quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A volta de Arias e o recuo dos golpistas


Profundamente preocupado, o secretário geral Ban Ki-moon voltou à carga, em entrevista terça-feira na ONU, contra o estado de emergência decretado pelo regime golpista que agravou a tensão em Honduras. Ele exaltou ainda a decisão do Congresso de rejeitar a suspensão das liberdades civis e defendeu o “respeito pleno às garantias constitucionais, inclusive a liberdade de associação e de expressão”.

Suas palavras podem ter contribuído para a decisão do presidente Oscar Arias de voltar à mediação. “As ameaças à embaixada do Brasil em Honduras são inaceitáveis”, repetiu. “O direito internacional é claro: a imunidade soberana não pode ser violada. As ameaças ao pessoal da embaixada e suas dependências são intoleráveis. O Conselho de Segurança condenou tais atos de intimidação. Eu o faço também - e nos termos mais vigorosos”.

O secretário geral reafirmou, ao mesmo tempo, a disposição das Nações Unidas de dar assistência de todas as formas e voltou a fazer apelo em favor da segurança do presidente constitucional hondurenho, Manuel Zelaya. E conclamou “todos os atores políticos a se comprometerem seriamente com o diálogo e o esforço de mediação regional” - a cargo de Árias, antes repudiado pelos golpistas.

Aquele guardião da doutrina da fé

Não poderia ser mais eloquente o respaldo à sensatez do Brasil, que tem o respeito de todos mas não de nossa mídia corporativa, obcecada em abandonar o raciocínio simples e linear para assumir a insanidade golpista de Roberto Micheletti, agora forçado a recuar no desafio à ONU, à OEA e à comunidade internacional.

Até porque golpe é golpe - mesmo se o presidente legítimo não tivesse sido, como foi, arrancado da cama de pijama.

O batalhão de jornalistas enviado a Honduras pela mídia brasileira após o refúgio de Zelaya na embaixada parecia menos motivado pela gravidade da situação do que pela obsessão de provar que o Brasil errou ao abrigar o presidente e garantir-lhe a vida. A obsessão dela, do primeiro dia até este momento, tem sido condenar o governo Lula e defender os golpistas como “democratas”.

Juristas do golpe foram chamados a desfilar diante das câmaras e dos repórteres para dizer que pau é pedra - e golpe não é golpe. Missão impossível - e cômica. Era comovente, em especial, o esforço do império Globo de mídia - jornal, TV & penduricalhos, juntos e em coro, na tentativa de cumprir uma pauta unificada do ideólogo da casa, Ali Kamel, no seu papel de guardião zeloso da doutrina da fé.

De posse previamente das respostas golpistas coincidentes, de Kamel-Micheletti, a Rede Globo investiu contra o ministro Celso Amorim enquanto o Brasil e o governo Lula ganhavam o apoio da comunidade internacional - da ONU, da OEA, do presidente Árias, o mediador costarriquenho, e do resto do mundo. Isso permitiu à repórter Heloisa Villela, sem o viés da Globo, impor a cobertura da concorrente Record.

Depois de uma diplomacia covarde

A partir das declarações feitas no Brasil à mídia golpista por diplomatas aposentados que serviram ao governo FHC, ficou claro que a crise de Honduras, na qual o Brasil foi empurrado para um papel que teria preferido evitar mas do qual não podia fugir, expôs o contraste entre a diplomacia covarde do passado (da omissão e da submissão) e a mudança de qualidade do Itamaraty no atual governo.

“O Globo” recolheu até o palpite infeliz do governador José Serra (ele achou “tremenda trapalhada” o Brasil fazer o possível para salvar a vida do presidente legítimo de Honduras), mas o feito maior do jornal foi a sessão nostalgia com o ex-ministro Luiz Felipe Lampreia. Alguém terá saudade do tempo dele à frente do Itamaraty, quase todo o período de dois mandatos de FHC?

Acho difícil. Mas ele disse, em entrevista, que considera inédito o caso de agora em Honduras e não acredita que a posição brasileira contribuirá para solucionar a crise. “Ela traz um problema para o Brasil, que não estava envolvido no conflito”, opinou. Opinião judiciosa, na certa considerada como tal por “O Globo”. Me fez lembrar uma entrevista com Lampreia de que participei uma vez no hotel Waldorf Astoria.

De um grupo de jornalistas, só uns quatro tivemos paciência de esperar a saída dele de reunião com a então secretária de Estado Madeleine Albright. O da Rede Globo pediu-nos que o deixasse ser o primeiro a perguntar, devido a horário de transmissão de satélite. Concordamos. Lampreia chegou, ouviu e respondeu à pergunta dele. Mas fechou a boca e foi embora ao ver apagar-se a luz da Globo.

Alguém poderia achar grosseria e despreparo, preferi julgar aquilo um caso extremo de fidelidade aos refletores. No fundo Lampreia nunca teve nada relevante a dizer mas adorava dizê-lo sob a luz da Globo. Junto com o sucessor Celso Lafer, aquele que achava uma honra tirar os sapatos para policiais nos aeroportos dos EUA, ele conduziu uma política externa de submissão.

De joelhos diante de Bolton

O Itamaraty de FHC, com os Lampreia e Lafer, ainda chegaria ao servilismo extremo - ao tentar cumprir estranha ordem do extremista neoconservador John Bolton, então no terceiro escalão do Departamento de Estado. Sub-secretário para controle de armas, ele viajou em 2002 à Europa e exigiu a renúncia do brasileiro José Bustani, diretor da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ).

Bustani, embaixador de carreira no Brasil, licenciara-se no Itamaraty para ser candidato na OPAQ - cargo para o qual se reelegeu por unanimidade, com o voto dos EUA (o próprio secretário de Estado Colin Powell, chefe de Bolton, elogiara a gestão e a liderança dele em 2001). Mas Bolton indignou-se com o brasileiro por ter atraído o Iraque, que se submeteria, como membro da OPAQ, às inspeções regulares de armas químicas.

FHC e o ministro Lafer entraram em pânico - sabe-se lá porque. Disseram então a Bustani para fazer a vontade do império e sair. O embaixador explicou o óbvio: não devia obediência ao Itamaraty e sim aos que o elegeram na OPAQ. Restou a Bolton intimidar e subornar outros até forçar a queda de Bustani - que, encostado no Itamaraty, só seria reabilitado no governo Lula, que o nomeou embaixador em Londres.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O que é bom para o Lula, é ruim para o Brasil?

