segunda-feira, 30 de maio de 2011

Para o Zé Claudio,Maria, Erenilto e Adelino



Adelino Ramos, presidente do Movimento Camponeses Corumbiara (RO) e da Associação dos Camponeses do Amazonas. Morto em Rondônia.
José Claudio Ribeiro da Silva, sua mulher Maria do Espirito Santo e Erenilto Silveira do Santos, os 
três agricultores mortos são do projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, localizado em Nova Ipixuna, no sudeste do Pará. Todos vítimas do latifundio que derruba a mata pra criar vacas e plantar soja pra exportação.
Música do grupo mexicano Maná, feita em homenagem ao ambientalista Chico Mendes. Assassinado pelo mesmo motivo.

Encontro sujo no RS


Neste final de semana, tive a oportunidade de “chafurdar” na lama dos Blogueiros e tuiteiros do RS guasca. Na verdade, não apenas guascas, encontrei sujinhos de vários Estados e de outros países. Experiencia fantástica conhecer pessoas com as quais compartilhamos idéias, divergimos, replicamos em nossos blogues suas posições e que por convergências nos reunimos num evento destes. Da mesma forma, encontrar com tuiteiros(as), que em nossa TL são apenas @, seguidos ou seguidores, pra além dos 140 caracteres, pudemos charlar bastante, trocar informações e impressões. A única avaliação que posso fazer do #BlogProgRS é do estrondoso sucesso que foi o evento. Quero apenas destacar pontos que realmente ficou martelando na cabeça de muitos, não vou citar nomes pra não cometer enganos e dar créditos equivocados.
Também não vou furta-los de uma avaliação idônea e estruturada do 1º Encontro de blogueir@s e Tuiteir@s do RS, basta clicar aqui ou aqui. Pra ver retratos aqui.
Uma, das muitas verdades que lá foram ditas, foi que não se pode esperar esperar vozes uníssonas entre nós. É imperativo dizer que um mesmo tema, discutido por estes blogueiros e tuiteiros reunidos, seria vertente das mais diversas opiniões e intermináveis discussões. Assim foi, assim será e que bom que é assim.
Também foi dito que não somos um movimento político. Sim e não. Político, acho que sim, somos. Não podemos partidarizar e tampouco hierarquizar este “movimento”, ou como queiram, esta militância digital. Tenho simpatia por um fórum permanente de discussão, sugestão do encontro, entretanto, quando se fala em associação, direção, diretoria, clube ou o afins, sinto beliscões na bunda.
Como disse, um dos muitos sábios, sujo e experiente lá presente, devemos nos guiar por diretrizes que nos aproximam, que temos acordo. E sabe qual destas é a que mais nos aproxima?
Essa eu sei. E respondo. Como sujo, encardido e jamais sabujo.
Combater e derrotar a velha mídia.
Na verdade, temos feito isso. Com competência, desmistificando factóides, mostrando fatos e verdades sem juízo de valor da notícia. Sem prejuízo de nossa opinião, evidente.
Mas, como disse alguem, “não podemos nos achar”, em que pese a contribuição no contra ponto que fizemos a mídia corporativa e golpista nas eleições de 2006 e 2010. Mas, uma coisa é certa, temos dado cagaço neles,todos os dias.
Outra sugestão que ouvi por lá: Devemos fazer um movimento político, pluripartidário, encaminhar demandas legislativas pra regulamentação para deputados (as), não obstante, apoiar a quem acolher tais demandas. Por, obvio.
Porém, sempre tenho um porém. Prospera a idéia de “Polibização” de blogues, tipo assim, financiamento, profissionalização dos referidos, banners. Sei lá, acho que isso merece mais discussão, sabe como é, buçal, compromisso, estreitamento. Vamos em frente, este mundo é efervescente, novo e em construção permanente.
Por derradeiro, o #BlogProgRS cumpriu plenamente com a pauta que se propunha, foi extremamente plural e radicalmente democrático. Houve acolhimento de todas as pautas, desempenho fantástico dos organizadores do evento, uma mescla de veteranos e jovens que resultou no sucesso pleno.
Parabéns a todos(as) e rumo ao 2ºBlogProgBR.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Dilma manda recado ao PMDB: “Não tem dois governos. Tem um”


