Trocamos uma indústria obsoleta e poluente por energia e alta tecnologia criativa e sustentável
Admira que o pré-candidato Tarso Genro (PT) tenha dito ao jornal Zero Hora, edição de ontem (01/6), que o assunto da montadora Ford é "um tema superado" (ver fac-símile acima).
Logo agora que o ex-ministro da Justiça anda em (justo e sincero) périplo pelo interior do estado fazendo autocrítica por ter desafiado (e vencido) o então governador Olívio Dutra, quando este era objeto dos ataques mais infames contra a sua administração, de resto, correta, participativa e agregadora.
É sensato que o próprio Tarso Genro não deva se envolver diretamente nessa polêmica interminável, seja por causa da morosidade judicial, seja porque a direita tomou o tema como mote principal para as tantas disputas eleitorais que aconteceram na última década.
Mas o Partido dos Trabalhadores, e a Frente Ampla, novo batismo da velha Frente Popular, podem e devem esclarecer - no rádio e na televisão - a população sul-rio-grandense sobre a farsa chamada "PT mandou a Ford embora".
O PT, e sobretudo o cidadão Olívio Dutra, sofreram um longo e tenebroso inverno político-eleitoral de 10 anos motivado pelas palavras de ordem da direita, baseado no teatro mambembe do caso Ford. Isso não pode ficar assim.
O tema não está superado, de forma alguma, em absoluto.
É preciso fazer da sentença judicial condenatória da Ford um atestado de idoneidade da administração petista de Olívio Dutra - uma administração moralmente inquestionável.
A população deve saber que a montadora foi embora por "livre e espontânea vontade", como lembra o próprio Tarso. Ainda assim, a Ford não se preocupou em ressarcir os cofres públicos dos adiantamentos pecuniários que logrou conquistar ainda no governo Antonio Britto (PMDB). Por isso a presente condenação indenizatória ao Tesouro estadual.
Para tanto, o governo Olívio compensou o estado com políticas de implantação de infraestrutura industrial e tecnológica de importância estratégica e valor permanente.
Só para citar duas políticas e ações administrativas implantadas pelo governo Olívio:
1) a rede de gás natural e energia elétrica que superaram o "apagão" de FHC e fomentaram baixos custos na indústria sulina;
2) a implantação das bases do Ceitec, hoje, um própero empreendimento estatal de criação de Tecnologia da Informação no RS, uma referência mundial em microchips.
Quer dizer, noves fora: foi-se uma indústria obsoleta, de baixa tecnologia, poluente, parasita dos cofres públicos (aqui e nos EUA), insustentável sob todos os aspectos e vieram gás natural, energia elétrica para todos, e um centro de excelência em alta tecnologia - berçário de dezenas de pequenas e médias indústrias de tecnologia no Rio Grande do Sul, agregadores de emprego e renda.
O caso Ford, portanto, deve ser mote para debater um novo tempo para o RS, um tempo para se construir um presente e um futuro de autonomia para todos.
Artigo do brilhante sociólogo Cristóvão Feil no imperdível Diário Gauche
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