A mídia mercantil (melhor do que privada) tem um critério: o que for bom para o Lula, deve ser propagado como ruim para o Brasil. A reunião de mandatários sulamericanos em Bariloche – que o povo brasileiro não pôde ver, salvo pela Telesul, e teve que aceitar as versões da mídia – foi julgada não na perspectiva de um acordo de paz para a região, mas na ótica de se o Lula saiu fortalecido ou não.
O golpe militar e a ditadura em Honduras (chamados de “governo de fato”, expressão similar à de “ditabranda”) são julgados na ótica não de se ação brasileira favorece o que a comunidade internacional unanimemente pede – o retorno do presidente eleito, Mel Zelaya -, mas de saber se o governo brasileiro e Lula se fortalecem ou não. Danem-se a democracia e o povo hondurenho.
A mesma atitude têm essa mídia comercial e venal diante da possibilidade do Brasil sediar as Olimpíadas. Primeiro, tentaram ridicularizar a proposta brasileira, a audácia destes terceiromundistas de concorrer com Tóquio, com Madri, com Chicago de Obama e Michelle. Depois passaram a centrar as matérias nas supostas irregularidades que se cometeriam com os recursos, quando viram – mesmo sem destacar nos seus noticiários – que o Rio tinha passado de azarão e um dos favoritos, graças à excelente apresentação da proposta e ao apoio total do governo. Agora se preparam para, caso o Rio de Janeiro não seja escolhido, anunciar que se gastou muito dinheiro, se viajou muito, para nada. Torcem por Chicago ou outra sede qualquer, que não o Rio, porque acreditam que seria uma vitória de Lula, não do Brasil.
São pequenos, mesquinhos, só vêem pela frente as eleições do ano que vem, quando tentarão ter de novo um governo com que voltarão a ter as relações promíscuas que sempre tiveram com os governos, especialmente com os 8 anos de FHC. Não existe o Brasil, só os interesses menores, de que fazem parte as 4 famílias – Frias, Marinho, Civitas, Mesquita – que pretendem falar em nome do povo brasileiro.
O povo brasileiro vive melhor com as políticas sociais do governo Lula? Danem-se as condições de vida do povo. Interessa a popularidade que isso dá ao governo Lula e as dificuldades que representa para uma eventual vitória da oposição. A imagem do Brasil no exterior nunca foi melhor? A mídia ranzinza e agourenta não reflete isso, porque representa também a extraordinária imagem de Lula pelo mundo afora, em contraposição à de FHC, e isto é bom para o Brasil, mas ruim para a oposição.
O que querem para o Brasil? Um Estado fraco, frágil diante das investidas do capital especulativo internacional, que provocou três crises no governo FHC? Um país sem defesa ou dependente do armamento norteamericano, como ocorreu sempre? Menos gastos sociais e menos impostos para ter menos políticas sociais e menos direitos do povo atendidos? Um povo sem auto estima, envergonhado de viver em um país que eles pintam como um país fracassado, com complexo de inferioridade diante das “potências”, que provocaram a maior crise econômica mundial em 80 anos, que é superada pelos países emergentes, enquanto eles seguem na recessão?
São expressões das elites brancas, ricas, de setores da classe média alta egoísta, que odeia o povo e o Brasil e odeia Lula por isso. Adoram quem se opõem a Lula – Heloísa Helena, Marina, Micheletti -, não importa o que digam e representem. Sua obsessão é derrotar Lula nas eleições de 2010. O resto, que se dane: o povo brasileiro, o país, a situação de vida da população pobre, da imagem do país no mundo, da economia e do desenvolvimento econômico do Brasil.
O que é bom para o Lula é ruim para eles e tentam fazer passar que é ruim para o Brasil. É ruim para eles, as minorias, os 5% de rejeição do governo, mas é muito bom para os 82% de apoio ao Lula.
Postado por Emir Sader

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Alô, alô golpistas do Brasil Obama suspende visto do “Gilmar” de Honduras

Que pena ! Os netinhos do Micheletti não vão poder ir a Disney
Essa notícia o JN não deu, mas está no site da BBC: Os Estados Unidos suspenderam o visto do presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, de seu chanceler Carlos López e de 14 juízes da Suprema Corte de Justiça, em uma nova medida de pressão para levar à assinatura do acordo de San José, que prevê a restituição ao poder do presidente eleito Manuel Zelaya.

Bush apoiou o golpe contra Chávez , na Venezuela.
No Brasil, em 1964, o governo Lyndon Johnson mandou uma esquadra para ajudar o pessoal do Michelleti.
No Chile, a CIA preparou um lock-out de camioneiros para derrubar o Allende, como os fazendeiros tentaram fazer agora contra a Cristina Kirchner, na Argentina.
Clique aqui para ler o editorial que o O Globo publicou para celebrar a queda de Jango e de Michetletti.
Agora, não dá mais.
Não adianta querer dar um golpe com a mão de gato do Gilmar Dantas (*), como foi em Honduras.
O Supremo rapidinho deu aval ao Golpe.
Vai ficar muito feio.
O pessoal não vai ter visto para levar os netinhos a Disney …
Obama não é Bush.
O fim dessa história vai ser interessante.
Vai todo mundo correr do Golpe e deixar lá, plantados na porta do quartel, o Alexandre Maluf Garcia e a urubóloga Miriam Leitão.
Vá ao vídeo e veja como agem os trombeteiros do Golpe

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Vai lá


Os ricos sabem disso e só comem alimentos orgânicos


Agrotóxicos no seu estômago
Os porta-vozes da grande propriedade e das empresas transnacionais são muito bem pagos para todos os dias defender, falar e escrever de que no Brasil não há mais problema agrário. Afinal, a grande propriedade está produzindo muito mais e tendo muito lucro.
Portanto, o latifúndio não é mais problema para a sociedade brasileira. Será? Nem vou abordar a injustiça social da concentração da propriedade da terra, que faz com que apenas 2%, ou seja, 50 mil fazendeiros, sejam donos de metade de toda nossa natureza, enquanto temos 4 milhões de famílias sem direito a ela.
Vou falar das consequências para você que mora na cidade, da adoção do modelo agrícola do agronegócio.
O agronegócio é a produção de larga escala, em monocultivo, empregando muito agrotóxicos e máquinas.
Usam venenos para eliminar as outras plantas e não contratar mão de obra. Com isso, destroem a biodiversidade, alteram o clima e expulsam cada vez mais famílias de trabalhadores do interior.
Na safra passada, as empresas transnacionais, e são poucas (Basf, Bayer, Monsanto, Du Pont, Sygenta, Bungue, Shell química...), comemoraram que o Brasil se transformou no maior consumidor mundial de venenos agrícolas. Foram despejados 713 milhões de toneladas! Média de 3.700 quilos por pessoa.
Esses venenos são de origem química e permanecem na natureza. Degradam o solo. Contaminam a água. E, sobretudo, se acumulam nos alimentos.
As lavouras que mais usam venenos são: cana, soja, arroz, milho, fumo, tomate, batata, uva, moranguinho e hortaliças. Tudo isso deixará resíduos para seu estômago.
E no seu organismo afetam as células e algum dia podem se transformar em câncer.
Perguntem aos cientistas aí do Instituto Nacional do Câncer, referência de pesquisa nacional, qual é a principal origem do câncer, depois do tabaco? A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) denunciou que existem no mercado mais de vinte produtos agrícolas não recomendáveis para a saúde humana. Mas ninguém avisa no rótulo, nem retira da prateleira.
Antigamente, era permitido ter na soja e no óleo de soja apenas 0,2 mg/kg de resíduo do veneno glifosato, para não afetar a saúde. De repente, a Anvisa autorizou os produtos derivados de soja terem até 10,0 mg/kg de glifosato, 50 vezes mais. Isso aconteceu certamente por pressão da Monsanto, pois o resíduo de glifosato aumentou com a soja transgênica, de sua propriedade.
Esse mesmo movimento estão fazendo agora com os derivados do milho.Depois que foi aprovado o milho transgênico, que aumenta o uso de veneno, querem aumentar a possibilidade de resíduos de 0,1 mg/kg permitido para 1,0 mg/kg.
Há muitos outros exemplos de suas consequências. O doutor Vanderley Pignati, pesquisador da UFMT, revelou em suas pesquisas que nos municípios que têm grande produção de soja e uso intensivo de venenos os índices de abortos e má formação de fetos são quatro vezes maiores do que a média do estado.
Nós temos defendido que é preciso valorizar a agricultura familiar, camponesa, que é a única que pode produzir sem venenos e de maneira diversificada. O agronegócio, para ter escala e grandes lucros, só consegue produzir com venenos e expulsando os trabalhadores para a cidade.E você paga a conta, com o aumento do êxodo rural, das favelas e com o aumento da incidência de venenos em seu alimento.
Por isso, defender a agricultura familiar e a reforma agrária, que é uma forma de produzir alimentos sadios, é uma questão nacional, de toda sociedade.Não é mais um problema apenas dos sem-terra. E é por isso que cada vez que o MST e a Via Campesina se mobilizam contra o agronegócio, as empresas transnacionais, seus veículos de comunicação e seus parlamentares, nos atacam tanto.
Porque estão em disputa dois modelos de produção. Está em disputa a que interesses deve atender a produção agrícola: apenas o lucro ou a saúde e o bem-estar da população? Os ricos sabem disso e tratam de consumir apenas produtos orgânicos.
E você precisa se decidir. De que lado você está?
Artigo do economista João Pedro Stedile, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Sem Terra (MST). Publicado na edição de hoje de O Globo.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Pressão alta


As censuras e interdições de ZH


Informação com viés de neurose-classe-média

Renunciando à condição de se constituir como um espaço público democrático e participativo, o jornal Zero Hora opta por fazer o papel de grande censor da sociedade de massas. Ao fazê-lo, adota a personalidade política e a consciência social mais rebaixada e egocentrada.

