quarta-feira, 27 de maio de 2009

Senador Simon cumpre missão do lulismo de resultados


Tarso Genro está tão rifado quanto Yeda Crusius


Como a grande política foi abolida no Rio Grande, predomina a pequena política, aquela que Gramsci dizia pertencer à esfera das realizações insignificantes, que sequer arranham o verniz do poder, como as feiras eleitorais periódicas, os negócios pedestres da moralidade pública, pequenos escândalos político-existenciais de personagens sombrios, o infindável braseiro das vaidades, as disputas partidárias de beleza e força eleitoral, os arranjos e acomodações das oligarquias, o cálculo oblíquo e aritmético dos chefetes locais, etc.


Esse buquê de flores minúsculas, mal cheirosas e que murcham a cada 24 horas – precisando ser renovadas cotidianamente – é o que adorna e representa o centro da cena pública guasca, hoje.
No reino da pequena política, por suposto, predominam os pequenos reis. Entre esses, se destaca a figura do senador Pedro Simon, padrinho de uma geração de nulidades da grande política ou especialidades da pequena política – como vocês quiserem.


Na crise de lideranças em que se encontra o Estado sulino, o senador Simon ainda se sobressai com vantagens sobre os demais. Percebendo isso, o lulismo de resultados confiou-lhe secretamente a tarefa de dirigir e organizar a sucessão estadual, desde que aceitasse e trabalhasse por uma dada contrapartida – que não se fazem negócios manetas, pelo menos na pequena política.


O senador chega a uma reunião ampliada do diretório estadual do seu PMDB, sábado passado, e praticamente lança o ex-governador Germano Rigotto à sucessão de Yeda Crusius. O ex-governador prontamente proclama que aceita a dura incumbência. Ato contínuo, o senador arremessa pedradas contundentes no pré-candidato petista ao Piratini, o ministro Tarso Genro, acusando-o de orientar politicamente a Polícia Federal na precipitação dos escândalos que envolvem o tucanato no Rio Grande do Sul.


Simon ficou tão inebriado com a sua performance de final de semana que depois disse que não se lembrava de nada. Chegou a negar que tivesse criticado o ministro da Justiça, tamanha a euforia com que desempenhou a missão de plenipotenciário eleitoral do lulismo de resultados.


Mas as tarefas planaltinas preparatórias para a agenda eleitoral de 2010 não estão integralmente confiadas ao senador peemedebista. Circula pela internet um texto assinado por conhecido militante petista (depois, fiquei sabendo que o artigo está publicado no portal web da revista CartaCapital) que, a pretexto de analisar a "política" e o quadro eleitoral do ano próximo, acaba concluindo que “os dois partidos [PT e PMDB] reúnem os melhores quadros da política gaúcha”. É a senha para a adesão passiva e acrítica à uma fórmula impensável, nos tempos que o PT honrava a condição de partido político combativo.


Vê-se, pois, que não é somente Yeda Crusius que foi jogada pelos seus companheiros de jornada aos tubarões, Tarso Genro, compartilha do mesmo cruel destino da governadora tucana. Bate-se avulsamente num mar de predadores "amigos".


O acerto pelo alto entre o PT nacional e Pedro Simon tem provocado verdadeiro pânico nas legendas parasitárias do Estado, aquelas que sempre encontram estufa quente para abrigar seus interesses fisiológicos, seja com Antonio Britto, Germano Rigotto ou Yeda Crusius. Tanto que já há um movimento para estudar a possibilidade de uma candidatura que seria de “terceira via”, como estão apelidando seus obesos protagonistas. Tudo simulação. O que eles querem com fervor profano e fé mundana é um pouco de ficha para procederem às suas apostas na corrida eleitoral que se avizinha. Nada mais que isso.


De resto, o senador Simon está colhendo, agora, no pântano guasca a flor malcheirosa que colocará para adornar o Piratini a partir de 2011. É o triunfo definitivo da pequena política no único Estado que fez a sua própria revolução burguesa, ainda no século 19.


Análise do sociologo Cristóvão Feil do diario gauche

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