Nesta semana ocorreram ao mesmo tempo, na mesma cidade (Porto Alegre) e com temas que dialogam irremediavelmente, dois encontros opostos. O Fórum da Liberdade, organizado e participado pela nata da direita brasileira, e o Fórum da Igualdade, que nasceu este ano exatamente como contraponto ao primeiro, sendo organizado pela CUT-RS e pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS). Este post não pretende discutir a existência dos dois fóruns, mas posicionar o Jornalismo B nos debates travados em cada um deles: “Liberdade na era digital”, no FL, “Uma outra comunicação é necessária”, no FI.
Uma outra comunicação é absolutamente imprescindível, e passa necessariamente pela liberdade digital. Não essa liberdade defendida há 24 anos pelos participantes do Fórum da Liberdade, essa liberdade seletiva, que só torna livre as elites financeiras. Liberdade para todos, liberdade com igualdade. São setores da própria direita que, através do AI-5 digital do senador Eduardo Azeredo querem destruir a liberdade na internet. São setores dessa mesma direita que patrocina, apóia e cobre o Fórum da Liberdade que, através de processos recorrentes, tenta calar diversos blogueiros críticos ao status quo e às práticas levadas a cabo pela velha mídia. Exemplos não faltam. É preciso uma regulação da internet, mas sobre marcos democráticos. Essa regulação, além de coibir os excessos que sempre acabam acontecendo, impediria que qualquer juizeco determinasse, a seu bel prazer, medidas de censura, como tem ocorrido de forma constante.
Mas a necessidade de uma outra comunicação não passa apenas pela liberdade na internet. Passa também pela verdadeira liberdade em todas as formas de comunicação, que só pode ser alcançada através da democratização radical da mídia:
- Fiscalização independente e séria das leis já existentes para a comunicação;
- Regulamentação dos itens da Constituição que versam sobre comunicação;
- Fim das concessões de rádio e TV para políticos e seus apadrinhados;
- Revisão de todas as concessões de rádio e TV;
- Distribuição equitativa das verbas publicitárias;
- Descriminalização das rádios comunitárias e aceleração dos processos de legalização;
- Criação de mecanismos de controle social sobre o que é veiculado nas concessões públicas;
- Aprofundamento obrigatório da pluralização e diversificação social da programação das concessionárias;
- Proteção aos comunicadores acossados pelos grandes veículos de comunicação;
- Fim imediato da propriedade cruzada (disfarçada ou não).
- Regulamentação dos itens da Constituição que versam sobre comunicação;
- Fim das concessões de rádio e TV para políticos e seus apadrinhados;
- Revisão de todas as concessões de rádio e TV;
- Distribuição equitativa das verbas publicitárias;
- Descriminalização das rádios comunitárias e aceleração dos processos de legalização;
- Criação de mecanismos de controle social sobre o que é veiculado nas concessões públicas;
- Aprofundamento obrigatório da pluralização e diversificação social da programação das concessionárias;
- Proteção aos comunicadores acossados pelos grandes veículos de comunicação;
- Fim imediato da propriedade cruzada (disfarçada ou não).
Esses são apenas alguns dos itens necessários para construirmos a necessária “outra comunicação”. Esse caminho passa também por ações diretas dos próprios comunicadores, através da pressão sobre o governo para que este apóie e também construa essas mudanças, mas também através de um novo entendimento sobre o seu papel como jornalista. A mídia independente ainda precisa se qualificar muito, especialmente na internet. Precisa despartidarizar-se e entender que falar apenas para os próprios ouvidos adianta muito pouco. Precisa entender seu papel de agente social imprescindível para o avanço democrático e, a partir desse entendimento, reduzir, ao menos no exercício jornalístico, seu papel de agente partidário.
Mas essas são apenas decisões a serem tomadas. O grande desafio é o que tenta fugir ao nosso alcance: a produção de conteúdo desvinculada das pautas impostas pela grande mídia. Abordar pautas tradicionalmente ignoradas ou inverter a lógica do que é tratado costumeiramente é a mais pura subversão jornalística. Mas, com as dificuldades financeiras enfrentadas pela quase totalidade da mídia contra-hegemônica, a produção de conteúdo primário informativo torna-se complicada. O trabalho coletivo é, nesse sentido, uma alternativa interessante, mas ainda pouco amadurecida entre esses comunicadores, e, especialmente, entravado por vinculações partidárias. Se queremos outra comunicação, é preciso outra atitude. É preciso repensar esses caminhos e repensar prioridades
Texto do jornalista Alexandre Haubrich
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