Se comporta como o sujeito neurótico, classe média endividado, libido deserta, casamento de aparência, filhos e mascotes perturbados, borderline etílico, proprietário parcelar de um automóvel alienado às financeiras, cuja amortização se completará somente no ano 2013, dezembro - isso se não houver acidentes de percurso no emprego precário, na saúde da família (incluindo a sogra) e na economia como um todo.

A manifestação de estudantes pela ética na política e na administração pública do Rio Grande do Sul - onde a governadora é ré de um processo judicial provocado pela investigação de um roubo subestimado em 44 milhões de reais - é vista pelo ângulo menos relevante, o eventual transtorno passageiro no trânsito (de automóveis) da cidade.

Para ZH, o exercício pleno da cidadania está subordinado ao livre fluir dos automóveis na via pública.

Se a manifestação da cidadania estiver criando problemas ao livre trânsito dos carros, interdite-se a cidadania e liberem-se os automóveis! - este é o mandamento do jornal rebessiano.
Leia mais no imperdível diario gauche

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Editorial Tucano

O "editorial"(?) de hoje do Panfleto da Tamandaré, também conhecido pela alcunha de jornal (?) A Platéia, demonstra toda sua parcialidade e deixa aflorar sua aversão ao governo Lula, Dilma e ao PT. O editorial(?) legalmente expressa a opinião do jornal (?). Ontem da mesma forma o Panfleto, em seu editorial fez uma leitura de geopolitica, escrito por um especialista de botas cagadas. Publico abaixo a integra da opinião do jornal sabujo, Serra/Yeda.
Tapem o nariz e leiam.
A pesquisa e o despencar
É um assunto do qual a maioria dos fãs do presidente Lula não gosta de falar, mas é fato. A popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva caiu 4,7 pontos percentuais em setembro, de acordo com a Pesquisa CNT/Sensus, divulgada na terça, dia 8, pela Confederação Nacional do Transporte e o Instituto Sensus. De acordo com a pesquisa, a popularidade de Lula este mês ficou em 76,8%. Em maio, quando foi feito o último levantamento, era de 81,5%. De acordo com o diretor do Instituto Sensus, Ricardo Guedes, entre os fatores que causaram a queda estão a crise no Senado e a influenza A (H1N1) - gripe A. Há uma comunicação menos direta com o povo e há o efeito Lina e Dilma (a contradição entre as afirmações da ex-secretária da Receita Lina Vieira e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff sobre um suposto encontro secreto das duas), o Senado e também a saúde. A avaliação do governo também teve queda de 4,4 pontos percentuais. Em setembro, a avaliação positiva do governo foi de 65,4%, enquanto em maio, na última pesquisa, havia sido de 69,8%. A queda foi verificada principalmente nas regiões Sul e Sudeste, entre mulheres da área urbana com alta escolaridade e entre as pessoas mais jovens e as mais velhas. A pesquisa foi feita entre os dias 31 de agosto e 4 de setembro em 136 municípios de 24 estados das cinco regiões do país. Foram entrevistadas 2 mil pessoas.Bom, o fato é que isso poderá incidir diretamente no que se refere ao lançamento da candidata Dilma Roussef, ou melhor, daquela que Lula pretende que lhe suceda no palácio. Um elemento importante nessa análise é traçar as possibilidades, exercício que certamente consome muito, pois a simpatia da população por Lula não se reflete com a ministra-chefe, tida, ao contrário do que, a esta altura, como o elemento para vencer a eleição e perpetuar o modo Lula de governar, como o caça que não decola do aeroporto do Planalto.Talvez estejam aguardando, com as "grandes estratégias" dos inteligentes adulões de plantão, virar o jogo, fazendo com que Dilma, a mãe do PAC, se transforme em matriarca nacional. Ela já está pronta para o combate, depois de uma boa passagem por especialistas em cirurgia plástica.O grande problema é que quando a campanha chegar, a popularidade de Lula talvez não seja tão boa quanto o que se registra na atualidade, caso ele não concretize nada em termos de saúde, segurança e geração de aproveitamento de mão de obra.Ou, por outra, vão chamar os publicitários mensaleiros, para tentarem "vender" Dilma como a Hipermulher.Enfim, enquanto a popularidade cai, até o churrasco para o Sarkozy não deu certo. Urucubacana planaltensis...
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Este é o jornal que alimenta o Rincão do Atraso, que serve a uma elite tartufa, ao latifundio. Viva a subjetividade dos eruditos de botecos.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A entrevista de Dilma ao Financial Times (1)