A presidenta Dilma Rousseff mandou um recado nesta quinta-feira 26 para o PMDB, partido de seu vice Michel Temer e maior aliado do PT no Congresso, ao comentar a derrota sofrida pelo governo durante a votação de pontos polêmicos do novo Código Florestal, durante a semana, na Câmara.
“O governo tem uma posição, espero que a base siga a posição do governo. Não tem dois governos, tem um governo”, disse a presidenta.
Dilma, que durante a campanha prometeu não apoiar projetos que anistiassem desmatadores, lembrou que tem a prerrogativa de vetar propostas que considera “prejudiciais” ao país, mas fez um apelo para que haja entendimento entre as lideranças no Congresso.
Foi uma resposta ao bate-boca ocorrido no plenário da Câmara entre o líder do governo na Casa, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), e o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN).
Alves foi um dos apoiadores da inclusão de uma emenda que tirou do governo a atribuição de regularizar as atividades agrícolas em áreas de proteção permanente (APPs). A mesma emenda anistiou desmatamentos  cometidos por produtores até 2008. O governo era contra essa mudança no texto-base relatado pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), mas não conseguiu unir a base em torno da questão.
Ao ouvir de Vaccarezza que a presidenta Dilma considerava “vergonhosa” a alteração, Alves reagiu dizendo que não aceitava a ideia de que havia ajudado a derrotar o governo. “Não sou aliado do governo Dilma, eu sou o governo Dilma, eu tenho o vice-presidente da República, que não foi nomeado, foi eleito”, disse.
Apesar do discurso, Alves e a ala peemedebista que seguiu em direção contrária à orientação do Planalto foram duramente criticados pelos colegas petistas na Câmara.
Reação
Dilma, em entrevista coletiva dada após evento no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira - dois dias após a votação do projeto - reiterou a posição de seu partido ao comentar o que chamou de “impasse” observado na Câmara. “Eu, primeiro, tentarei construir uma solução que não leve a essa situação de impasse que ocorreu na Câmara, lá no Senado. Agora, eu tenho compromisso com o Brasil. Eu não abrirei mão de compromisso com o Brasil. Nós temos obrigações diferentes e prerrogativas diferentes. Somos Poderes e temos de nos respeitar: Judiciário, Legislativo e Executivo. Eu tenho a prerrogativa do veto. Se eu julgar que qualquer coisa prejudica o país, eu vetarei”, prometeu.
A presidenta disse ter ciência que seu veto pode, futuramente, ser derrubado pela Câmara novamente, e indicou que a questão pode ser resolvida em instâncias judiciais. Reiterou, no entanto, que é “a favor do caminho da compreensão e do entendimento”.
A declaração demonstra como está o clima entre o governo e a base aliada em seu segundo grande teste no Congresso – o primeiro foi a votação do valor do salário mínimo, em que o Planalto venceu a queda de braço com as centrais sindicais.
Vale lembrar que, ao tomar posse, Dilma contava com uma base de apoio maior do que a de seus antecessores Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, graças à aliança costurada entre petistas e peemedebistas durante as eleições.
Ao justificar os motivos que a levam a pensar em vetar o código, Dilma afirmou que o país deve ”combinar a situação de grande potência agrícola que ele é com a grande potência ambiental”.
“Não sou a favor da consolidação dos desmatamentos, da anistia aos desmatamentos. Eu acho que no Brasil houve uma prática que a gente não pode deixar que se repita. Muitas vezes se anistiava, por exemplo, dívidas, e novamente se anistiava dívidas, e as dívidas eram novamente anistiadas”, analisou.
Dilma disse, por fim, que a punição aos desmatadores deve ocorrer “não por nenhuma vingança, mas porque as pessoas têm de perceber que o meio ambiente é algo muito valioso”.

Artigo de Matheus Pichonelli no Portal Carta Capital

terça-feira, 24 de maio de 2011

Da Polônia à Espanha


Anuncia-se a vinda de Lech Walesa ao Brasil. Fará uma palestra em São Paulo no dia 9 de agosto dentro do ciclo “Fronteiras do Pensamento”, promovido por uma entidade chamada Casa do Saber.

O ex-lider sindical e ex-presidente da Polônia foi comparado nos anos 1980 ao então sindicalista Luis Inácio Lula da Silva. Tanto o aproximaram que o brasileiro chegou a visitá-lo na época. Lembro da decepção de Lula ao comentar, na volta, as limitações políticas do polonês, nada mais do que um anti-comunista católico extremado.

Walesa fez dobradinha com João Paulo II ajudando a derrubar o regime na Polônia para depois se tornar, em 1990, seu presidente, eleito pelo voto direto. Em 1995 perdeu a reeleição por muito pouco mas, em 2000, foi derrotado fragorosamente, não obtendo nem 1% dos votos.

No apogeu, Walesa fundou o Solidarnosc (Solidariedade), uma coalizão sindical com força de partido político. No Brasil era comum vermos carros com adesivos da agremiação tida para certos setores da esquerda como referência de luta.

Muitos dos integrantes desses grupos podem ser vistos hoje em programas de televisão ou assinando colunas na mídia comercial defendendo, convictamente, posições conservadoras.

A estridência com que se manifestavam em épocas passadas não cessou. Continuam enfáticos, só que agora na defesa dos interesses daqueles que lhes pagam para exercer esse papel.

Situações críticas, econômicas e políticas, são o caldo de cultura ideal para o alastramento das chamadas “posições libertárias” que, no fundo, nada mais são do que representações simbólicas do individualismo absoluto, tão ao gosto dos neoliberais.

Governos levados ao poder por esperanças de dias melhores para grandes massas, ao traí-las abrem caminho para o ceticismo. Mas como poder não deixa vácuo, seu espaço é logo preenchido por forças opostas àquelas cujas bandeiras tornaram-se desacreditadas.

Basta ver os resultados das eleições regionais realizadas na Espanha em meio às manifestações de rua. A vitória do Partido Popular era mais do que previsível diante do descrédito a que chegou o PSOE e a falta de alternativas orgânicas mais à esquerda.

O grito ouvido nas praças espanholas “Que no, que no, que no nos representam” dirigido aos políticos e aos partidos pode sintetizar o ânimo dos que estão por lá. Mas proporcionalmente são poucos em relação a todos que votam. A maioria acaba fazendo uma escolha, no caso a mais conservadora. O grito libertário, como se vê, acaba levando água para o moinho da reação.

