramado, consumando o que se chamou à época de "abraço da alma". Grisalho, 36 anos depois, ele, de novo, encontra-se com os mesmos dois envelhecidos campeões, unidos pela alegre esperança de conquistar a taça no Brasil.
E, por aí, vão os hermanos, alegremente contaminados pelo megaevento mundial. Basta buscar no youtube para se arrepiar.

Aqui, em nossos vídeos, repetem-se à exaustão os canastrões de sempre, Felipão e dona Olga, Romário tatibitati, Ronaldo multimarcas e as/os globastrais que continuam expondo os rostos, os trejeitos e os sotaques só para vender cerveja, carnes, refrigerantes, automóveis...

A Copa nem é mera desculpa para faturar mais e mais.

É deboche explícito com a tal paixão da pátria de chuteiras.

O texto é do meu colega, jornalista André Pereira

Fisgado do facebook dele