Primeira parte de entrevista publicada na edição de 7 de setembro do diário britânico Financial Times:
Jonathan Wheatley: Primeiro, por que é este o melhor modelo para o Brasil e para o pré-sal?
Dilma Rousseff: Por que o que?
FT: Por que escolher esse modelo?
DR: Porque esse modelo é certo para a quantidade de petróleo que temos, para o pequeno risco exploratório e por causa dos altos níveis de retorno. Nós queremos manter uma parte maior dos lucros do petróleo.
FT: Vocês se inspiraram em outros modelos de outros lugares do mundo?
DR: Nós estudamos todos os modelos existentes. Cada país escolheu o modelo certo para sua própria história na indústria do petróleo e o que melhor se encaixa em suas necessidades. Somos um país com características próprias.
Desde o início de nossa história na indústria do petróleo havia uma grande interrogação sobre se tinhamos ou não petróleo. As pessoas diziam geralmente que não e que nossas condições geológicas significavam que não tínhamos petróleo. Por nossa conta e risco nós começamos a buscar petróleo em terra. E de fato foi um processo muito difícil. Nós fomos para a água e foi uma longa jornada, primeiro em águas rasas, depois em águas profundas, e agora em águas ultraprofundas.
Não tivemos transferência de tecnologia como outros países tiveram. Nós criamos as circunstâncias para chegar onde estamos, com o pré-sal. Ao produzir petróleo criamos uma grande companhia de petróleo com sua própria tecnologia. Ao mesmo tempo somos um país com uma base industrial diversificada e um grande mercado consumidor.
Agora temos uma oportunidade dupla. Podemos transformar a riqueza natural em riqueza social, para avançar a luta contra a pobreza. Nós acabaríamos com a pobreza no Brasil de qualquer forma, mas o pré-sal vai adiantar isso em anos porque teremos mais recursos para fazê-lo. Teremos educação de alta qualidade, vamos investir em ciência e tecnologia. E ao mesmo tempo temos a chance de criar um indústria de serviços e equipamentos para acrescentar valor ao nosso petróleo.
Assim, a grande pergunta é, o que deveríamos fazer para ficar com uma parte maior da renda do petróleo? Quando você tira petróleo do chão você cria riqueza, já que o custo de produção é muito menor que seu preço final. Quando você recupera os custos e dá um bom retorno ao capital investido, ainda sobra renda. A questão é quem deve ficar com essa renda extra. Escolhemos o modelo de produção compartilhada como forma de ficar com essa renda extra. Ao mesmo tempo temos claro os aspectos da geopolítica do petróleo.
FT: O que isso significa?
DR: O que isso significa? Que países produtores e países consumidores tem interesses distintos. E que hoje 77% das reservas estão nas mãos de companhias nacionais de petróleo, companhias estatais. É de nosso interesse garantir que quaisquer parcerias que o país fizer sejam de grande importância.
FT: Parcerias com?
DR: Com outros países, para fornecer petróleo. Para vender petróleo.
FT: Há algumas coisas que...
DR: Para suprir o mercado internacional de petróleo. Nós somos um país com instituições estáveis, com regras claras, que não rompe contratos, que estamos no Ocidente, e portanto somos um fornecedor de quem se pode depender. Eu não acredito que haja alguém que não queira uma relação conosco. Não estamos em uma área de turbulência, não temos conflitos étnicos e respeitamos contratos. Então, penso que somos extremamente atrativos.
FT: Qual será o papel de outras companhias na indústria de petróleo?
DR: Elas terão um papel importante. Por que? Porque essa é uma parceria que é de interesse para nós, mas é de nosso interesse em nossos termos. Não temos razão para acreditar que toda a renda tem de ser transferida para companhias internacionais de petróleo ou companhias nacionais de petróleo de outros países para atraí-las ao Brasil.
Sabemos que as companhias internacionais de petróleo sabem que as regras do jogo podem mudar quando se passa a uma situação de baixo risco exploratório e de grande lucratividade. Considere os dois grandes blocos que encontramos, Tupi e Iara. Em Tupi temos entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris; em Iara temos entre 2 e 4 bilhões de barris. Então eu te pergunto, por que não seria atrativo para as companhias internacionais de petróleo participar no processo do pré-sal se a questão estratégica de acesso às reservas é garantida por nós? Se você tiver 10 por cento de um bloco de 8 bilhões de barris você tem 800 milhões de barris. Quando você considera que um bloco é considerado grande de 500 a 600 milhões de barris, não vejo qual é o problema.
FT: Uma problema que me foi apresentado é de que as companhias estrangeiras não serão operadoras, elas serão convidadas para ser pouco mais que investidoras de capital.
DR: Não. Não. Elas serão convidadas a participar nos blocos de operação. Hoje, por exemplo, no pré-sal, por que uma companhia internacional de petróleo quer ser parceira da Petrobras?
FT: Para participar do risco e da recompensa?
DR: Não. Não. Porque elas ganham com a transferência de tecnologia da Petrobras. Qual é a diferença entre a Petrobras e qualquer outra grande companhia internacional de petróleo? A Petrobras faz 22% por cento da exploração em águas profundas do mundo. As outras duas companhias privadas mais próximas tem 14% cada. Assim, a Petrobras está no mesmo nível das grandes companhias internacionais de petróleo em termos de conhecimento das águas profundas. Mas aqui no Brasil qual é o grande diferencial? Você sabe qual é?
FT: Qual?
DR: Que a Petrobras conhece os campos sedimentários brasileiros em águas profundas. Já os conhece. E esse conhecimento, você sabe o que produz? Reduz riscos. Se você reduz o risco, você sabe o que isso produz? Alta rentabilidade. Por que argumentamos que a Petrobras deve ser a operadora? Porque ser a operadora significa ter acesso a tecnologia, ditar o ritmo de produção e, ao mesmo tempo, a adoção da tecnologia específica mais apropriada àquela área.
Não vemos qualquer obstáculo a que as companhias internacionais de petróleo participem conosco. Elas terão um papel ativo nos comitês operacionais, op com. Por que elas terão um papel fundamental? Porque... como trabalha o comitê operacional? Todo mundo se senta, certo? E discute o melhor... o operador vai, apresenta seu projeto operacional. E os outros, que tem conhecimento, sem qualquer dúvida, eles discutem se deveria ser desse jeito ou daquele. A Petrobras obviamente vai usar empresas de serviços como qualquer outra companhia internacional. As companhias tradicionais de serviços, como a Halliburton e outras.
FT: Um comentário que ouvi é de que no Golfo do México, nos Estados Unidos, há mais de 100 companhias operando e que elas se entenderam enquanto faziam. Elas desenvolveram tecnologia em parcerias, atuando, e há uma preocupação de que desde que essas companhias serão minoritárias em qualquer comitê de operação [no pré-sal] vão se dispor menos a trocar tecnologia.
DR: Posso dizer algo? Eu não penso que as tecnologias existentes e disponíveis são segredos tecnológicos. O que faz a diferença entre uma companhia e outra é o conhecimento que ela tem daquele campo, daquela região. Não temos exatamente uma companhia de baixa tecnologia na Petrobras. Se fosse assim não haveria explicação para o número de premios que a Petrobras ganhou da OTC (Conferência de Tecnologia Offshore); na verdade fui a um OTC em Houston para receber um deles, como presidente do conselho.
Assim, não acredito que haja qualquer questão sobre se a Petrobras será excluída de acesso a tecnologia. É muito pouco provável, se você é uma companhia que tem um campo e o que está em jogo é a renda de 600 milhões de barris, que você não vá investir nas melhores práticas. É pouco provável, ninguém dá tiro no próprio pé nessa área, ninguem. De outro parte, estou certa de que nessas parcerias, hoje, as pessoas estão minimizando o papel que todas essas companhias internacionais de serviços jogam. Elas estão sendo subestimadas. Porque nenhuma dessas companhias de petróleo opera sem elas, não que eu saiba.
FT: Ok. Outra dúvida que as pessoas tem é sobre a capacidade de investimento da Petrobras. De onde virá o dinheiro? E gostaria de entender essa questão do...
DR: De onde vem o dinheiro de uma companhia internacional de petróleo? O que você pensa?
FT: Dos acionistas, dos lucros...
DR: Uh uh, na na na. Do tamanho de suas reservas. Se você é um banco, a quem empresta? A uma que tenha reservas. Por que você acha que as pessoas emprestam à Petrobras? Hoje. Por que você acha que nós, no meio de uma crise, temos acesso a dinheiro? Esse argumento não tem base. A idéia de que as companhias de petróleo não vão investir... não acredito nisso por um minuto. Você acredita?
FT: Bem, não tenho opinião, mas pessoas expressaram dúvidas.
DR: Estou te perguntando se é plausível. É o que estou perguntando. A Petrobras terá acesso a financiamentos? Penso que sim. E acho que as companhias internacionais de petróleo vão participar desse investimento.
FT: Explique como a capitalização da Petrobras vai funcionar. São 5 bilhões de barris...
DR: Deixe-me voltar à questão do financiamento. Não estamos tirando as companhias internacionais de petróleo do investimento. É por isso que perguntei a você se é plausível. Estamos dizendo, olhe, venha e participe conosco porque você terá acesso a reservas enormes. A Petrobras será a operadora, o que reduz o risco por causa do conhecimento dela sobre os campos, e você terá um retorno adequado porque as reservas são grandes e você, a companhia internacional de petróleo, será capaz de colocar em seu balanço essas reservas às quais ganhará acesso nos leilões.
Vamos supor que a companhia obtém 600 milhões de barris, poderá registrá-los e será capaz de se financiar da mesma forma que a Petrobras. Então não acreditamos que o financiamento virá só da Petrobras, nem só das companhias internacionais de petróleo, nem só dos bancos. Virá da melhor combinação possível entre os três. É por isso que digo que não acredito ser plausível supor que se o arranjo é dessa forma ou daquela outra, isso vá reduzir o acesso ao capital. O que garante o acesso ao capital para uma companhia de petróleo e permite que ela se financie é precisamente a quantia de reservas de que dispõe.
FT: Mas a dúvida é...
DR: É um círculo virtuoso.
FT: Mas a dúvida é sobre de onde vem o capital que colocará esses poços em produção. Por exemplo, Tupi tem de 5 a 8 bilhões de barris. Se o custo de extração é de 10 dólares por barril, estamos falando de algo entre 50 e 80 bilhões de dólares, o que é um monte de dinheiro.
DR: Para um período de 35 anos. Ninguem tira tudo aquilo em um ano.
FT: Não, com certeza, mas...
DR: Seria fisicamente impossível. Deixa eu explicar.
FT: Mas há uma companhia [a Petrobras] que fica com de 30% a 100% de todo bloco...
DR: Deixa eu explicar. Tupi e Iara já estão sob concessão. Ok? Para a Petrobras, Tupi e Iara estão sob concessão. Assim, não fazem parte desse novo modelo regulatório.
FT: Sim...
DR: Na sua parte de Tupi e Iara, a Petrobras está investindo 174 bilhões de dólares até 2013. Certo?
FT: Não, é o total para tudo....
DR: São 174 bilhões de dólares sem contar o pré-sal. Isso é antes do pré-sal. Você sabe quanto a Petrobras levantou durante esse ano de crise? Foram 31 bilhões de dólares. Você sabe como levantou 31 bilhões de dólares? Vendeu petróleo adiantado à China [U$ 10 bilhões]. Ok? Nós colocamos 12,5 bilhões de dólares; 12,5 bilhões. O resto [a Petrobras] levantou no mercado. Levantou 31 bilhões de dólares. Ninguem no mundo levantou 31 bilhões de dólares. Entre fundos próprios, vendas adiantadas e acesso ao financiamento -- e não estou falando do pré-sal, que é um processo que vai levar décadas, isso é o pré-pré-sal.
FT: Mas o pré-sal em si vai requerer centenas de bilhões.
DR: Vai. Parte disso, vamos capitalizar. Estamos dando à Petrobras 5 bilhões de barris. Dos 5 bilhões de barris que a Petrobras terá, parte será de sua própria renda. Outra parte, vai mostrar a qualquer banco internacional que tem 5 bilhões de barris extras para dar de garantia. E [a Petrobras] tem um bom acesso às reservas do Brasil. O rating da Petrobras será bom.
FT: E...
DR: E te digo mais. Não há país no mundo com o qual conversamos recentemente onde... a grande pergunta é, como eu participo do pré-sal?
FT: Estive lendo a lei que você mandou para o Congresso e há um parágrafo dizendo que a União, através de um fundo criado por lei, pode participar em investimentos e atividades de produção. Que fundo é esse e como vai funcionar?
DR: Você tem familiaridade com o mecanismo norueguês?
FT: Sim.
DR: Quando eles ainda tinham grandes reservas, a Statoil era obrigada a ficar com 50%. Em alguns casos a União pôs dinheiro, em outros não. Em nosso modelo, em princípio, não adiantamos qualquer dinheiro. Mas, caso a caso, se decidirmos participar, poderemos. É assim que funciona. Deixe-me explicar o fundo. Todo o dinheiro que extrairmos do pré-sal irá para um fundo. Esse fundo vai gastar sua renda em várias atividades. Lutar contra a pobreza, investir em educação, ciência e tecnologia. Mas ao mesmo tempo também vai investir.
FT: Então é o mesmo fundo.
DR: Esse mesmo fundo precisa criar renda, tem que fazer seu dinheiro funcionar. Então pode investir em ações, em vários bônus internacionais, você pode fazer investimentos diretos. E quando esse fundo atingir um grande volume, pode ser que o investimento mais atrativo no Brasil seja no setor do petróleo. Por que não? Assim, em princípio, a União não coloca qualquer dinheiro, mas no futuro, se quiser, poderá.
URL: http://www.ft.com/cms/s/0/75466e5a-9b96-11de-b214-00144feabdc0.html