No entanto, não é necessário ser sempre assim. Outros gritos ouvidos na Argentina nos anos 2001/2002 para “Que se vayan todos”, não eram muito diferentes dos entoados agora na Espanha.

Ainda que a duras penas, depois de presidentes que mal esquentavam a cadeira principal da Casa Rosada, os argentinos perceberam que fora de algum tipo de marco institucional não haveria saída.

Desse beco é que surgiu o governo de Nestor Kirchner com respaldo popular para reestruturar a dívida externa, enfrentar a crise e sair dela com sucesso suficiente para eleger sua sucessora.

Se caminho semelhante não for vislumbrado pelas forças de esquerda na Espanha as manifestações de hoje servirão apenas para aprofundar ainda mais as políticas neoliberais desenvolvidas pelo PSOE ao arrepio de suas origens socialistas.

Os limites impostos pelos bancos e pelas organizações financeiras multilaterais aos Estados nacionais são estreitos. Se politicamente é necessário um forte apoio político-partidário, ou seja uma via institucional, do ponto de vista econômico rupturas são imprescindíveis.

A melhor hipótese seria a canalização da energia das praças espanholas para a sustentação de uma política capaz de enfrentar a tirania rentista, preservando o que ainda resta do Estado de Bem-Estar Social.

A refundação do PSOE ou o fortalecimento das organizações mais à esquerda são as únicas alternativas capazes de dar à voz das ruas alguma conseqüência efetivamente transformadora.

Caso contrário reviveremos a história polonesa, com a entrega do Estado aos conservadores, apoiados por muitos dos que hoje gritam contra tudo e contra todos nas praças espanholas.

Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial). Twitter: @lalolealfilho.

Artigo originalmente publicado no portal Carta Maior

quarta-feira, 18 de maio de 2011

NÓS ROUBEMO AS PALAVRA DE OUTRO BLOG

"Por uma vida melhor": por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”

