O ex-partido quer punir o seu último líder
A analogia que quero fazer talvez seja indevida, pelas dimensões desproporcionais entre as duas instituições. Refiro-me a uma certa similaridade entre o argumento de autoridade - o presunçoso magister dixit - do PDT-RS contra o ex-governador Alceu Collares e o tribunal do Santo Ofício da Igreja romana.
O PDT, já há alguns anos, é praticamente um ex-partido. Sem líderes, o último deles está sendo silenciado e esmagado por burocratas com a envergadura das fuinhas, e sem base social consistente e identificável no espectro de classes e frações de classe, condição imprescindível para que uma organização partidária tenha presente e futuro. Só resta ao PDT a estrutura circense, puramente cartorial (no limite mínimo exigido pelo TSE) e, evidentemente, a memória em tom sépia do velho e bravo Trabalhismo (caudatário do Castilhismo revolucionário), que os burocratas insistem em ignorar e desrespeitar.
A analogia que faço entre o ranço pedetista e a Inquisição católica se refere à heresia. Nos primórdios do tribunal do Santo Ofício, antes deste ser estatizado pelos reis católicos de Espanha, o herege era o praticante do sincretismo. E o que é sincretismo? Ora, é a mescla da prática religiosa com práticas pré-religiosas, ou seja, o culto a animais, ao politeísmo, ocultismo e as magias e mancias (adivinhações).
O PDT é uma organização burocrática absolutamente sincrética, praticante do culto "religioso" trabalhista, mas também do paganismo mais primitivo, que praticamente desmoralizam seus líderes inspiradores, Castilhos, Vargas, Pasqualini, Goulart e Brizola.
Portanto, é descabida e injusta a punição do silêncio obsequioso a que foi condenado o ex-governador Alceu Collares, de resto, um castigo inútil, porque emanado de tribunal improvisado, persecutório, ilegítimo e desmoralizado.
Querer submeter Alceu Collares ao que chamam de Conselho de Ética partidária é um vulgar exercício de ficção, ou melhor, o sincretismo entre o anedótico e o caricaturesco.
Surrupiado do imperdível blog Diário Gauche
O brilhante sociólogo gaúcho Critóvão Feil, em sua sabedoria conseguiu em poucas palavras traduzir o "efeito Collares" na eleição guasca. O PIG e seus "colonistas", nem chegando outubro dirão algo parecido.
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