A enchente de Serra e Kassab não tem dono

O PT é um partido sem mídia.
O PSDB é uma mídia com partido.
Mauro Carrara
Na época em que Luiza Erundina era prefeita, as enchentes sempre tinham dono. Tempos depois, esses desastres passaram a ter até mesmo causa: Marta Suplicy.
Nesses dois tensos períodos, ao se formar a primeira poça de água na cidade, o Estadão e a Folha já se alvoroçavam, enviando seus repórteres furiosos às portas da Prefeitura.
Nas duas gestões, ao lado das fotos de carros naufragados e moradores lavados pelo pranto, os diários estampavam-se imagens das prefeitas.
Nos telejornais, gente como Boris Casoy bradava: “isto é uma vergonha”. Ana Maria Braga, com sua cara de torta de palmito, solidarizava-se com as famílias das casas inundadas. Em tom pungente, reclamava do descaso da autoridade municipal.
Ou seja, todas as tragédias se convertiam imediatamente em incômodo patrimônio petista. Nos portais da Internet, senhoras indignadas reclamavam do terninhos bem cortados de Marta Suplicy e de seus penteados de estilo, alçados à categoria de precipitadores de temporais.
Em 2004, por exemplo, Marta foi visitar as vítimas das enchentes no Vale do Aricanduva, na Zona Leste. Naquele dia, havia ali uma claque oposicionista bem armada, insuflando os moradores.
Uma mulher que perdera seus móveis insultou a prefeita. Um vereador oposicionista da região adestrou uma turba de desocupados para chutar e esmurrar os carros da comitiva.
No dia seguinte, completou-se o rito condenatório, como fotos do quiprocó em todos os grandes jornais paulistanos.
Até o informe do PSTU na Internet aproveitou-se do episódio. Na época, copiaram os textos dos Frias e Mesquitas: “é um verdadeiro absurdo querer culpar as forças da natureza pelas tragédias causadas pelas enchentes, como fez a prefeita Marta Suplicy”.
Neste 8 de Setembro, São Paulo foi novamente lavada por chuva forte. Bueiros se empanturraram de detritos, rios transbordaram, o trânsito se transformou num inferno, barrancos cederam e gente simples morreu.
Esta tragédia, no entanto, não têm dono. Como não teve aquela do buraco do metrô que engoliu uma dezena de cidadãos.
Os indignados nas gestões petistas nem se lembraram de questionar o dono de jornais José Serra e o “padrinho maroto dos ambulantes da Mooca e da Lapa”, Gilberto Kassab.
No caso do governo do Estado, ninguém perguntou sobre a obra paga-empreiteira que retalhou ainda mais a Marginal do Tietê.
Nem houve imprensaleiro que se indignasse com as valas abertas nos canteiros desmatados, logo convertidas em enormes piscinas de lodo.
Quanto a Kassab, nenhum profissional de gravador e bloquinho foi questioná-lo sobre o acordo que firmou com as coletoras de lixo.
Por conta de sua política de limpeza urbana, os Jardins e os bairros nobres agora recebem tratamento VIP. Muitas áreas de favelas e de novos loteamentos da periferia, ao contrário, passaram a ser atendidas apenas quando possível.
As câmeras das TVs exibiram, durante toda a terça-feira, uma série de flancos da cidade em que as bocas-de-lobo soluçavam tapadas por sacos plásticos.
Isso nas costas da Penha, no Rio Pequeno, no Parque Novo Mundo e em mais uma dúzia de bairros.
Detalhe: não era simplesmente “lixo”. Eram sacos, sacos de lixo.
A imprensa de José Serra e seus funcionários dos telejornais culparam São Pedro e os “moradores porcos” pelos entupimentos e pelas enchentes que paralisaram a maior cidade do país.
Agora, cabe a singela pergunta: por que alguém que pretende sujar e emporcalhar a cidade se preocuparia em reunir o lixo em sacos de plástico?
Por que uma mãe de família, por mais humilde que seja, sabotaria o ambiente de seus próprios filhos?Cadê o repórter?
Por que não foi perguntar aos chefes? Hem?!!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Blog do Ministro da Justiça e companheiros


Novidade na rede! O Ministro da Justiça Tarso Genro, o Secretário de Segurança Pública de Canoas Alberto Kopittke, o chefe de Gabinete da Secretaria de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça Vinicius Wu e o professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro Giuseppe Cocco criaram um blog coletivo, o Leitura Global:

Na apresentação, somos informados de que as matérias serão semanais, com temas voltados à conjuntura política nacional, além de veicular notas rápidas com informações pertinentes sobre o cenário político nacional e internacional.O primeiro artigo, assinado por Tarso Genro e Vinicius Wu, é provocativo:
Por que a oposição erra tanto?

RBS substima inteligência do leitor


Redação de iletrados

A manchete de ZH on line (acima) é um desrespeito para com o leitor. O típico jornalismo redigido com o dedão do pé, na linha do "café pra louco não precisa açúcar".

Uma explicação tautológica é uma não-explicação: o Grêmio tem fracassado porque não tem ido bem, não tem ido bem, porque tem fracassado. O predicado é uma repetição valorativa do sujeito.