Por Daniela Jakubaszko*, do blog Mulheres de Fibra
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A polêmica que se criou em torno do livro Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, adotado pelo MEC, é inútil e representa um retrocesso para a Educação.
Como lingüista e professora de português defendo ardorosamente a utilização do livro. Vou explicar, mas antes faço alguns esclarecimentos:
1. A escola é o lugar por excelência da norma culta, é lá que devemos aprender a utilizá-la, isso ninguém discute, é fato.
2. O livro NÃO está propondo que o aluno escreva “nós pega” – como estão divulgando por aí - ele está apenas constatando a existência da expressão no registro “popular”. Do ponto de vista cotidiano, a expressão é válida porque dá conta de comunicar o que se propõe. E ela é mais que comum e, sejamos sinceros, é a linguagem que o leitor dessa obra usa e entende. Será que é intenção da escola se comunicar com ele de verdade? Se for, ela tem que usar um livro que consiga fazer isso. Uma gramática cheia de exemplos eruditos e termos que o aluno não consegue nem memorizar, com certeza, não vai conseguir.
3. O que o livro está propondo é trocar as noções de “certo” e “errado” por “adequado” e “inadequado”. E isso é mais que certo. Vou explicar a seguir.
4. A questão é: como ensinar a norma culta num país de tradição oral, e no qual existe um abismo entre a língua oral e a língua escrita? Como fazer isso com jovens adultos – que já apresentam um histórico de “fracasso” em seu processo formal de educação e, muito provavelmente, na aquisição dos termos da gramática e seus significados. Se esse jovem não assimilou até o momento em que procurou o EJA (Educação de Jovens e Adultos) a “concordância de número”, como o professor vai fazê-lo usar a crase? Isso para mencionar apenas um dos tópicos mais fáceis da gramática e que a maioria das pessoas, inclusive as “mais cultas e graduadas”, algumas até mesmo com doutorado, ainda não sabem explicar quando ela é necessária.
Por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”?
Vou mencionar apenas 3 razões, para não cansar demais o leitor, mas existem muitas outras, quem se interessar pode perguntar que eu passo a bibliografia.
1. Primeiro, por uma questão de honestidade com o aluno. A língua é viva, assim como a cultura, e não pode ser dirigida, por mais que tentem. Por isso, não existe nem “certo” nem “errado”: as regras são convenções e são alteradas de tempos em tempos por um acordo entre países falantes de uma mesma língua. O que era “errado” há alguns anos, hoje pode ser “certo”. Agora é correto escrever lingüística sem trema - o que discordo - e ideia sem acento. Assim, o que existe é o “adequado à norma culta” e o “inadequado à norma culta”. E essa norma é uma convenção, não uma lei natural e imutável. Além disso, por mais que a escola seja representante da norma culta, isto não significa que ela deva ficar “surda” diante dos demais níveis de fala. A língua portuguesa – ou qualquer língua – não pode ser reduzida à sua variante padrão. Tão pouco as aulas de português devem ficar. Afinal, se numa narrativa aparece um personagem, por exemplo, pescador e analfabeto, como o aluno deverá escrever uma fala (verossímil) para ele? Escrever de forma inverossímil é certo? Aliás, o que seria dos poetas e escritores se não fosse o registro popular da língua? Acho que Guimarães Rosa nem existiria.
Com certeza a crítica ao livro parte de setores conservadores e normativos. Eu, como lingüista e professora, não apoio a retirada dos livros porque não acho justo falar para o aluno que o jeito que ele fala é errado, até porque não é, só não está de acordo com a norma culta, o que é muito diferente. Depois que você explica isso para o aluno é que ele entende o que está fazendo naquela aula. Essa troca faz toda a diferença.
2. Segundo, porque quando você diz para um aluno sucessivas vezes que o que ele fez está “errado” você passa por cima da subjetividade dele e acaba com toda a naturalidade dessa pessoa. Daí, ela não fala “certo” e também não sabe quando fala “errado”. Assim, quando na presença de pessoas que ela julga mais letradas que ela própria, não tenha dúvida, vai ficar muda. A formação da identidade do sujeito passa obrigatoriamente pela aquisição da linguagem, viver apontando os erros é desconsiderar a experiência de vida daquela pessoa, é diminuí-la porque ela não teve estudo. E não se engane: ela pode se tornar até uma profissional mais desejada pelo mercado por usar melhor a norma culta, mas não necessariamente vai se tornar uma pessoa melhor.
3. Em terceiro, porque é urgente trocar o ponto de vista normativo pelo científico. A lingüística reconhece que a língua tem seu curso e muda conforme o uso e a cultura: já foi muito errado falar (e escrever) "você", por exemplo. A lingüística também reconhece que a língua é instrumento de poder, por isso, nada mais importante do que desmistificar a gramática normativa. Isto não significa deixá-la de lado, mas precisamos exercitar uma visão mais crítica. Esse aluno sente na pele a discriminação social devido ao seu nível de fala, nada mais natural que ele rejeite a norma culta e considere pedante a pessoa que fala segundo a norma padrão. É compreensível, ainda, que ele não entenda grande parte do que se diz em sala de aula. O que não é compreensível é o professor, ou melhor, “a Escola”, não entender a razão de isso acontecer.
Em nenhum momento foi dito que a professora e autora do livro em questão não iria corrigir ou ensinar a norma culta aos alunos, só ficou validado o registro oral. Os alunos precisam entrar em contato com o distanciamento científico. E os lingüistas não saem por aí corrigindo ninguém, eles observam, e você, leitor, bem sabe como funciona a ciência - e um aluno de pelo menos 15 anos já precisa começar a ouvir falar do pensamento científico. Além disso, é muito bom que eles percebam se o nível de fala que usam tem prestígio ou não, e o porquê.
Por que ignorar o estudo da língua oral em sala de aula? Eu fazia um trabalho nesse sentido com os meus alunos e só depois de transcrever entrevistas orais eles conseguiam ouvir a si mesmos e tomar consciência de seu registro lingüístico: “nossa como eu falo gíria! Eu nem percebia!”. Aí sim eles entendem que, com o amigo, com os pais, eles podem dizer "os peixe", mas que na prova é preciso escrever "os peixes", no seminário é preciso dizer “os peixes”, mas ele precisa estar à vontade para fazer isso. A realidade em sala de aula é que os alunos não entendem onde estão errando. Quando você explica o conceito de norma culta eles entendem. Cria-se um parâmetro e não uma tábua de salvação inatingível. É aceitando o registro desse interlocutor e apresentando mais uma possibilidade de uso da língua para ele que vai surgir o esforço para aprender. Se você insistir no “certo” e no “errado” ele vai ficar com raiva e rejeitar o novo. Quer apostar?
Ter uma boa comunicação não é sinônimo de usar bem as regras da gramática. Para ensinar os conceitos de "gramática natural" e "gramática normativa" temos de dar esses exemplos. Os conservadores se arrepiam porque eles partem do princípio que você nunca pode escrever ou falar nada errado na frente do aluno. Para mim isso é hipocrisia: o aluno tem direito de saber que o registro que ele usa em casa é diferente daquele que ele usa na rua, no estádio de futebol, na escola, no trabalho, em frente ao juiz. E tem o direito de saber que o “correto” se define por aquele que tem mais prestígio social. Essas são só as primeiras noções de sociolingüística, para quem quiser abrir a cabeça e saber. Ou será que a língua portuguesa se aprende descolada da realidade? É isso que se está tentando mudar. É tão difícil assim perceber isso?
Quando me perguntam qual é a função do professor de português na escola, eu respondo: oferecer ao aluno um grau cada vez mais elevado de consciência lingüística; oferecer instrumentos para que ele possa transitar conscientemente entre os diversos níveis de linguagem. Só depois de realizada essa operação o aluno vai conseguir escrever conforme as regras da norma culta. E falar a norma padrão com naturalidade. Ou, ainda, escolher falar conforme o ambiente em que cresceu e formou a sua subjetividade (Lula que o diga, comunica-se muito bem, sem camuflar as suas origens). É bom ficar claro que a função do professor não se reduz a "corrigir" o aluno. Isso, o google, até o word, pode fazer. Ajudar o aluno a ter consciência de seu nível de fala é outra história...
O problema não é uma pessoa dizer “nós pega”, o problema é ela não entender que esse uso não é adequado em determinados contextos, o problema é não saber dizer “nós pegamos”. Ou sequer compreender porque não pode falar “nós pega”... É, leitor, tem muito aluno que não entende porque precisa aprender uma lista de nomes difíceis que nada significam para ele e que ele não enxerga a relação direta entre uso da norma culta e como esta vai ajudá-lo a melhorar de vida.
Conheço quilos, ou toneladas, de gente formada, pós-graduada, que fala “seje” e não tem consciência de que está falando assim, e ainda critica quem fala “menas”. Ouvir a si mesmo é uma das coisas mais difíceis de fazer. E como ajudar o aluno a fazer isso?
O primeiro passo é, sem dúvida, abolir o “certo” e o “errado”. Enquanto o professor for detentor da caneta vermelha, o aluno vai tremer diante dele e nada do que ele disser vai entrar na cabeça dessa pessoa preocupada em acertar uma coisa que não entende, tem vergonha de dizer que não entende, então não pergunta, faz que entendeu, erra na prova e o resultado é ela se achar cada vez mais burra e desistir de estudar. Ufa... Puxa, ninguém estuda mais psicologia da educação? Isso é básico!
E então, leitor, o que é mais honesto com esse aluno que chega no EJA com a autoestima lá em baixo? Começar falando a língua dele e depois trazê-lo para a norma padrão ou começar de cara a humilhá-lo com uma língua que ele não entende?
É muito sério quando pessoas leigas começam a emitir, levianamente, juízos de valor sobre assuntos que não dominam. Alguns jornalistas, blogueiros e “opineiros” de plantão, por exemplo, sem conhecimento dos conceitos e técnicas de ensino em lingüística, sem a menor noção do que está acontecendo nas salas de aula desse país, começam a querer dizer para os professores o que eles têm de fazer, como eles têm de ensinar! Isto sim, é nivelar por baixo! É detonar, mais ainda, a autoridade do professor, já tão desprezada no país. Ah, e ainda fazem isso sem perceber que freqüentemente cometem erros crassos; eu estou cansada de lê-los em blogs, jornais e revistas, e ouvi-los na televisão. Não que precisem, ou usamos com eles os mesmos critérios que defendem?
E então, qual é mesmo o tipo de educação que o Brasil precisa?
.
* Daniela Jakubaszko é bacharel em lingüística e português pela FFLCH-USP, mestre e doutora pela ECA-USP. Desistiu de ser professora depois de dar aula por 15 anos e virou redatora porque não agüentava mais ouvir: "você trabalha além de dar aulas?"

