sábado, 12 de março de 2011

Cerveja, imprensa, drogas e políticos



Nesta quinta feira , assistindo a TV Camara prestei muita atenção no tema abordado pelo Deputado Federal gaúcho Paulo Pimenta-PT. O deputado cobra coerência e responsabilidade do parlamento na questão da proibição das propagandas de cervejas, nos moldes adotado com o tabaco. Você pode assitir clicando aqui e aqui .
O deputado criticou a posição da grande mídia, que em suas manifestações sobre a violência nas estradas brasileiras ignorou, mais uma vez, a medida apontada pela Organização Mundial da Saúde, que sugere a restrição da publicidade de cerveja como medida para redução do número de mortes no trânsito. "A combinação álcool e direção é abordada por vários ângulos pela mídia, entretanto, uma medida eficaz apontada pela OMS é sistematicamente deixada de lado. Eu gostaria que a imprensa fizesse editoriais cobrando, como faz com tantas temas, que o Parlamento tivesse coragem de aprovar uma lei restringindo a publicidade de cerveja. Por que não há uma cobrança forte, organizada da mídia nacional com relação a esse assunto"?, questionou Pimenta.
 Em um exemplo simbólico, Pimenta utilizou a edição desta quinta-feira do jornal O Globo, que em uma página traz editorial sobre o número de acidentes e mortes no período do carnaval "Violência nas estradas é tragédia nacional". Entretanto, esse mesmo jornal em uma página anterior ao editorial estampa uma publicidade de carros e na página seguinte, uma publicidade de cerveja.
 "Chega a ser uma situação inusitada. Nós compreendemos que há muitos interesses e muito dinheiro envolvido, mas não há dinheiro que justifique uma omissão de um país como o Brasil. Os telejornais brasileiros trazem estatísticas das mortes no trânsito, e no intervalo o que se oferece é cerveja e mais cerveja", protestou o deputado.
 O parlamentar criticou também a omissão do parlamento que cedeu às pressões das grandes empresas de cerveja, quando em 1996 foi aprovada a lei que estabeleceu controles à publicidade de cigarros em horário nobre na televisão brasileira.
Ontem através do twitter, triangulei esta discussão com a Senadora Ana Amélia Lemos-PP, que me cobrou dados estatísticos das mortes relacionadas ao álcool/direção. Entretanto a senadora não quis assumir a bandeira da proibição de comerciais de cervejas na mídia. Ontem, falei que entraria em contato com a assessoria de Deputado Pimenta pra que lhe remetesse estes dados. Resolvi fazer diferente. Decidi que vou escrever uma série de artigos aqui no blog, vamos tratar da drogadição, aspectos, prevenção e assitência, classificação e efeitos das drogas no organismo, novas formas de pensar e enfrentar a drogadição e o álcool, enfim, temas que se interligam. A título de informação, tenho capacitação e fiz também extensão na UFSC sobre prevenção ao uso indevido de drogas, bebo cerveja e sou fumante.