E ficamos no mesmo, sem sair do lugar e sem entender.Uma pequena amostra do quanto o leitor (para a RBS, "consumidor") é desconsiderado pela empresa midiática da família Sirotsky.



Estou publicando este cometário do Feil, do diario gauche, depois de rir muito. Fiquei imaginando o Feil lendo o Panfleto da Tamandaré. Um panfleto de orientação bovina, aliás bota cagada, com direito a editorial e corrrespondente direto da "festa-feira(*)".

Quem quiser conferir é só clicar no link vermelho de A Platéia

(*)Festa-feira do agronegócio sulino denominado Expointer(**), em Esteio, na região metropolitana de Porto Alegre (não tão distante que pareça rural, não tão no miolo da Capital que pareça urbanóide).
(**)Feira anual do agronegócio, bancado e subsidiado pelo poder público estadual.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Lula, sobre o Pré Sal




Minha querida companheira Marisa Letícia,
Excelentíssimo senhor presidente do Senado, José Sarney,
Excelentíssimo presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer,
Ministra Dilma Roussef, ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República;
Ministro Edison Lobão, de Minas e Energia,em nome dos quais cumprimento todos os ministros aqui presentes,
Quero cumprimentar todos os governadores que vieram ao lançamento do pré-sal,
Quero cumprimentar as autoridades dos Superiores Tribunais aqui de Brasília,
Quero cumprimentar os nossos amigos senadores e deputados que estão presentes,
Quero cumprimentar os membros do corpo diplomático,
Quero cumprimentar os prefeitos aqui presentes,
m nome dos empresários eu gostaria de cumprimentar o nosso companheiro José Sérgio Gabrielli, presidente da nossa gloriosa Petrobras,
E o Luciano Coutinho, presidente do BNDES,