* *Ah, eu tenho uma dúvida: até quando eu posso usar o trema? Até 2012?
PS* O Cloaca News roubou não se de quem, eu fiz "mão grande" em todos. Sem aviso.

I Encontro de Blogueir@s e Tuiteir@s do Rio Grande do Sul


Datas: 27, 28 e 29 de maio
Local: Câmara Municipal de Porto Alegre
Endereço: Av. Loureiro da Silva, 255; Porto Alegre-RS

Inscrições gratuitas
Inscreva-se!
#BlogProgRS: 27, 28 e 29 de maio

A democratização da comunicação passa pelos meios digitais, segundo os organizadores do I Encontro de Blogueir@s e Tuiteir@s do Rio Grande do Sul. Já estão abertas as inscrições para o evento, nos dias 27, 28 e 29 de maio, que tem como objetivo discutir de que forma os agentes da internet podem atuar para pluralizar a voz da sociedade.
Cerca de 200 autores de blogs e ativistas das redes sociais digitais são esperados na Câmara Municipal de Porto Alegre, para participar da programação, que aborda políticas públicas para os meios digitais, internet como instrumento para a democratização da comunicação, viabilização profissional do trabalho na rede, oficinas de tecnologia, debates de experiências e atividades de rua. Ao final do encontro, será elaborada uma carta dos participantes para apresentar as propostas na área e levar a discussão para o II Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em junho, em Brasília.
O evento, que vem sendo chamado nas redes sociais apenas de #BlogProgRS (o sustenido é o símbolo usado para formar as chamadas tags, ou seja, agrupar conteúdo em torno de um termo), surgiu como consequência do I Encontro Nacional, em 2010. Mais de 300 blogueiros se reuniram em São Paulo para fortalecer a blogosfera como uma alternativa ao discurso único e hegemônico dos meios de comunicação tradicionais e definiram a realização de encontros do mesmo tipo nos estados.
Encontros regionais vêm acontecendo em diversas regiões do país. O encontro gaúcho deve contar com transmissão ao vivo pela internet, para que possa ser acompanhado em todo o país e no interior do estado. Os organizadores ressaltam, no entanto, que a troca de experiências é mais rica quando presencial e contribui para o fortalecimento da rede virtual de blogs. Para participar presencialmente, as inscrições podem ser feitas pelo site http://blogprogrs.com.br/inscricao.

