sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Autor das obras "Sarna" e "Graxaim" é o patrono da Feira do Livro

Foi escolhido o patrono da próxima Feira do Livro de Porto Alegre, que deve começar em 29 de outubro e vai até 15 de novembro.

O nome do homenageado é João Carlos D'Ávila Paixão Côrtes (na foto, de lenço maragato, que simboliza o latifúndio do regime pastoril, pré-capitalista, mas associado de forma subordinada ao então hegemônico circuito mercantil britânico do século 19).

O novo tutor da feira comercial de livros é um conhecido folclorista, assim chamado de forma incorreta, por que ao autêntico folclorista não falta o elemento crítico, algo que Paixão evita ou desconhece, já que seu trabalho se reduz a recolher e registrar aspectos empíricos observados nos hábitos e costumes das populações que formam o mosaico cultural do Rio Grande do Sul. Mais acertado seria chamá-lo de demologista, uma caracterização de fato um tanto vaga, mas proposital, uma vez que o novo patrono tem formação de engenheiro agrônomo, não tendo conhecimento ou iniciação na área das antropologias propriamente ditas.

A rigor, João Carlos é especialista em ovinotecnia. Foi responsável pela abertura de mercado da ovinocultura no Rio Grande do Sul. Foi ele quem trouxe da Europa novas técnicas de tosquia da lã e desossa da carcaça, além de incentivar o consumo de carne de cordeiro.

No entanto, as obras que certamente o credenciaram - em definitivo - à tutoria da feira porto-alegrense são: Manual de danças gaúchas (1956), Vestimenta do gaúcho (1961), Gaúchos de faca na bota - Uma dança alemã no folclore gauchesco (1966). Em 2003, registra a Wikipédia, Paixão lançou seu novo manual, com outras danças populares, derivadas do primeiro, de 1956. Por exemplo: Valsa da mão trocada, Mazurca Marcada, Mazurca Galopeada, a dança Sarna, e a dança Graxaim.

Outro elemento que o habilita igualmente a ser patrono da feira comercial de livros é o seguinte: em 2009, João Carlos foi nomeado cônsul cultural do Sport Club Internacional. Ser cônsul colorado, de fato, é um feito maiúsculo, capaz de graduar qualquer cidadão à condição mais elevada no panteão livresco-cultural da "pequena pátria" sulina.

Depois que Yeda Rorato Crusius foi governadora, e com os resultados conhecidos, não se duvida de mais nada, aqui no Rio Grande. Tudo é possível.


Coisas da vida.

Na verdade o sociólogo Cristóvão Feil publicou esta postagem no dia 1º do seu Diário Gauche , li e gagalhei. Entretanto, ontem a noite ri mais ainda com o texto que acompanha um belo chamamê em homenagem ao ilustre conterrâneo Paxão "bigode " Côrtes.
Clique aqui para ouvir o chamamê.
O texto é este:
Um chamamé de fundamento para homenagear o santanense Paixão Côrtes, agora emproado como patrono (ou seria patrão?) do CTG Feira do Livro de Porto Alegre. Se duvidar esse taura ainda vai para a Academia Brasileira de Letras. Com a vasta obra literária do João Carlos (muito maior que a história grega!), ninguém segura aquele bigode de lobisomem... Vai servir cabeça de ovelha assada - com os zóio e as ganacha - em pleno chá vespertino dos acadêmicos pelintras.


Te mete boca floreada!

2 comentários:

  1. Mas báh... Bateram forte no homem velho... Também não esperava que fosse ele o escolhido, com bigode e tudo. As razões desses senhores, nem com toda a razão se pode explicar. Misturar tradicionalismo com a tradição da venda de livros, acho que seria mais justo um autor, um editor, uma pessoas mais chegada aos livros mesmo. Mas então, deu-se assim, que assim seja.

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  2. Canabarro, já q o Paixão Côrtes é patrono da feira do Livro, ela poderia ser feita no acampamento farroupilha.Com este aguaceiro melhor ainda.Tá um lamaçal aquilo

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