Minhas amigas e meus amigos,
Hoje é um dia histórico.
O governo está enviando ao Congresso Nacional sua proposta do marco regulatório para a exploração de petróleo e gás no chamado pré-sal.
Estou seguro de que, nos próximos meses, os deputados e senadores, recolhendo também as contribuições de governadores e prefeitos, aperfeiçoarão as propostas do governo, trabalhando com responsabilidade, espírito público, compromisso com o país e, sobretudo, muita visão de futuro.
Estou seguro também de que o povo brasileiro entrará de corpo e alma nesse debate tão importante para o destino do Brasil e para o futuro dos nossos filhos.
Porque esse não é um assunto apenas para os iniciados e especialistas. Nem é tampouco um tema que deva ficar restrito somente ao parlamento. Ao contrário, ele interessa a todos e depende de todos.
Por isso mesmo, quero convocar cada brasileiro e cada brasileira a participar desse grande debate. Trabalhadores, donas de casa,lavradores, empresários, intelectuais, cientistas, estudantes, servidores públicos, todos podem e devem contribuir para que tomemos as melhores decisões.
Minhas amigas e meus amigos,
O chamado pré-sal contém jazidas gigantescas de petróleo e gás, situadas entre cinco e sete mil metros abaixo do nível do mar, sob uma camada de sal que, em certas áreas, alcança mais de 2 mil metros de espessura.
Não se pode ainda dizer, com certeza, quantos bilhões de barris o pré-sal acrescentará às reservas brasileiras. Mas já se pode dizer, com toda segurança, que ele colocará o Brasil entre os países com maiores reservas de petróleo do mundo.
Trata-se de uma das maiores descobertas de petróleo de todos os tempos. E em condições extremamente importantes: as reservas encontram-se num país de grandes dimensões, de grande população e de abundantes recursos naturais. Um país que conta com um regime político estável e instituições democráticas em pleno funcionamento. Um país pacífico que faz questão de viver em paz com seus vizinhos. Um país que possui uma economia sofisticada, com um parque industrial diversificado, uma agropecuária de ponta e um setor de serviços moderno. Um país que, tendo dado passos importantes na superação das desigualdades sociais, encontrou seu caminho e está maduro para dar um salto no desenvolvimento.
Como já disse em outra oportunidade, o pré-sal é uma dádiva de Deus. Sua riqueza, bem explorada e bem administrada, pode impulsionar grandes transformações no Brasil, consolidando a mudança de patamar de nossa economia e a melhoria das condições de vida de nosso povo.
Mas o pré-sal também apresenta perigos e desafios. Se não tomarmos as decisões acertadas, aquilo que é um bilhete premiado pode transformar-se em fonte de enormes problemas. países pobres que descobriram muito petróleo, mas não resolveram bem essa questão, continuaram pobres.
Outros caíram na tentação do dinheiro fácil e rápido. Passaram a exportar a toque de caixa todo o óleo que podiam e foram inundados por moedas estrangeiras. Resultado: quebraram suas indústrias e desorganizaram suas economias. E, assim, o que era uma dádiva transformou-se numa verdadeira maldição.
Para evitar esse risco, desde o primeiro instante, determinei à comissão de ministros que preparou o marco regulatório do pré-sal que trabalhasse em cima de três diretrizes básicas.
Primeira: o petróleo e o gás pertencem ao povo e ao Estado, ou seja, a todo o povo brasileiro. E o modelo de exploração a ser adotado, num quadro de baixo risco exploratório e de grandes quantidades de petróleo, tem de assegurar que a maior parte da renda gerada permaneça nas mãos do povo brasileiro.
A segunda diretriz é de que o Brasil não quer e não vai se transformar num mero exportador de óleo cru. Ao contrário, vamos agregar valor ao petróleo aqui dentro, exportando derivados, como gasolina, óleo diesel e produtos petroquímicos, que valem muito mais. Vamos gerar empregos brasileiros e construir uma poderosa indústria fornecedora dos equipamentos e dos serviços necessários à exploração do pré-sal.
A terceira diretriz: não vamos nos deslumbrar e sair por aí, como novos ricos, torrando dinheiro em bobagens. O pré-sal é um passaporte para o futuro. Sua principal destinação deve ser a educação das novas gerações, a cultura, o meio ambiente, o combate à pobreza e uma aposta no conhecimento científico e tecnológico, por meio da inovação. Vamos investir seus recursos naquilo que temos de mais precioso e promissor: nossos filhos, nossos netos, nosso futuro.
Ao examinar os projetos de lei que estamos enviando hoje ao Congresso, depois de tanto trabalho e estudo, vejo com satisfação que eles estão em perfeita sintonia com essas diretrizes.
Minhas amigas e meus amigos,
Uma mudança importante no marco regulatório será a adoção do modelo de partilha de produção no pré-sal e em outras áreas de potencial e características semelhantes. É uma mudança absolutamente necessária e justificada.Estamos vivendo hoje um cenário totalmente diferente daquele que existia em 1997, quando foi aprovada a Lei 9.478, que acabou com o monopólio da Petrobras na exploração do petróleo e instituiu o modelo de concessão.
Naquela época, o mundo vivia um contexto em que os adoradores do mercado estavam em alta e tudo que se referisse à presença do Estado na economia estava em baixa. Vocês devem se lembrar como esse estado de espírito afetou o setor do petróleo no Brasil. Altas personalidades naqueles anos chegaram a dizer que a Petrobras era um dinossauro – mais precisamente, o último dinossauro a ser desmantelado no país. E, se não fosse a forte reação da sociedade, teriam até trocado o nome da empresa. Em vez de Petrobras, com a marca do Brasil no nome, a companhia passaria a ser a Petrobrax – sabe-se lá o que esse xis queria dizer nos planos de alguns exterminadores do futuro.
Foram tempos de pensamento subalterno. O país tinha deixado de acreditar em si mesmo. Na economia, campeava o desalento. O Brasil não conseguia crescer, sofria com altas taxas de juros, de desemprego, e juros estratosféricos, apresentava dívida externa elevadíssima e praticamente não tinha reservas internacionais. Volta e meia quebrava, sendo obrigado a pedir ao FMI ajuda, que chegava sempre acompanhada de um monte de imposições.
Além disso, não produzíamos o petróleo necessário para nosso consumo. Ferida, desestimulada e desorientada, a Petrobras vivia um momento muito difícil. Tinha dificuldades de captação externa e não contava com recursos próprios para bancar os investimentos. Nessa época, é bom lembrar – e a Dilma já falou – o preço do barril do petróleo estava em torno de US$ 19.
Hoje, nós vivemos um quadro é inteiramente diferente. Em primeiro lugar, os países e os povos descobriram na recente crise financeira internacional que, sem regulação e fiscalização do Estado, o deus-mercado é capaz de afundar o mundo num abrir e fechar de olhos. O papel do Estado, como regulador e fiscalizador, voltou, portanto, a ser muito valorizado.
A economia do Brasil vive também um novo momento. De 2003 a 2008, crescemos em média, 4,1% ao ano. Nos últimos dois anos, nosso crescimento foi superior a 5%. Nesse período, o país gerou cerca de onze milhões de empregos com carteira assinada. O desemprego caiu de 11,7% para 8%, em 2008. Hoje, as taxas de juros atuais são as menores de muitas décadas em nosso país.
Não só pagamos a dívida externa pública, como acumulamos reservas superiores a US$ 215 bilhões. E mais: reduzimos de modo consistente a miséria e as desigualdades sociais. Mais de 30 milhões de brasileiros saíram da linha da pobreza e 2 milhões ingressaram... e 20 milhões ingressaram na nova classe média, fortalecendo o mercado interno e dando vigoroso impulso à nossa economia.
O fato é que hoje temos uma economia organizada, pujante e voltada para o crescimento. Uma economia que foi testada na mais grave crise internacional desde 1929 e saiu-se muito bem na prova. Não só não quebramos, como fomos um dos últimos países a entrar na crise e estamos sendo um dos primeiros a sair dela. Antes, éramos alvo de chacotas e de imposições. Hoje, nossa voz, a voz do Brasil, é ouvida lá fora com muita atenção e com muito respeito.
Meus queridos companheiros e companheiras,
Desde o primeiro instante, meu governo deu toda força à Petrobras. Passamos a cuidar com muito carinho do nosso querido dinossauro. Os recursos da empresa destinados à pesquisa e ao desenvolvimento deram um salto de US$ 201 milhões, em 2003, para R$ 960 milhões, em 2008.
A companhia voltou a investir, aumentou a produção, abriu concursos para contratação de funcionários, encomendou plataformas, modernizou e ampliou refinarias, além de construir uma grande infra-estrutura de gás natural e entrar também na era de biocombustíveis.
Deixamos claro que nossa política era fortalecer, e não debilitar, a Petrobras. E a companhia – estimulada, recuperada e bem comandada – reagiu de forma impressionante.
Resultado: a Petrobras vive hoje um momento singular. É o orgulho do país. É a maior empresa do Brasil. É a quarta maior companhia do mundo ocidental. Entre as grandes petroleiras mundiais, é a segunda em valor de mercado. É um exemplo em tecnologia de ponta. Descobriu as reservas do pré-sal, um feito extraordinário, que encheu de admiração o mundo e de muito orgulho os brasileiros. É uma empresa com crédito e autoridade internacionais. Tanto que, nos últimos meses, levantou cerca de US$ 31 bilhões em empréstimos. Seus investimentos previstos até 2013 somam US$ 174 bilhões.
E ainda para ajudar, para completar, o preço do barril de petróleo oscila hoje em torno de US$ 65, mais do triplo do que em 1997.
Em suma, os tempos e o ambiente no mundo são outros. A situação da economia brasileira é outra. O Brasil e o prestígio do Brasil são outros. A Petrobras é outra. E outra também é a situação do mercado do petróleo.
Minhas amigas e meus amigos,
Também não há termos de comparação entre as áreas que vinham sendo exploradas até agora e as áreas do pré-sal.
No pré-sal, os riscos exploratórios são baixíssimos. A taxa de sucesso dos poços operados pela Petrobras na área é de 87%, sendo que nos blocos situados na Bacia de Santos ela é de 100%. Foram 13 poços perfurados. E nos 13 comprovou-se a existência de grandes quantidades de óleo e gás, com excelentes perspectivas de viabilidade econômica.
Nessas circunstâncias, seria um grave erro manter na área do pré-sal, de baixíssimo risco e grande rentabilidade, o modelo de concessões, apropriado apenas para blocos de grande risco exploratório e baixa rentabilidade.
No modelo de concessões, a União, proprietária do subsolo, permite que as companhias privadas procurem petróleo, mediante o pagamento de uma taxa chamada bônus de assinatura. Se elas encontrarem óleo ou gás, podem extraí-lo e comercializá-lo como quiserem. São donas do petróleo arrancado das entranhas da terra, porque, a partir da boca do poço, a União perde os direitos de propriedade, recebendo apenas uma parcela pequena da renda do petróleo, na forma de royalties e participações especiais.