Programação

27 de maio, Sexta

18h30 — Credenciamento e abertura com autoridades e convidados;
19h30 — Mesa de abertura: “As mídias digitais e a democratização da democracia”.
28 de maio, Sábado
09h00 — Mesa de debates: “A importância estratégica e a viabilização da comunicação digital”;
11h00 — Debate e perguntas de plenário, respostas e considerações da mesa;
12h00 — Almoço;
14h00 — Mesa de debates: “Políticas públicas para comunicação digital”;
16h00 — Oficinas simultâneas;
17h30 — Relatos e experiências de blogs: Somos Andando, El blog de Norelys e Teia Livre;
29 de maio, Domingo
09h00 — Debate de plenário sobre o II BlogProg Nacional, elaboração da Carta dos Blogueir@s e Tuiteir@s Gaúch@s;11h15 — Coffee Break;
11h45 — Deslocamento para o Parque da Redenção;
12h15 — PIG PARADE no Parque da Redenção.
*A agenda poderá ainda sofrer alterações.
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Mesas de debates

As mídias digitais e a democratização da democracia
Vera Spolidoro — Secretária de Comunicação e Inclusão Digital do Estado do Rio Grande do Sul;
Altamiro Borges — Jornalista, blogueiro (Blog do Miro, http://altamiroborges.blogspot.com/), presidente do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé (http://www.baraodeitarare.org.br/), ativista pela democratização da comunicação, organizador do BlogProg nacional, membro do Comitê Central do PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e autor do livro “Sindicalismo, resistência e alternativas”.
Marcelo Branco — Profissional de TI, ativista pela liberdade do conhecimento.
A importância estratégica e a viabilização da comunicação digital
Eduardo Guimarães — Blogueiro (Blog da Cidadania, http://www.blogcidadania.com.br/), comerciante, ativista político (presidente do Movimento dos Sem Mídia), organizador do BlogProg nacional.
Leandro Fortes — Blogueiro (Brasília, Eu Vi, http://brasiliaeuvi.wordpress.com/). Organizador do BlogProg nacional. Jornalista, repórter da revista Carta Capital. É autor dos livros Jornalismo Investigativo, Cayman: o dossiê do medo, Fragmentos da Grande Guerra e Os segredos das redações. É criador do curso de jornalismo on line do Senac-DF e professor da Escola Livre de Jornalismo.
Gabriela Zago — Jornalista gaúcha e pesquisadora de comunicação e jornalismo nas redes sociais digitais, blogueira (http://www.gabrielazago.com/), doutoranda em comunicação e informação, colaboradora do TwitBrasil e da Wave Magazine.
Luiz Carlos Azenha — Jornalista, blogueiro (Vi o mundo, http://www.viomundo.com.br/), organizador do BlogProg nacional. Foi correspondente internacional da Rede Manchete, do SBT e da Rede Globo. Atualmente, faz reportagens para a Rede Record e é diretor geral do programa Nova África da TV Brasil.
Renato Rovai — Blogueiro (Blog do Rovai, http://www.revistaforum.com.br/blog/). Jornalista, editor da revista Forum. Organizador do BlogProg nacional.
Políticas públicas para comunicação digital
Cláudia Cardoso — Diretora de Políticas Públicas da Secretaria de Comunicação e Inclusão Digital do Governo do Estado do Rio Grande do Sul;
Vinícius Wu — Secretário Chefe de Gabinete do Governador do Estado do Rio Grande do Sul, coordenador do Gabinete Digital.
Debatedor: Marco Weissheimer — Jornalista, blogueiro (RS Urgente, http://rsurgente.opsblog.org/), editor da revista eletrônica Carta Maior (http://www.cartamaior.com.br/)

Oficinas simultâneas
Blogs I: Quero ter um blog, como começar?
Em definição.
Blogs II: Administração e ferramentas para blogs
Tatiane Pires — estudante de ciência da computação na PUC/RS, é programadora e webdesigner, escreve no blog tatianeps.net e colabora no portal Teia Livre (http://www.teialivre.com.br/).

Redes Sociais - Mirgon Kayser — Assessor de Organização, Sistemas e Métodos da Fundação Cultural Piratini – TVE/RS e FM Cultura. Blogueiro, autor do Blog do Mirgon (http://blogdomirgon.blogspot.com/).

Relatos e experiências de blogs
Cristina Rodrigues — Somos Andando (http://somosandando.wordpress.com/) — Porto Alegre
Sr. Cloaca — Cloaca News (http://cloacanews.blogspot.com/) — Porto Alegre
Norelys Morales — El blog de Norelys (http://islamiacu.blogspot.com/) — Havana / Cuba
Marco Aurélio — Teia Livre (http://www.teialivre.com.br/) — São Paulo

sexta-feira, 6 de maio de 2011

“Hoje estou terrível”

Em seu blog, Bin Laden revela dados sobre seu assassinato e últimos meses de vida. “Um pouco antes de ser alvejado, ouvi os soldados do Seal cantando But You Will Never Gonna Survive… “, conta o terrorista.
Na página de Bin, você encontra por que o ex-líder da Al-Qaeda deixou certas pistas para os americanos, peculiaridades da mansão onde estava alojado e suas primeiras impressões do mundo dos mortos. Confira o conteúdo completo no Blogs do Além.
Ou via Carta Capital

Blog do Bin. O íconde do antiestablishment escreve suas primeiras impressões depois da morte. Foto: Reprodução do site.

