A campanha presidencial de 2010 colocou o ambientalismo progressista brasileiro --esqueçam o gabeirismo-- diante de uma encruzilhada. Vieram do eleitorado verde no 1º turno quase 95% dos votos adicionais obtidos por Serra no 2º turno. Segundo o Ibope, metade do eleitorado de Marina Silva (PV) mudou seu voto para Serra; um terço migrou para Dilma Rousseff (PT) e 15% anulou na volta às urnas em 31 de outubro. Até aí, tudo bem. A geografia do voto dado a Serra, porém, elucida a desconcertante aliança subterrânea implementada no interior desse condomínio verde-tucano, no qual se misturam racismo, apartheid e predadores sociais e ambientais.
O que se debulha nas análises dos mapas eleitorais são as evidencias de uma constrangedora endogamia entre o verde reacionário e o predador inconformado com a política ambiental do governo Lula, tudo arrematado pela emergencia de um movimento pró-apartheid, daqueles que nunca viram com bons olhos a igualdade republicana desfrutada pelos pobres, sobretudo pobres e nordestinos, na democracia brasileira.
Aspas para o jornal Valor desta 6º feira: "Tome-se, por exemplo, Marcelândia, cidade de 10,2 mil eleitores ao Norte do Mato Grosso. Em 2007 o município ocupava o primeiro lugar na lista daqueles que mais desmatavam. Foco da operação federal ‘Arco de Fogo’, Marcelândia zerou o desmatamento dois anos depois. Em 3 de outubro Marina Silva conseguiu lá 1,3% dos seus votos. Marcelândia saiu das urnas como o município mais serrista do país: deu 75% dos votos a Serra.
É também a [reação] à atuação do Ibama que parece explicar a extraordinária votação de Serra no Acre (69,6%). E dificilmente [o protesto à] demarcação da reserva Raposa do Sol pode estar dissociada da expressiva votação do candidato tucano em Roraima (66,5%). (...)Some-se aí o cinturão agrícola do Sul e Centro-Oeste que também fechou com o PSDB e é possível aquilatar as três principais insatisfações que guiaram o voto do Brasil mais serrista: atuação do governo federal na defesa do meio ambiente, a política pela preservação de povos indígenas e o nó cambial que prejudica as exportações agrícolas..."
É esse o 'blend' ao qual Marina Silva emprestou sua credibilidade, vestindo de verde o anti-verde e de tolerância o intolerável. A ex-ministra terá que fazer uma opção política urgente. Esponjar-se por mais tempo nessa gelatina plasma que habita o metabolismo conservador da política brasileira, autoriza aqueles que já a associam à classIca figura da força-auxiliar. Personagem desfrutável sempre que preciso para dourar o lacto purga anti-social da direita com algum verniz mezzo-'autentico', mezzo-culturalmente correto. A ver.
O que se debulha nas análises dos mapas eleitorais são as evidencias de uma constrangedora endogamia entre o verde reacionário e o predador inconformado com a política ambiental do governo Lula, tudo arrematado pela emergencia de um movimento pró-apartheid, daqueles que nunca viram com bons olhos a igualdade republicana desfrutada pelos pobres, sobretudo pobres e nordestinos, na democracia brasileira.
Aspas para o jornal Valor desta 6º feira: "Tome-se, por exemplo, Marcelândia, cidade de 10,2 mil eleitores ao Norte do Mato Grosso. Em 2007 o município ocupava o primeiro lugar na lista daqueles que mais desmatavam. Foco da operação federal ‘Arco de Fogo’, Marcelândia zerou o desmatamento dois anos depois. Em 3 de outubro Marina Silva conseguiu lá 1,3% dos seus votos. Marcelândia saiu das urnas como o município mais serrista do país: deu 75% dos votos a Serra.
É também a [reação] à atuação do Ibama que parece explicar a extraordinária votação de Serra no Acre (69,6%). E dificilmente [o protesto à] demarcação da reserva Raposa do Sol pode estar dissociada da expressiva votação do candidato tucano em Roraima (66,5%). (...)Some-se aí o cinturão agrícola do Sul e Centro-Oeste que também fechou com o PSDB e é possível aquilatar as três principais insatisfações que guiaram o voto do Brasil mais serrista: atuação do governo federal na defesa do meio ambiente, a política pela preservação de povos indígenas e o nó cambial que prejudica as exportações agrícolas..."
É esse o 'blend' ao qual Marina Silva emprestou sua credibilidade, vestindo de verde o anti-verde e de tolerância o intolerável. A ex-ministra terá que fazer uma opção política urgente. Esponjar-se por mais tempo nessa gelatina plasma que habita o metabolismo conservador da política brasileira, autoriza aqueles que já a associam à classIca figura da força-auxiliar. Personagem desfrutável sempre que preciso para dourar o lacto purga anti-social da direita com algum verniz mezzo-'autentico', mezzo-culturalmente correto. A ver.
Saul Leblon no Carta Maior
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