domingo, 6 de outubro de 2013

Escola de Medicina do #GHC. Novo paradigma pra saúde pública

Em visita ao GHC (Grupo Hospitalar Conceição) durante a semana, conhececi as modernas e precisas ferramentas de monitoramento e gestão hospitalar que dispõem o seu Diretor Superintendente Nery Paes e sua diretoria. A “Sala de Apoio a Gestão Estratégica” que me foi apresentada, permite que se acompanhe em tempo real, emergências de hospitais federais em todo o país. Além disso, aqui no GHC é possível ver o nome de quem está esperando atendimento, quanto tempo de espera, tempo de consulta, patologia e o médico que atendeu. A tecnologia empregada na gestão hospitalar é uma aliada pra desmistificar boatos e notícias equivocadas, principalmente dados de atendimento e tempo de espera em emergências. O “Painel Estratégico GHC”, definitivamente é um dos mais avançados instrumentos de monitoramento, gestão e planejamento hospitalar.  Obviamente que não poderia deixar de entrevistar um dos idealizadores da “Escola de Medicina GHC”, confira abaixo a conversa que  tive com o Dr. Carlos Eduardo Ney Paes.  
Eu e Dr. Nery Paes


- Como se deu e o que compreende o novo curso de medicina gestado entre o Conceição e os Ministérios da Saúde e Educação?
Dr. Nery Paes: Desde o ano passado com orientações do Ministro Padilha, começamos esta prática no Instituto Federal Fronteira Sul (IFFS) em Passo Fundo. Via de regra, uma escola de medicina com foco na excelência, capacidade técnica e  do contato cotidiano do aluno com o paciente já no início do curso. Um dos destaques desta modalidade será a composição social dos alunos, todos oriundos da escola pública e 100% do ingresso via ENEM. Da mesma forma pretendemos na Escola de Medicina do GHC. Temos acumulo e estrutura pra isso, não por acaso todos alunos de medicina do RS passam pelo GHC, somos parte deste currículo.

- Existe uma previsão de quando terá inicio o curso e qual a forma de ingresso aqui no GHC?
Dr. Nery Paes: Estamos envidando todos os esforços pra que já em 2015 a Escola GHC de medicina seja realidade. E será. O ingresso será via ENEM, alunos de escola publica e composição social multifacetada, ou seja, todas as cotas serão contempladas.

- Os moldes propostos pelo Curso de Medicina voltado à medicina da família com ênfase no atendimento da rede pública do SUS, é uma forma de reparar a formação de médicos brasileiros que nos últimos anos tem optado por especializações medicas mais "rentáveis e sofisticadas" ?
Dr. Nery Paes: Veja bem; A medicina se tornou mundialmente cara, foi agregado a ela muita tecnologia, equipamentos caríssimos e isso é bem vindo. Entretanto, existe uma massificação de encaminhamentos, por vezes desnecessários pra simplesmente cobrir os custo destes.  Nossa intenção é interferir, não na tecnologia, mas privilegiar os investimentos na atenção básica, construção de novas unidades e atendimento na ponta.  

- Na sua visão, a carência de médicos generalistas os famosos médicos de família contribui para dificuldades de estabelecer uma rede de atendimento mais efetiva que atenda e de conta da atenção básica?
Dr. Nery Paes: Na imensidão do Brasil, existe um universo de 15% dos municípios que não tem um único médico, ou seja 701 municípios . A média de médicos no país é de 1,8 X1000 habitantes, temos um déficit de 180 mil médicos e pretendemos chegar a média de 2,8 médicos por mil habitantes. Pra além destes índices, médicos generalistas no Brasil são em quantidade menores ainda e pra formação completa de generalista, demandaria mais tempo na graduação e residência médica.

O senhor faz parte de um grupo de médicos que apoiam e defendem o #MaisMédicos. Porque existe tanta resistência dos conselhos com relação ao programa?
Dr. Nery Paes: Creio que sejam os interesses corporativos que se impõem, mas principalmente de ordem ideológica. Algumas entidades e conselhos de medicina criaram um fosso entre o médico e a população, apesar de alguns médicos não concordarem com esta prática. Isso expõem uma contradição entre  sindicato médico e os interesses e necessidades reais da população. Outro equívoco é a tentativa de reduzir o programa #MaisMédicos apenas ao número de profissionais, o programa é amplo e pretende mudar o paradigma do atual sistema de saúde do Brasil. É lamentável, mas é uma pauta que vamos superar.
 
 Qual a expectativa depois da formação destes primeiros médicos?
Dr. Nery Paes: Nossa expectativa e meta é atender a todos os brasileiros, com celeridade e acompanhamento familiar. Entretanto, o Programa #MaisMédicos é uma resposta imediata que daremos, primeiramente com médicos brasileiros que se increveram no programa, médicos estrangeiros que estão vindo e ainda o convênio com a OPAS e MS que deverá trazer ao Brasil de 3 à 4 mil médicos cubanos que se juntarão a estes. De imediato estamos construindo mais de 3 mil UBS (unidades Básicas de Saúde) e ampliando e reformando outras 11 mil UBSs além de 618 hospitais .
         
Em que consiste a parte da formação destes médicos no exterior?
Dr. Nery Paes: Esta etapa de graduação destes médicos será similar ao Programa Ciência sem Fronteiras, permitirá o conhecimento de novos métodos de sucesso em países como a Inglaterra, Canadá e principalmente na Espanha, onde o atendimento público é baseado no acompanhamento de ciclos de vida do paciente. A saúde familiar privilegiada, além de ter um período de residência média maior que a nossa.

Durante o processo de implantação do #MaisMédicos estamos acompanhando as manifestações das entidades médicas que dizem que o problema não é a falta de médicos, e sim a falta de estrutura e condições de trabalho, o MS e o próprio ministro Padilha concordaram com parte destas afirmações, como o senhor como médico enxerga este problema de estrutura da rede de saúde pública no Brasil e o que está sendo feito para mudar esta realidade, e o que falta ainda a fazer?
Dr Nery Paes; Como disse anteriormente, os problemas existem de toda ordem, entretanto a falta de médicos é notória, temos déficit e contraditoriamente temos cidades/regiões onde existe muita concentração de médicos em relação a população.  São estes os exemplos distorcidos que são argumentados por quem não admite o #MaisMédicos. De outra monta, estamos recuperando hospitais, construindo novas UBSs e equipamentos.



- Esta experiência deverá se espalhar pelo Brasil ou será específica pra Região Sul?

Dr. Nery Paes: Na verdade o pioneirismo é nosso, mas esta experiência será desenvolvida em todo país, onde houver a necessidade e as condições pra que se estabeleçam Escolas de Medicina nestes moldes. 

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