PS: Prometo terminar a novela do *Bin amanhã, ou antes que os yanques comemorem a missa de ^30 dias.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Charlas entre Obama e Osama - Parte 2



Bin: Alô, oh parceiro, cuméquitá? Mais tranqui hoje (risos). Falaí.
Oba: Puta meu, desligou o telefone na minha cara. Isso não se faz, nosso assunto é sério, tô apavorado, te precisando e tu resolve te encavernar aí. Tudo bem, sei que você pode ter 500 muié, mas, péraí.
Bin: Nada disso, pensei que tava nos teus delírios de equilibrar as contas da dívida impagável de vocês, não tava a fim desse papo.
Oba: Qué isso! Tava fazendo uma análise de conjuntura. Geo-política véinho, qualé? Nem ouviu minha proposta. Te falei, preciso de você.
Bin: Ok, tô ligado, tu me falou de PAQ, confundi com o PAC. Nada a ver, são esses ares da montanha, tô cagando pra conjuntura política internacional.
Oba: Então! Tava te falando do Paquistão, tenho os cara tudo na mão e preciso criar um fato. O fato. Diria, o Fato do século 21.
Bin: Opa, tamu nessa.
Oba: então me escuta e não desliga esta merda de telefone.
Bin: Beleza, fala aí chefe dos chefes.
Oba: Menos, menos. Você conhece a cidade de Abbottabad?
Bin: Claro que conheço, pertinho de Islamabad.
Oba: Isso, isso, pois preciso que você vá pra lá, temos um local pra você ficar.
Bin: Tá, mas vou fazer o que lá? Qual a operação?
Oba: Salvar a América, me salvar, me reeleger, salvar o mundo.
Bin: Putz, nunca imaginei algo tão grandioso. O que devo fazer lá?
Oba: Nada, fique lá, vamos mandar um Pelotão de Operações Especiais matar você.
Bin: Tchê (ele tem sotaque gaúcho), vai tomar no teu rabo. Vou desligar, tá me tirando pra coió de novo?
Oba: Calma mano, não é nada disso. Vamos fazer um acordo, na boa, sempre existe um acordo. Estou te propondo a “paz eterna”
Bin: Tu deve estar cheirado hoje. Cara tu só me liga quando tá bêbado ou cheirado e fala de “paz eterna”.
Oba: Me ouve, não desliga. Seguinte; Você tá velho, fez coisas grandiosas, históricas até. Merece viver em paz agora e para sempre.
Bin: Legal, baita proposta. Vocês me matam e eu viverei na “paz eterna”.
Oba: Nada disso, vamos matar você, mas, não é matar de matado, morrido.
Bin: Ah tá, vocês me matam e eu não morro. Hummm, sei.
Oba: É isso, eu mato você e você não morre.
Bin: Cara, tu tá querendo me conversar né? Tô véinho, mas não sou idiota. Nuntointendenu.
Oba: Na boa, você ficou ultrapassado, nem conhece redes sociais, mídia golpista e sensacionalista. Preciso criar o FATO. Entendeu?
Bin: Mais ou menos. Tu vai me matar, mas, eu não vou morrer e terei “paz eterna”. É isso?
Oba: Agora estamos nos entendendo nobre príncipe. Poderás voltar a sê-lo.
Bin: Interessante. Paz eterna, voltar a ser príncipe. Mas, que história é essa de morrer?
Oba: Não é morrer. Eu vou matar você. Mataremos o mito, acabar com este simbolismo e acabar com o terror.
Bin: Tu complica minhas idéias com este palavreado enrolador.


Continua.

Charlas entre Obama e Osama



1ª Parte
Um dos correspondentes internacionais do GilmarNews, destacado para cobrir assuntos do oriente médio e confortavelmente instalado em uma caverna, nos intermináveis desfiladeiros no deserto do Afeganistão, interceptou conversas mantidas entre Osama e Obama por mais de um mês. Em que pese todo estardalhaço da mídia internacional, temos revelações bombásticas a fazer acerca destes diálogos, mantidos antes e depois do advento da possível morte de um deles, no caso, Osama.
Pra economizar um pouco de letras, os interlocutores serão tratados como, Bin e Oba. Tá entendido?

Primeiras charlas traduzidas:
Oba: E aí véinho da barba, tudo tranqui?
Bin: Tudo, baita marasmo, mas, vamos levando. O que manda grande chefe?
Oba: Qué isso, mando nada. Tô meio apavorado puraqui, os republicanos tão pegando pesado, ano que vem tem eleição, até a Sarah Palin anda me assustando.
Bin: Capaz? Não te mixa cara, tu é o primeiro negro a governar a maior potência mundial, ganhaste a eleição destes loucos, matou a pau o John Mackein. Pô, ganhaste o Nobel da Paz.
Oba: Pois é, justamente este FdP do Mackein que também tá querendo puxar meu tapete.
Bin: Como assim?
Oba: Oh meu, tu não viu ele passeando lá na Líbia?
Bin: Vi e não entendi.
Oba: Deu merda cara, fiz um baita movimento lá pra derrubar o Kadafi, mas, sabe cumé, tive que sair do cenário e deixei o protagonismo pra OTAN.
Bin: Tá, mas porque?
Oba: Sujou meu, o Kadafi tem os rolos dele com o Sarkozi, financiou a campanha do cara, vende quase todo petróleo pra eles. Pior, ainda tem um lote de investimento com o FDP do Berlusconi.
Bin: Kakakakaka, iukiiukiiuki (risada árabe)
Oba: Tá rindo do que?
Bin: Nada não, to lembrando das bunga-bunga do Berlusca.
Oba: o que é isso?
Bin: Deixa pra lá, umas festinhas. Tu não não conhece isso. Cuidado com o Michele.
Oba: Ok. Cara, to precisando de vc. Tá ligado nestas confufas da Líbia, Síria, Yemen, enfim, estes loucos que você conhece bem.
Bin: Claro, tâmo atento.
Oba: Então, soma isso ao buraco que os EUA tá metido. A coisa tá feia. Não tem como tirar a “potência” da merda. Preciso criar um fato novo. NOVO mesmo. Algo de impacto e pensei em você.
Bin: Tranqui parceiro, tamo aí. Quer derrubar o que? A ponte de São Francisco? Ou aquelas letrinhas na montanha com nome de cigarro?
Oba: Nananinanão. Precisamos fazer algo mais forte.
Bin: A casa branca?
Oba: Não, pensei algo mais chocante. Tipo assim, Obama o Rei negro do Ocidente mata o Príncipe do terrorismo. Que tal?
Bin: Ahh tá. Pirou na batatinha? Tá bebendo o que maluco?
Oba: Calma, deixa eu explicar. Sabe o Paq.
Bin: Sei, isso é coisa do Lula, o barbudo latino. Peraí, aquele cara é legal, país do carnaval, elegeram a primeira mulher presidente, baita lugar, tá botando vocês na roda.
Oba: Nada a ver, não tô falando do PAC do “Cara”, falo do PAQ, Paquistão, aí do teu lado, teus dominios.
Bin: Porra meu, me deu um cagaço. Mas, fala aí qualé o rolo com os talibãs? Tá a fim de pegar meus manos? Tá desnorteado com os republicanos. Falamos amanhã.
Oba: Peraí, não desliga. É sério, alô, alô.....
Tuu,tuu, tuuuu, tu,tu,.......

