Enquanto a polícia e as Forças Armadas cercavam o Complexo do Alemão no fim de semana que passou, um leitor, na praia, presenciava uma cena peculiar em uma praia carioca. Ele prefere não ser identificado, mas segue o relato:
“No último domingo, 28 de novembro, fui a praia com minha família, como de costume, e me deparei com o outro lado da guerra em curso no Rio de Janeiro: o usuário de drogas. Gostaria de deixar claro meu apoio à ação do Estado, a Polícia e a reação da população, especialmente a mais pobre, que sempre foi a real vítima do tráfico.
Estávamos próximo ao posto 9, em um ponto conhecido como “coqueirão”, tradicional reduto de usuários de maconha e outras drogas. Por volta de 13h uma moça revoltada com o número de maconheiros, resolveu ligar para a polícia. Travou-se um bate boca e a moça acabou tomando um banho de areia. Praticamente todos ao nosso redor eram usuários e se manifestaram contrários a atitude da mulher. Ela só não foi agredida (embora tenha ouvido vários palavrões) porque uma família estava ao lado e a mãe se revoltou com a ação dos locais.
A polícia chegou e nada foi feito. Ninguém foi revistado e tanto a mulher quanto as duas ou três pessoas que a defenderam tiveram que sair, sob as vais da multidão. Ouvi uma moradora dizer: “que mulher maluca, onde ela pensa que está? Aqui todo mundo usa!”
Moro na zona sul e conheço várias daquelas pessoas. São todos jovens de classe média, moradores daquela região. Confesso que me senti humilhado em pensar que enquanto milhares de pessoas estão sitiados no Alemão, aquele grupo, patrocinador de toda essa loucura, curtia seu domingo de sol, como se nada estivesse acontecendo.
Saúdo mais uma vez o Governo e a polícia, mas me pergunto: como será tratada a questão do usuário? Pois, enquanto houver usuário, haverá o tráfico. Honestamente, não sei qual o tratamento deve ser dado a essa questão, não sou cientista político, advogado, nem antropólogo, mas não gostaria de ver novamente uma pessoa que chama a justiça, ser expulsa da praia por aqueles que a infringem.
Peço aos meios de comunicação que se manifestem e levem essa questão também para o debate.”
Da redação da Carta Capital
Era justamente isso que eu estava pensando. Onde iriam parar os usuários (e a maioria deles não é de pobres), o que farão para conseguir a droga (que estará bem mais cara no mercado - a lei da oferta e da procura). Eliminar um grande número de traficantes é uma coisa, livrar do vício os usuários é outra. E tem mais, esses traficantes presos alguns, e em fuga uns tantos outros são apenas uma ponta dessa grande rede do tráfico. Ainda não se chegou nos grandes, nos que andam de helicóptero, que moram em mansões... Temos umas quantas léguas para andar e parece: estamos à pé. Mas como lá dizem - de vagar se vai ao longe! Espero.
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