Os meios de comunicação e a opinião pública sobre drogas
O uso abusivo de álcool e outras drogas é uma questão que envolve vários setores da sociedade. Abrange aspectos jurídicos, policiais, médicos, educacionais, ocupacionais, familiares, entre outros. Trata-se, também, de um tema carregado de crenças, conteúdos emocionais e morais, que foram construídos e legitimados aolongo da história. Atualmente, a postura social frente ao uso de bebidas alcoólicas e outras drogas é marcada pela contradição do lícito e do ilícito, bem como pela diversidade de opiniões a respeito dos danos, benefícios, prazer e desprazer. Os meios de comunicação acompanham essas contradições. De um lado, a população recebe uma série de informações sobre a violência relacionada ao tráfico e sobre os “perigos das drogas” e, por outro lado, é alvo de sofisticadas propagandas para estímulo da venda de bebidas alcoólicas. Nesse contexto, esses grupos de “drogas” semelhantes em vários aspectos farmacológicos, passam a ser encarados tão distintamente na opinião pública, o que gera posturas extremamente incoerentes sob a ótica da saúde. No Brasil, a ideia de uma suposta “explosão de uso” de drogas ilícitas a ser combatida foi aos poucos divulgada pela imprensa e assimilada pela opinião pública. Os primeiros estudos epidemiológicos realizados no Brasil, no final da década de 80, mostraram que, até aquele momento,o número de estudantes usuários de substâncias ilícitas era relativamente pequeno e estável. No entanto, alguns anos mais tarde, no início da década de 1990, o número de usuários de maconha e cocaína realmente começou a aumentar. O fato de a imprensa ter alardeado um aumento do uso de algumas drogas, anos antes de acontecer, poderia ser encarado de várias maneiras: a mídia como indutora do uso (incentivando o uso pelo excesso de informações) ou a mídia como indicador epidemiológico (teria sido capaz de detectar um fenômeno antes de ser mensurado pela ciência). Na verdade, mídia, opinião pública, comportamento de uso de drogas e políticas públicas interligam-se em uma relação complexa. A imprensa, ao divulgar as inúmeras matérias sobre drogas, não estabelece, necessariamente, o que a população vai pensar, mas coloca em pauta o assunto a ser debatido, influenciando a chamada “agenda pública”. Os temas são colocados em discussão e, dessa forma, são estabelecidas as prioridades. Cinema, teatro e novelas também têm trabalhado questões relativas ao uso de drogas. A novela “O Clone” e o filme “Bicho de sete cabeças” são alguns exemplos[ de materiais artísticos que mobilizaram a opinião pública sobre drogas
no Brasil. Diferentemente das demais formas de comunicação, a publicidade tem como objetivo explícito promover a mudança de comportamento. A publicidade de bebidas alcoólicas, especialmente de cervejas, recebe consideráveis investimentos e tem tido grande sucesso na promoção de seus produtos. Em outro contexto, o trabalho dos meios de comunicação com outros temas relacionados à saúde (como, por exemplo, AIDS e câncer de mama) tem sido de fundamental importância para o sucesso das campanhas preventivas e ajudaram a população a superar crenças e priorizar a saúde. Nesse complexo cenário das drogas na mídia, a opinião pública é construída, consolidando conceitos e crenças da população. Apesar da relevância dos meios de comunicação como um potencial instrumento auxiliar nas políticas públicas, poucos esforços têm sido dedicados à compreensão dessa questão.

*parte do texto adaptado do curso de prevenção do uso de drogas para educadores de Escolas públicas. Senad (2006).
Ana Regina Noto

Um comentário:

  1. Concordo plenamente com você,com tantas tragédias no trâsito que envolvem os condutores alcoolizados, o numero de acidentes nas estradas Brasileiras, é assustador. E vem as empresas com suas publicidades de cerveja e os slogam são ridiculos eles pensam que estão intimidando a quem? e que alerta mais apático,.Porque não mostram a realidade do que acontece quando se dirige alcoolizado? os empilhados de carros destruidos, as vidas perdidas, os corpos estrasalhados jogados pelo asfalto ,ou os que ficam presos entre as ferragems, quantas lágrimas são derramadas, quanto sofrimento, por parte dos familiares dos envolvidos nesta matança . esse alérta BEBA COM MODERAÇÃO, É ILÁRIO SE NÃO FOSSE TÃO TRÁGICO.Vamos parar com essa hipocrisia a mudança no modo de divulgação a propaganda da cerveja usando de artificios menos recreativo, ou mais responsavél, como foi pedido ao Zéca Pagodinho ,não amenizará em nada, é como trocar uma letra como C por M ou seis por meia dúzia[risos]O caso é que á muito dinheiro , muito interesse por parte das empresas, da midia etc e tal.Uma dica, logo após passarem toda a festa com a cerveja sendo o centro do prazer ilusório, MOSTREM AS IMAGEMS DOS MORTOS NOS ACIDENTES NAS ESTRADAS BRASILEIRAS QUE A MAIORIA é ENVOLVENDO MOTORISTAS ALCOOLIZADOS, QUE PASSAM NOS BARZINHOS E RESTAURANTES NAS BEIRAS DAS ESTRADAS , O QUE É PROIBIDO, MAIS QUEM RESPEITA AS LEIS? tem pessoas suficientes para fazerem uma fiscalização efetiva? Tem é que parar de divulgar e incentivar ao vicio das bebidas alcoolicas É O QUE AS PROPAGANDAS ESTÃO FAZENDO ...MOSTRANDO TODA A FESTA O PRAZER A EUFORIA QUE A BEBIDA PROVOCA...mais beba com moderação. QUE HIPOCRISIA

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