Como a sistematização, degravação e tradução destes diálogos é algo que demanda tempo e paciência, prometemos que amanhã, no horário possível, postaremos a continuidade desta conversa.
Observem que são mais de 30 dias de escuta.

domingo, 1 de maio de 2011

Casa ou quartel?


Reitoria da UFRGS tenta empurrar goela abaixo regimento que retira direitos dos moradores
Alexandre Haubrich, jornalista e editor do Jornalismo B


Os resíduos bolsonarianos chegaram a Casa do Estudante Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CEU-UFRGS). Em silêncio, sem ampla divulgação na comunidade acadêmica, a Reitoria da UFRGS caminha para impor um novo regimento na CEU. “Casa” é um conceito que parece um tanto controverso no tal regimento. Ou você, leitor, não pode andar sem camisa dentro de sua casa? E consumir bebidas alcoólicas em casa, você pode? Mesmo que o local onde você mora seja alugado? “Que escândalo!”, urrariam os redatores do novo regimento.

Pois é, os estudantes maiores de idade que moram na Casa do Estudante da UFRGS podem ser impedidos de circular sem camisa ou beber nas dependências. Um moralismo antiquado que chega a ditatorial quando consideramos que nada disso foi – nem a Reitoria tenciona que seja – debatido com os moradores. Se o atual regimento nem existe legalmente – há anos a CEU é organizada através de regras regimentais não formalizadas – a proposta de mudança que a Reitoria tenta emplacar retira direitos até de participação dos estudantes na gestão da Casa. Segundo o blog Megafonadores,

Este novo regimento, além de ter sido elaborado sem a participação dos estudantes, é um retrocesso no que tange a gestão da casa. Se aprovado, a CEU não possuirá um conselho gestor com participação dos moradores. Tirando o direito dos alunos de, de forma representativa, deliberarem sobre questões de sua própria moradia.

Os moradores reclamam também de expulsões arbitrárias e de vigilância excessiva, que, para eles, configura a tentativa de “implementação de uma política de controle e repressão sobre os estudantes que necessitam de políticas de promoção social e não da criminalização e exclusão”. Outra questão prejudicial aos moradores se refere às novas regras para a permanência na Casa após a graduação. Hoje, é permitido que os formados continuem ali por até seis meses, prazo que pode ser reduzido para 60 dias. A política de estímulo à permanência na universidade, defendida pela Reitoria, também seria esvaziada, com o fim da permissão para alunos de pós-graduação morarem na CEU.

Localizada na avenida João Pessoa, uma das principais vias de Porto Alegre, a Casa do Estudante da UFRGS é, atualmente, o lar doce lar de 400 estudantes. Mas a doçura pouco tem a ver com a estrutura oferecida pela universidade. A quantidade de pias e fogões não supre a demanda, há infiltrações no oitavo andar e a segurança contra incêndios é criticada pelos moradores. Além disso, o segundo andar, antes ocupado por moradias, foi transformado em espaço da administração, para departamentos que antes ficavam no prédio da Secretaria de Assistência Estudantil. Essa medida, obviamente, reduz a quantidade de vagas oferecidas para moradia.

Esses e outros problemas estruturais, somados à tentativa de retirada de direitos e de imposição antidemocrática de um novo regimento, levaram os estudantes ao Campus Central da universidade, para protestar e propor um regimento alternativo. Ainda segundo o Megafonadores, “o Secretário de Assistência Estudantil, Edilson Nabarro, resolveu sair para conversar com os estudantes. Recebeu as reivindicações, mas não se comprometeu com nada. Disse não estar impondo esse novo regimento, mas também não quis saber do regimento elaborado e proposto pelos moradores da casa”.

O regimento informalmente em vigor pode ser lido AQUI.

A “proposta” da Reitoria pode ser lida AQUI.

A contra-proposta dos estudantes / moradores pode ser lida AQUI.

Mais informações no blog da CEU.


Pá tomar un Tannat