Já no modelo de partilha, que prevalece em todo o mundo em áreas de baixo risco exploratório e grande rentabilidade, a União continuará dona da maior parte do petróleo e do gás mesmo depois de sua extração. Nesse modelo, o Estado não transfere toda a propriedade do óleo para grupos privados, mas fecha contratos para a exploração e a produção em determinada área – diretamente com a Petrobras ou, mediante licitação, no caso de outras companhias.
No modelo de partilha, as empresas são remuneradas com uma parcela do óleo extraído, suficiente para cobrir seus custos e investimentos e ainda proporcionar uma rentabilidade adequada ao risco do projeto. Já o Estado fica com a maior parte dos lucros da exploração e produção de petróleo, parte esta bem superior ao que recebe hoje no regime de concessão. A regra do modelo de partilha é clara: nas licitações, vence a empresa que oferecer a maior parcela do lucro da operação para o Estado e para o povo brasileiro.
Amigas e amigos,
Como no modelo de partilha a maior parte do petróleo, mesmo depois de extraído, continuará a pertencer ao Estado, ela controlará o processo de produção. Assim, ela poderá definir claramente o ritmo de extração, calibrando-o de acordo com os interesses nacionais, sem se subordinar às exigências do mercado. Dessa maneira, ficará mais fácil para o Brasil contornar os riscos inerentes à produção excessiva, que poderia inundar o país de dinheiro estrangeiro, desorganizando nossa economia – aquilo que os especialistas chamam de doença holandesa.
Além disso, poderemos produzir petróleo nas condições que mais convêm ao país. E desse modo poderemos aproveitar a riqueza do petróleo, que Deus nos deu, para produzir mais riqueza ainda com o nosso trabalho.
Dessa forma, consolidaremos uma poderosa e sofisticada indústria petrolífera, promoveremos a expansão da nossa indústria naval e converteremos o Brasil num dos maiores pólos mundiais da indústria petroquímica do mundo.
Trabalhando com essa perspectiva, encomendaremos – e produziremos aqui dentro – milhares e milhares de equipamentos, gerando emprego, salário e renda para milhões de brasileiros.
Minhas amigas e meus amigos,
Para gerir os contratos de partilha e os contratos de comercialização de petróleo e gás, zelando pelos interesses do Estado e do povo brasileiro, estamos criando uma nova empresa estatal na área do petróleo, a Petrosal.
Ela não concorrerá com a Petrobras, já que não participará da prospecção ou da exploração de petróleo e gás. Sua missão é inteiramente diferente. A nova estatal será, isso sim, a representante dos interesses do Estado brasileiro, o olho atento do povo brasileiro, acompanhando e fiscalizando a execução dos contratos firmados na área do pré-sal.
Será uma empresa enxuta, com corpo técnico altamente qualificado, formado por profissionais com experiência comprovada. Em vários países que adotaram o modelo de partilha, empresas com esse caráter revelaram-se imprescindíveis para defender os interesses públicos e nacionais nas negociações e na gestão de contratos e processos complexos e sofisticados como os que caracterizam a indústria petrolífera.
Minhas amigas e meus amigos,
Se vocês estão cansados, imaginem eu. Outra novidade importante é a criação do Fundo Social. Ele será responsável pela administração da renda do petróleo e pela sua aplicação em investimentos seguros e de boa rentabilidade, tanto no Brasil como no exterior.
De um lado, o novo fundo será uma mega-poupança, um passaporte para o futuro, que preservará e incrementará a renda do petróleo por muitas e muitas décadas. Os rendimentos do fundo serão canalizados, prioritariamente, para a educação, a cultura, o meio ambiente, a erradicação da pobreza e a inovação tecnológica. Vamos aproveitá-los para pagar a imensa dívida que o país tem com a educação e para permitir que a aplicação do conhecimento científico seja, na verdade, a nossa maior garantia do nosso futuro.
De outro lado, o novo fundo funcionará, também, como um dique contra a entrada desordenada de dinheiro externo, evitando seus efeitos nocivos e garantindo que nossa economia siga saudável, forte e baseada no trabalho e no talento dos milhões e milhões de brasileiros.
Assim, a renda gerada pela produção do pré-sal será administrada de forma planejada e inteligente. E seu ingresso na economia nacional será dosado de modo a fortalecê-la e a impulsioná-la, jamais a desorganizá-la.
Minhas amigas e meus amigos,
Não poderia deixar de prestar aqui uma sincera homenagem à Petrobras, a sua diretoria e a todo o seu corpo de funcionários.
A descoberta do pré-sal, que coloca o Brasil num novo patamar no cenário mundial, não foi fruto do acaso ou de um golpe de sorte. Ao contrário, ela só foi possível graças ao talento, à competência e à determinação da Petrobras. E também, é claro, graças ao revigoramento da empresa nos últimos anos, à recuperação da sua autoestima e aos investimentos crescentes em pesquisa e prospecção.
Poucas empresas no mundo têm hoje a experiência da Petrobras na exploração de petróleo em águas profundas e ultraprofundas. E nenhuma empresa petrolífera conhece e é capaz de obter resultados tão expressivos em nossa plataforma submarina como ela. Trata-se de um ativo, de um patrimônio de enorme valor, que deve ser bem e de forma extraordinária aproveitado.
Por isso mesmo, a Petrobras terá um status especial no marco regulatório do pré-sal. Será a única empresa operadora nessa província. Outras empresas poderão ter participação, inclusive majoritária, nos consórcios que explorarão os blocos contratados. Mas a operação – vale dizer, a exploração, o desenvolvimento, a produção e a desativação das instalações – estará sempre a cargo da nossa querida e orgulhos Petrobras.
Além disso, as reservas do pré-sal, que pertencem ao Estado e ao povo brasileiro, oferecem uma excelente oportunidade para que a União fortaleça a Petrobras para enfrentar os novos desafios. Nesse sentido, estamos enviando projeto de lei ao Congresso Nacional autorizando a União a promover aumento de capital da companhia. O valor total do aumento de capital será aquilo que a ministra Dilma já falou, de até cinco bilhões de barris equivalentes de petróleo, obviamente, relativos às jazidas contíguas às áreas que a empresa já detém no pré-sal.
Nos termos da lei, os acionistas minoritários que desejarem participar dessa chamada de capital poderão adquirir ações da companhia, o que contribuirá para reforçar economicamente nossa maior empresa nesse momento decisivo.
Se os acionistas minoritários não exercerem integralmente seus direitos de opção, a capitalização promovida pela União implicará aumento da participação do povo brasileiro no capital total da Petrobras.
Minhas amigas e meus amigos,
Nesse momento em que o Brasil discute o melhor caminho para se tornar um grande produtor mundial de petróleo, quero render minhas homenagens a todos os brasileiros que lutaram para que este sonho se transformasse em realidade.
Em primeiro lugar, homenageio os que acreditaram quando era mais fácil descrer. E não deram ouvidos às aves de mau agouro que, durante décadas, apregoaram aos quatro ventos que o Brasil não tinha petróleo. Foram, por isso, chamados de fanáticos e maníacos. Ainda bem que houve fanáticos que nos ensinaram a duvidar dos preconceitos e a ter fé em nossas próprias forças.
Rendo minha homenagem também aos que se insurgiram contra a ladainha que proclamava que, mesmo que o Brasil tivesse petróleo, não teria competência para explorá-lo. E que deveria deixar essa tarefa para o capital estrangeiro. Muitos foram tachados de lunáticos, prisioneiros de uma idéia fixa, como o grande e saudoso Monteiro Lobato, porque teimaram em lutar para que o Brasil explorasse suas riquezas. Benditos lunáticos que ensinaram o país a enxergar longe, em tempos de escuridão, e iluminaram os caminhos dos que vieram depois.
Rendo minha homenagem ainda aos que saíram às ruas em todo o país na campanha do “O Petróleo é nosso”, levando o presidente Getúlio Vargas a instituir o monopólio estatal do petróleo e a criar a Petrobras. Foi uma batalha travada em condições duríssimas. Basta ler os jornais da época, alguns em circulação até hoje, que ridicularizavam a campanha nacionalista. E eu digo: bendito nacionalismo, que permitiu que as riquezas da nação permanecessem em nossas mãos.
Rendo homenagem muito especial, por fim, a todos os que defenderam a Petrobras quando ela foi atacada ao longo de sua história – e ainda hoje – e aos funcionários e petroleiros que se mantiveram de pé quando a empresa passou a ser tratada como uma herança maldita do período jurássico. Benditos amigos e companheiros do dinossauro, que sobreviveu à extinção, deu a volta por cima, mostrou o seu valor. E descobriu o pré-sal – patrimônio da União, riqueza do Brasil e passaporte para o nosso futuro.
Olho para trás e vejo que há algo em comum em todos esses momentos, algo que unifica e dá sentido a essa caminhada, algo que nos trouxe até aqui e ao dia de hoje: é, sinceramente, a capacidade do povo brasileiro de acreditar em si mesmo e no nosso país. Foi em meio à descrença de tantos que querem falar em seu nome... O povo – principalmente ao povo – devemos esse momento atual.
É como se houvesse uma mão invisível – não a do mercado, da qual já falaram tanto, mas outra, bem mais sábia e permanente, a mão do povo – tecendo nosso destino e construindo nosso futuro. Não creio que seja uma coincidência o fato de a Petrobras ter descoberto as grandes reservas do pré-sal justamente num momento da vida política nacional em que o povo também descobriu em si mesmo grandes reservas de energia e de esperança. Num momento em que o país, deixando para trás o complexo de inferioridade que lhe inculcaram durante séculos, aprendeu como é bom andar de cabeça erguida e olhar com confiança para o futuro.
Muito obrigado, companheiros.
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Guardem este discurso amigos(as), ele nos servirá na posteridade.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Agravam-se os delírios da RBS


Os desvarios estão virando rotina

Depois de passar o inverno falando em neve, sugerindo neve, e criando um imaginário delirante e mitológico sobre a neve no Estado, o jornal ZH nos brinda com outro mito: a excelência da segurança pública sob o governo-pântano da governadora-ré.

É quase inacreditável! Precisamente quando ações ilegais toleradas pelo comando da Brigada Militar promovem um descontrole evidente e perigoso da corporação estadual, o diário da RBS procura criar uma imagem positiva e profissional da polícia fardada. Precisamente quando o Judiciário examina e julga o escândalo que drenou criminosamente mais de 44 milhões de reais de um órgão público ligado burocratica e administrativamente à Secretaria de Segurança. Depois de quatro mudanças na titularidade da Secretaria da Segurança e mais de oito mudanças nos comandos da própria Brigada Militar, o diário da RBS descobre afinal que os equinos não são mais mamíferos, que fazem ninhos e são ovíparos.

Afirmar que "o Rio Grande dá exemplo na área de segurança" é como provar a quadratura do círculo, o congelamento do Sol e a estabilidade das nuvens nos céus da primavera.

Leia mais no excelente diario gauche